O Natal da Fera [CONCLUÍDA]

|Capítulo 6

— Pai, podemos conversar no seu escritório? – Chris pergunta, logo depois de retornar do Wolves.

— Claro, filho. – O abraço de lado e seguimos então até o meu escritório, no andar de cima.

Sento-me na poltrona de couro preta e indico para que ele se sente no sofá também na mesma cor e modelo, logo a minha frente.

— Sobre o que quer conversar? Não vai me dizer que o Trevor fez alguma coisa?

— Não! Não, pai. Que ele é afim da Ellie até um cego pode ver, menos eles dois, mas o que quero falar com o senhor não tem nada a ver com a vida amorosa da minha irmã. – Ele respira fundo, fazendo uma breve pausa. — Conversei logo pela manhã com a Jolie, expliquei que não pretendo assumir um namoro agora, enquanto não tiver estabilizado em um trabalho, sair o resultado de aprovação para a universidade, no ano que vem, pois sei que quando eu começar a namorar, será com o intuito de me casar.

Coloco meus chinelos sobre a mesa de centro e cruzo as pernas, apoio meus braços, um de cada lado sobre o encosto da poltrona e o encaro.

— Fez o que era certo, meu menino. E o que ela disse?

— Ela disse que poderíamos ser amigos, enquanto eu não a peço em namoro. Disse que gosta de mim e que irá me esperar o tempo que for necessário para ficarmos juntos. - Ergue os olhos azuis como os da mãe, em minha direção, e consigo ver as dúvidas borbulhando neles. — É normal isso acontecer? É normal alguém esperar pelo outro, como ela disse estar disposta a esperar? Eu gosto dela, pai. Gosto muito, não quero que ela se decepcione comigo.

Volto a colocar os pés no chão e inclino meu corpo em sua direção, tomando suas maos por entre as minhas, em um conforto paterno.

— É absolutamente normal quando gostamos de alguém. Essa garota ganhou o meu respeito no exato momento em que lhe propôs uma amizade, ela respeitou o seu espaço, a sua decisão, por que entendeu que isso beneficiaria aos dois, começar pela amizade antes de entrar em um relacionamento não tem nada de errado, muito pelo contrário. Vai ajuda-los a crescer e amadurecer um pouco mais, antes de entrarem em um namoro.

O meu garoto respira aliviado, como se tivesse acabado de tirar um fardo dos seus ombros.

— Eu serei amigo dela, enquanto não posso ser o seu namorado, irei orar por ela, enquanto não tenho maturidade suficiente para ser o homem que ela precisa e merece, pai. – Chris se joga sobre o meu colo e eu o seguro, acariciando os seus cabelos loiros, acho que estou ficando mais velho do que estava pensando.

Os meus pequenos estão crescendo, e mesmo sendo ainda tão jovens, possuem um caráter tão moldado e forjado em Cristo que me orgulha saber que a minha rosa e eu estamos fazendo um bom trabalho.

Obrigado, meu Deus. Por nos ajudar nessa difícil tarefa de ensinar aos nossos filhos os seus caminhos, a sua palavra e falar do teu grandioso amor e cuidado para conosco.

(...)

— O que acha, baby? – Valen surge em meu campo de visão, trajando um vestido vermelho, decote quadrado, com mangas que lhe cobrem até os pulsos, um deles sendo adornado por uma pulseira dourada, fina e delicada, que lhe dei de presente de casamento, há alguns anos. Seus cabelos loiros estao soltos e lisos, mas é a sua já conhecida franja que dá o charme final, uma maquiagem simples, e o seu batom vermelho, que me enlouqueceu desde o primeiro dia que a vi cruzar os meus portões, para cuidar das minhas rosas.

— Tem certeza de que precisamos descer, minha rosa?

Ela sorri.

Perfeita.

— Meu amor, por favor.

— Quero o meu presente de natal antecipado. – Engatinho sobe a cama e vou até ela.

— O seu presente está aqui. – Aponta para ela mesma. — Mas só pode ser desembrulhado depois da meia noite, não se esqueça. – Ri e se afasta, me deixando cada vez mais ansioso para que essa meia noite chegue logo.

— Promessa é dívida, querida! – Falo mais alto, ouvindo suas risadas pelo corredor a fora.

(...)

Pouco antes das 22h descemos todos para a sala e lá permanecemos em meio a muitas risadas, conversas, lembranças, vídeos constrangedores dos meninos quando eram crianças, por que vida de pai e mãe é isso. Um dia somos nós que estamos sendo constrangidos, no outro somos nós quem constrangemos nossos filhos.

Ellie está roxa de vergonha, mas não deixa de rir quando fotos do irmão correndo pelado pela casa aparecem na tv. Também temos vídeos do Thom beijando as bonecas da Elena e chamando-as de namolada, e até o Trevor entra, quando pega a câmera e sai filmando Elena e Chris brigando, dizendo que irá mostrar para o tio Christian. Mas nunca mostrou.

Em algum momento da nossa sessão vergonha alheia, a campainha toca e Chris levanta-se ansioso para atender. Sendo que ele detesta abrir a porta.

Como não é costumeiro tal prodígio, todos nós olhamos para ver quem havia chegado.

Chris retorna com uma linda garota negra, de cabelos escuros e ondulados nas pontas, mais baixa que ele, me lembrando da minha rosa e eu, sua aparência de indefesa é uma das coisas que mais o devem ter atraído, como aconteceu comigo, o sentimento de querer pegar e cuidar é inevitável, a jovem está completamente envergonhada e não consegue erguer o olhar para nos encarar.

Valen vai até eles e segura a mão da garota. Seguida de Elena que parece entender de quem se trata a visita.

— Você deve ser a Jolie.

A garota olha rapidamente para a mulher à sua frente, com espanto.

— Como...

— O Chis falou muito bem sobre você, meu amor.

— Olá, Jolie. Me chamo Elena, mas pode me chamar de Ellie. Sou a irmã desse cabeça aqui. – Elena a envolve em um abraço, querendo acalmá-la.

— Mãe, pai, Ellie, família. Essa é a Jolie. Hoje ela é apenas a minha amiga, mas garanto a vocês que em um futuro não tão distante, ela será a minha namora e esposa. – Chris diz de forma convicta, deixando todos nós não só surpresos, mas emocionados diante de tamanha bravura e determinação.

Jolie o observa, com um ar apaixonado, deixando tudo ainda mais bonito de se ver.

— Agora vamos comer, por que eu estou com fome. – Elena quebra o clima, sabendo quão forte o irmão está tentando ser para poder falar e fazer tudo isso.

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Boa tarde, meus amores.

Sei que vocês estiveram esperando a conclusao do conto da nossa fera, mas estive de cama esses dias, ainda nao me sinto cem por cento, mas nao acho justo nao vir aqui dar uma explicaçao para voces.

Muito obrigada pela preocupaçao de cada um, pelas mensagens de carinho, espero nao demorar muito a me recuperar para retornar firme e forte por aqui novamente.

Muitos beijos de luz,

Ju. <3