15 - Criminoso?

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Maria

A sensação era horrível, Dária e eu saímos da sala de aula com os meninos, sem saber direito o que fazer.
Presenciamos de longe o PH sendo posto dentro de uma viatura de polícia, sendo levado como um criminoso.
Seria ele de fato um criminoso?
Por mais que ele fosse meu amigo, a dúvida insistia em invadir minha cabeça, acho que na de todos naquele momento.

O choro abafado de Dária no meu abraço, me causava uma aflição ainda maior, eu pus ela sentada em uma banco que fica no pátio do colégio, e trouxe água pra tentar acalmá-la.

—Fica calma Dária, eu já liguei pro meu tio que é advogado, ele vai tirar o PH de lá. —Vitor disse.

—Ei vocês, voltem para sala de aula. —O diretor ordenou.

—Sim senhor. —Dissemos juntos.

Voltamos todos, exceto Vitor que encontraria com o tio dele, para irem até a delegacia pra onde PH foi levado.

Imagina ter que voltar pra sala de aula depois de presenciar tudo aquilo?
O tempo parecia não passar nunca, e o que era pior, é não ter notícia nenhuma do que estava acontecendo.

Com isso, as perguntas vinham na nossa mente.
Estávamos nós quatro, (Davi, Cadu, João e eu) reunidos no pátio na hora do intervalo, esperando por um telefonema do Vitor nós dando alguma notícia.

—Eu já vi isso em série policial, Os policiais levaram o PH, porque provavelmente tem alguma prova contra ele, isso se chama Prisão preventiva. —Davi disse.

—Se existem provas, algo aconteceu naquele dia. —João disse—Quero dizer... Será que existe a possibilidade dele ter mentido pra nós naquele dia que o pai dele morreu?

—Eu acredito que não, Afinal,  o PH não costuma mentir, e também, Naquele dia, ele disse que foi procurar emprego, e ele realmente ganhou um emprego. —Eu disse.

—Ele pode não ter mentido, mas... Omitido.—Davi disse pensativo.—Ele pode não ter contado toda a história pra gente.

—Então... será que por um acaso, o PH esteve na casa do pai dele naquele dia e alguém o viu  e contou pra polícia? —Perguntou o Cadu.

—É provável, mas só teremos certeza do que aconteceu de verdade quando o Vitor ligar. —Davi disse.

Fizemos um silêncio, um tanto longo.
Deu tempo suficiente para Dária voltar do banheiro e se sentar conosco para esperar.
Ela estava arrasada, mas um pouco mais calma que antes.
Ficamos esperando por alguma notícia naquele silêncio, Até que finalmente, o meu celular tocou, era o Vitor.

Pus no viva-voz para que todos escutassem.

—Oi Vitor, alguma novidade? —pergunto.

—Tenho, mas já adianto que não são muito boas. —disse Vitor bom uma voz baixa e desanimada.

—Manda o papo, Vitinho. —disse João.

Ph provavelmente, vai passar a noite na delegacia. Meu tio disse que houve uma testemunha contra PH, que afirmou ter visto várias brigas entre ele e o pai dele antes do ocorrido, inclusive lutas físicas e violentas, relatou também que o PH é explosivo e age sem pensar, desde que era pequeno já brigou muitas vezes no bairro.
E o pior de tudo, há vídeos nas câmeras de segurança de um bar próximo, que mostra que o PH rondando a casa dos pais dele, vários dias seguidos antes do assassinato, e no dia do assassinato ele saiu de lá muito rápido e afobado, como se estivesse fugindo.
Meu tio disse que ele é o único suspeito por enquanto, e que as análises da perícia estão atrasadas, e que os policiais estão loucos para achar um culpado logo. —Vitor respirou fundo. Meu tio disse que ele vai ser julgado no fim da investigação, que está cada vez mais próximo, e se não houver provas que mostrem que ele é inocente... O PH vai ter que conhecer uma cela de prisão.

Ao dizer isso, Vitor instaurou um desespero em cada um de nós, tenho certeza que ele teve a mesma sensação.

Dária começou a chorar novamente.

E nós ficamos em silêncio, somente pensando.

O nosso amigo, o nosso melhor amigo está preso agora como um criminoso, e eu me recuso a acreditar que PH, o mesmo cara que nos proteje como família, que é respeitoso comigo e me trata como irmã, tenha matado alguém que é da sua família de sangue.
Me recuso a crer que o mesmo garoto que é durão por fora, mas morre de medo de palhaço, tenha me enganado esse tempo todo.
Não é possível que o mesmo menino que tem tanto amor pelos animais, que não consegue passar por um cachorrinho de rua sem dar carinho, tenha matado um homem a sangue frio.

—Já que a polícia não quer se esforçar pra achar o culpado de verdade, nós vamos achar por eles. —eu disse quebrando o silêncio. —Quem tá comigo?

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora