006 > 𝗦𝗔𝗡𝗧𝗜𝗔𝗚𝗢.

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NATAL EM SANTIAGO.
neptuneurrea

Sina.

O PERÍODO DE DEZEMBRO costumava ser ótimo para a cidade em que vivo desde que nasci. Se eu contasse quantas vezes já passei as festas de Natal e Ano Novo sem ser rodeada de neve, esportistas estrangeiros, chocolate quente e abraços calorosos do meu pai, a resposta iria ser zero.

Todos os anos acontecia o campeonato de esqui, o que trazia gente de todo tipo para Santiago e fazia o turismo bombar, deixando o governo feliz. Barulho de pessoas juntas me deixava animada, e era justamente por isso que um grande sorriso habitava em meu rosto nesse momento, pois a cafeteria dos Deinert estava cheia mais uma vez.

Nossa cafeteria era uma das mais famosas da região por servir o melhor chocolate quente acompanhado de biscoitinhos amanteigados, sendo o último receita da minha avó materna, que passou para mamãe e que essa passou para mim alguns anos antes de morrer. 

Eu nunca fiquei muito deprimida com a morte da minha mãe, por mais que às vezes ficasse triste e com muitas saudades dela. Ela me ensinou a aproveitar a vida enquanto eu ainda tinha tempo e que curtisse cada momento possível com o meu pai, por isso que muitas vezes me privava de sair com os meus amigos por receio de deixá-lo sozinho cuidando da cafeteria, apesar de ter vários funcionários à disposição para ajudar no que fosse preciso.

Fui despertada dos meus pensamentos quando ouvi o sininho da cozinha que indicava mais um pedido pronto e corri para pegá-lo.

— Esses estão com a cara ótima, Lily. — Falei para a cozinheira chefe do dia, me referindo aos biscoitinhos enfeitados com mini árvores de Natal e bonecos de neve.

Peguei as duas bandejas e as equilibrei nas mãos, andando até a mesa sete. Cerca de oito homens estavam sentados, conversando entre si e dando muitas risadas.

— Com licença... — Disse e eles voltaram a atenção para mim. Assim que terminei de colocar as bandejas na mesa, dei um sorriso leve e olhei para os homens. — Vão querer mais alguma coisa?

— Na verdade, sim... — Um deles, provavelmente o mais novo de todos começou a falar e esperei atentamente o seu próximo pedido. — A garçonete está no cardápio? Porque se estiver, eu vou querer.

Quando ele terminou de falar, todos eles riram e eu revirei os olhos antes de lançar um olhar de repulsa para todos ali. Não estava acreditando que em pleno século XXI ainda existia esse tipo de homem.

— Não, a garçonete não está, e mesmo se estivesse, não iria ser para vocês, e sim para mim, pois ela é a minha namorada. — A voz que eu ouvi me fez olhar imediatamente para trás e dar de cara com as íris azuis e intensas do meu melhor amigo.

— Josh! — Andei até ele e o abracei. — Obrigada, amigo. — Dei um beijinho em sua bochecha.

— Não foi nada, Si. Olha, preciso da sua ajuda lá no hotel, pode ir comigo?

— Claro, vou só falar com o meu pai. — Respondi e caminhei em direção ao balcão da cafeteria, onde o homem de meia idade que tinha me ensinado praticamente tudo estava sentado.

Sebastian Deinert estava entretido em seus muitos papéis e não me ouviu chamá-lo de primeira, por isso tive que falar um pouco mais alto para finalmente atrair sua atenção.

𝐓𝐄𝐍 𝐂𝐇𝐑𝐈𝐒𝐓𝐌𝐀𝐒 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒 • 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓.Onde histórias criam vida. Descubra agora