4 - Crush

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Maria

—Vitinho?—perguntei ainda sem acreditar.

—Sim. É o de camisa branca e boné azul. Ele é uma gracinha! —A garota apontou pro Vitor.

Ele é realmente uma gracinha, mas que direito você tem de dizer isso?
Eu conheço essa gracinha há anos, desde que ele não era tão gracinha assim.

Espera..
Cai na real Maria, você precisa esquecer o Vitor, ele é seu amigo.

A-m-i-g-o.

—Então.. pode me passar o número dele?—Ela perguntou.

—Eu preciso perguntar pra ele primeiro, tabom? É que o Vitor é mais reservado que o João e...

—Ah, tudo bem. Vai lá, eu te espero aqui.

Por fora eu sorria, mas por dentro eu gritava histericamente.
No fundo eu não queria mesmo passar o número do Vitor pra ela, mas eu precisava, talvez assim eu caísse na real de que: Maria+Vitor= Impossível.

Me virei e fui na direção dos garotos.

—Vitor, posso falar com você?

—Claro né Maria. O que ta pegando?

O que tá pegando eu não sei..
Mas sei quem quer te pegar.

—É que a "Paty", aluna nova lá da escola... Me procurou pra pedir o seu número de telefone. —eu disse.

—Eu ouvi bem?! Ela pediu o número do Vitor e não o meu?! —João perguntou com seu ego ferido.—O que tem de errado com essa garota?!

—Ela quer o meu número? —Vitor deu uma risada.—Tem certeza que ela não quer mesmo o do João?

—Por acaso ela disse que tem algo de errado comigo, Maria?! —João perguntou.—Eu sabia que não deveria ter tirado meu bigodinho, eu perdi meu charme!

Vitor ria, e eu estava muito séria.

—Ela quer mesmo o seu número, Vitor.—eu disse.

—Ah, se é assim, pode passar pra ela então. —ele disse naturalmente.

Ouvir isso foi o mesmo que um soco no meio da cara pra mim.
Mas eu precisava, quem sabe assim eu não caio na real.
Tava na cara que ele tava feliz com isso, estava sorrindo a toa.

Voltei lá e dei o número dele pra Paty que ficou super feliz também.

Ótimo. Eles estavam felizes, mas eu estava a uma pilha de nervos.

Depois dali, nós seis fomos pra praça, andar de skate na pista.
Nem mesmo o skate conseguiu me deixar de boa.

Eu fiquei o tempo todo olhando o Vitor colado naquele celular e isso me dava muita raiva, porque certamente ele tava conversando com a "paty".

—Maria, que cara é essa? —Cadu perguntou.

—A única que eu tenho.

—Nossa.. tá de TPM é?

—Não, só sem paciência pra pergunta idiota.

—Galera, vocês acham que eu fico melhor com bigodinho ou sem bigodinho?—João perguntou enquanto nos mostrava fotos dele de quando ele tinha um projeto de bigode crescendo que estava ridículo.

João é do tipo que não aceita ser rejeitado.
Ele não estava acreditando que a Paty preferiu o Vitor do que ele.

—Seu bigodinho parecia uma sujeira. —respondi.

—Sério? Então se eu tô melhor agora, por que aquela gata preferiu o magricela do Vitor a todo esse músculo?! Olha isso Maria, se tu fosse mulher você me pegaria?—João disse na cara de pau.

Fiquei olhando bem séria pra cara do João.
Como assim ele não acha que eu sou mulher?!

—Acha que sou homem, João?—perguntei.

—Eu não quiz dizer que você é homem, eu formulei mal a minha pergunta...

—Só falta você achar que eu sou lésbica também.

—Não.. quer dizer, não sei. Você é? Olha.. eu não quis dizer que você é homem, eu perguntei no sentido de que  se por acaso não fossemos amigos, e tal. Porque sabe que essa de amigos namorarem estraga amizade né?

Os outros meninos observavam atentos nossa conversa, Inclusive o Vitor.

E a última frase do João foi a que mais mecheu comigo, sobre estragar a amizade.

—Sei. —me recompus —E não, eu não sou lésbica, pessoal. —eu disse.

—Por que não fala sobre seus "crush" pra gente, Maria? —Cadu perguntou.

—Porque vocês são garotos bobões.

E também porque o único menino que eu me interesso, nunca olharia pra mim.

—Ah, não somos tão bobões, vai! —Cadu disse.

—Se um dia a Maria arranjar um namorado, vai ter que passar pela minha aprovação primeiro. —PH disse.

Revirei os olhos.

—Agora os idiotas vão ficar falando da minha vida? péssima idéia tocar nesse assunto. —eu disse.

—Então por acaso a pergunta que a senhorita me fez esses dias... —Davi estava relembrando a pergunta sobre a paixão, mas parou imediatamente quando eu dei um soco na costela dele.

—Cala essa boca, Davi. —eu disse entre os dentes.

—Uiuiui.. Maria tá gostando de algum cara? Conta pra nós. —Cadu fez cócegas em mim.

—Para com isso, Cadu! —empurrei ele.

—Ele é do bairro? Anda de skate? —Cadu perguntou.

—Ele anda de skate sim, e é muito bom nisso. —eu disse e sem querer olhei por um segundo o Vitor, que também olhava na minha direção.

—Chama ele pra dar uma volta com a gente qualquer dia. Quero conhecê-lo.—Vitor disse.

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora