𝐓𝐄𝐍 𝐂𝐇𝐑𝐈𝐒𝐓𝐌𝐀𝐒 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒 • 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓.

008 > 𝗣𝗥𝗔𝗚𝗔.

NATAL EM PRAGA.
sinamorzinho

"Para todos aqueles que acreditam no melhor das pessoas e tem esperança de um dia viver em um mundo melhor. Vocês são os super-heróis da atualidade."

24 de dezembro
Véspera do Natal

SABE AQUELE MOMENTO em que você olha para o seu escuro da noite, tentando enxergar as estrelas mas falhando por causa da luminosidade artificial dos prédios, e percebe o quão vasto o mundo realmente é? As vezes acredito que contemplar a existência é um dom.

Tenho sorte de atualmente viver em Praga, uma cidade onde o céu noturno é límpido, o que me proporciona momentos épicos para vislumbrar. Diferente de Berlim, onde costumava viver, com toda as luzes artificiais ofuscando as luzes fosforescentes das estrelas.

A famosa cidade de Praga é conhecida por suas robustas construções medievais, que esbanjam cultura e formosura. Em todos os cantos que olho existe algo belo para se olhar e admirar, com uma carga histórica pesada demais para carregar sobre meus ombros. Suas construções são grandes e sólidas com paredes grossas, poucas aberturas e janelas, pintadas em tons entre o bronze e você cobre.

As edificações são pontiagudas, imitando a arquitetura barroca presente na Europa no século XVI, com detalhes realistas capazes de mexer com o emocional do observador.

É o lugar mais belo o qual já pisei.

Durante o Natal, a cidade se ilumina com pisca-piscas e sorrisos de turistas. É difícil de ver as estrelas durante o Natal, mas contento-me com as esbeltas árvores montadas em cada esquina. A energia natalina é algo surreal demais para eu poder acreditar.

A cidade durante o Natal enche-se de turistas contentes, andando de um lado para o outro tentando absorver o máximo de cultura que Praga tem à oferecer. Tirando fotos para eternizar as memórias criadas na cidade onde tudo é admirável.

Cada canto dessa cidade parece morfina para os olhos. Vicia a visão e nos faz nunca mais querer parar de olhar para as construções. É uma beleza tangível. 

Eu estou, nesse exato momento, sentada em um dos bancos da Praça da Cidade Velha, conheço esta praça como se ela coubesse na palma da minha mão. Venho aqui incontáveis vezes durante a semana. Geralmente carrego comigo em uma mão alguma obra de Oscar Wilde — meu escritor favorito — e na outra um copo fumegante de chá com leite. As vezes venho de mãos abandando mas com olhos atentos para observar o que acontece ao redor.

Sei que posso soar como uma idiota pessimista ao compartilhar-vos tais pensamentos, mas não consigo deixar de ficar intrigada com a plenitude constante de todos ao meu redor. Veja bem, cresci em um lar com minha mãe tendo crises epiléticas constantes, sempre espero que algo ruim vai acontecer. Algo que vá me fazer tremer igual minha mãe tremia ao ter uma crise. Mas... nada acontece comigo. Nem com ninguém ao meu redor.

"Atrás de tudo que era belo no mundo sempre existia alguma coisa trágica." — Foi o que Oscar Wilde disse na sua famosa obra "O Retrato de Dorian Gray" e não consigo não comparar tais palavras com a cidade na qual vivo. Mas nada posso fazer além de tentar observar esse copo meio vazio.

Sinto uma brisa frígida bater contra a ponta do meu nariz, tirando-me dos meus pensamentos contigentes e voltando ao meu estado inquieto no qual encontrava-me.