009 > 𝗕𝗘𝗥𝗟𝗜𝗠.

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NATAL EM BERLIM
strangedramatic

Sina

Natal é, sem dúvidas, o melhor feriado. Amo me reunir com minha família e amigos, distribuir presentes e comer as maravilhas que minha mãe faz para a ceia. Porém 2018 foi diferente.

Meus parentes que residem em Baden-Württemberg, onde morávamos antigamente, infelizmente não puderam vir para Berlim. Vendo minha tristeza, Lamar e Sabina decidiram me levar para um passeio. Potsdamer Platz, uma das muitas feiras que tem durante essas festividades, era o local escolhido para passarmos a noite do dia 25.

Às 19h já estava pronta e devorava alguns biscoitos. Sentada ao lado do meu pai, assistimos um filme de ação. Logo minha mãe se juntou a nós e se aconchegou em seu marido. Sorri diante daquela cena.

Não demorou muito para a campainha tocar. Enfiei um pedaço enorme na boca e ainda mastigando abri a porta. Uma lufada de ar frio entrou e a figura de Sabina apareceu no meu campo de visão.

— Cadê ele? - Estiquei o pescoço para ver se Lamar estava mais atrás.

— Disse que vai nos encontrar lá. - Um vapor escapou de sua boca enquanto falava. — Vamos?

Fiz um sinal com a mão para que me esperasse e fui até o braço do sofá buscar o meu gorro e as luvas. Antes de ir, mandei um beijo no ar para os meus pais e recebi deles um "se cuida” em resposta.

Confesso que não estava tão animada, mas fiquei feliz por estarem tentando me alegrar. Conforme entrávamos na rua principal, Sabina comentava sobre seu terrível encontro com um cara do Tinder e quando parou no sinal vermelho resolveu encenar.

Nesse momento minha visão se prendeu na calçada onde um casal andava de mãos dadas e sorriam um pro outro. A tristeza tomou conta e mesmo tentando evitar a todo custo, ele invadiu meus pensamentos pela primeira vez no dia.

Como queria que estivesse conosco. Sentia falta de acariciar os fios loiros escuros, de ficar admirando seus olhos cor de mel, de sentir o friozinho no estômago sempre que exibia seu sorriso...

— SINA!

Seu grito repentino me fez dar um pulinho no assento e levar a mão ao peito com o susto. A morena me encarava com uma expressão irritada.

— Desculpe, eu estava…

Deixo a frase morrer mas nem precisava terminar a frase pois já estava claro. Ela assentiu com tristeza no olhar.

— Pensando no Oliver.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o sinal ficou verde e o carro voltou a andar.

— Amiga… - Começou cautelosa. — Você já pensou na possibilidade de conhecer outra pessoa?

— Sabina… - Digo em um tom cansado.

— Eu sei que nem completou um ano, mas não gosto de te ver dessa forma.

— Nunca vou amar outra pessoa como amei ele.

— Entendo. - Mordeu o lábio inferior. — Mas você precisa seguir em frente.

Respirei fundo buscando me acalmar. Entendia seu ponto, mas ainda era difícil para mim.

𝐓𝐄𝐍 𝐂𝐇𝐑𝐈𝐒𝐓𝐌𝐀𝐒 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒 • 𝐍𝐎𝐀𝐑𝐓.Onde histórias criam vida. Descubra agora