12 - Mentira

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Maria

No dia seguinte...

—Eu nem sei mais porque eu aceitei isso. —eu disse minutos antes do meu "encontro" que Dária preparou.

—Porque você ama o Vitor! Confia em mim, vai dar certo.

—Se você diz...

Dária teve uma ideia um tanto que estranha, mas talvez dê certo, quer dizer...eu espero que dê certo.

Segundo ela, o Vitor precisa sentir ciúmes de mim, Então, a partir de agora eu tenho que criar uma certa "amizade" com o tal Júlio, que a Dária disse que queria muito me conhecer, e o mais importante, fazer com que o Vitor pense que isso é mais do que amizade.

Iríamos nos encontrar perto da escola mesmo, Dária disse que escolheu o menino mais legal dentre as opções.
Ela não me mostrou foto nenhuma do Júlio, porque disse que seria uma surpresa.

E de fato, quando vi quem era o Júlio, essa era a melhor palavra pra definir o que senti.

Surpresa.

O garoto era muito gato.

Dária trouxe ele até a mim.

—Júlio, conheça a Maria. —Dária disse com um sorriso largo. —E Maria, conheça o Júlio.

—É um prazer te conhecer, Maria. —Júlio disse e depois sorriu.

—É um prazer te conhecer também. —eu disse e em seguida lancei um olhar pra Dária como se eu perguntasse onde raios ela tinha encontrado esse menino.

—Vou deixar vocês a sós para conversarem. Até mais tarde, Maria! —Dária disse com um sorriso malicioso e foi embora.

Pânico.

Eu não tinha ideia do que conversar com aquele ser humano bonito que estava bem na minha frente.

Geralmente eu converso muito com os meninos, mas agora é diferente, eu não conseguia pensar em nada, na real quando estou com meus amigos eu não preciso ficar pensando no que dizer.

Mas mesmo assim, uma conversa fluiu, o Júlio conseguia conversar bem e sobre vários assuntos.
E com o tempo, a sensação estranha foi passando e eu até consegui rir de uma piada que ele contou.

Foi bem divertido.

Mas na minha cabeça eu só pensava se iria dar certo mesmo.
Quando olhei de relance para o outro lado da rua, avistei os meus amigos e a Dária nos observando atentamente, Mas meus olhos só se concentraram no Vitor.

Me pergunto no que ele estaria pensando.

Dária deu um jeito de fazer com que o Vitor me visse com o Júlio, nunca mais duvido das habilidades dela.

Foi um pouco constrangedor eles olhando pra gente, mas Júlio pareceu não se importar, até me convidou pra sair com ele.

Imaginei Dária gritando comigo para que eu aceitasse logo.

Mas por mais que ele fosse lindo, e bom de papo, eu só queria sair com uma pessoa, e nesse momento ele estava há alguns metros de distância me observando. O Vitor.

—A gente pode marcar. —eu disse, só pra não dizer que não queria.

—Ótimo, me passa o seu número. —Júlio disse e eu acenti com a cabeça.

Passei o meu número.

Júlio precisava ir embora, eu estava no horário de intervalo no colégio, e ele no horário de intervalo do trabalho.

Nos despedimos, e ele me deu um beijo na bochecha antes de subir na sua moto e ir embora.

O sorriso da Dária ia de orelha a orelha.

Quando me aproximei deles, tentei parecer o mais natural possível.

—Quem era o cara, Maria? —Davi foi o primeiro a perguntar.

—Eu conheço ele, é o motoboy de onde eu trabalho. —Ph disse sério. —Ta interessada nesse cara?

—Uiuiui Maria tá pegando o motoboy?! —Cadu disse.

—Aí Maria, depois pergunta pro seu namorado onde que ele comprou aquele tênis? É maneiro. —João disse.

—É só um cara. Não é meu namorado. —eu disse.

—Por acaso é o "Crush" que você disse que tinha, que sabia andar de skate e morava longe daqui? —Vitor finalmente perguntou.

Meu coração acelerou.
Será esse um sinal de ciúmes?
Será que o plano maluco da Dária deu Certo?

Paralisei.

Mas aí a Dária percebendo meu desespero, respondeu por mim.

—Claro que é Vitor, Qual o problema? —Dária perguntou.

—Nenhum... É só que... A Maria disse que ele morava longe. —ele disse olhando pra mim sério.

—E-eu.. —tentei falar, mas Dária me cortou.

—Ela disse isso porque vocês poderiam estragar tudo, com piadinhas, ou então assustar o menino, Vamos combinar, Vocês claramente fariam isso.

Dária pensou rápido.

Mas Vitor não parecia nem um pouco convencido.

—Chama ele pra vir no nosso treino no Sábado, Maria. Quero ver se ele é bom no skate como você disse. —Vitor disse.

Droga.

O Júlio me disse que nunca subiu em um skate!

Eu queria confessar tudo agora e parar com essa história.

Mas aí a Dária interveio.

—Ela já chamou, não é Mah? —Dária olhou nos meus olhos.

—Ch-Chamei. —eu disse.

—Ótimo. —Vitor sorriu de lado.

Eu conheço bem esse sorriso

Ele está sendo irônico.

E eu, estava ferrada.

Eu tinha apenas 2 dias pra ensinar o Júlio a andar de Skate ou ser pega na mentira.

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MARIA MACHO - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora