After Party

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"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe".

William Shakespeare


Eu acreditava que nenhuma frase de Shakespeare caberia tão perfeitamente na minha vida até ler aquela citação de um livro que eu lia jogada na cama do meu quarto, naquele fim de tarde de domingo. Oh! Querido William Shakespeare por que raios você tinha que está tão certo sobre essas coisas? Já não bastar ter que aturar meus pensamentos e agora vem você com essa maldita frase.

Enfiei meu rosto na página e fechei meus olhos por alguns segundos aproveitando a batida melódica da música nos meus fones antes de continuar, sendo bombardeada mais uma vez com o rumo que história tomava, quase acreditei que fosse obra do destino quando alguns parágrafos abaixo a protagonista simplesmente pedira ao seu par romântico para fazer amor com ela naquele último dia de primavera. Não! Não era possível tamanha coincidência. 

Sem mais forças, deixei o livro cair na cama enquanto eu virava para encarar o teto e pousava minhas mãos cruzadas sobre a barriga. O som do jogo de futebol americano soava da televisão da sala onde meu pai estava sentado com a típica cerveja nas mãos, minha mãe ao lado dele mexendo no tablet, lendo a pauta da reunião com a equipe de marketing que ela e o seu marido teriam no início da segunda (ela era meio que a "secretária" dele então participava dessas coisas). Repassei o que acontecera naquelas últimas 24 horas pela vigésima vez apenas naquela uma hora, aquilo era praticamente a minha carta de morte assinada, carimbada, selada e com data de validade, que terminaria na sexta, mas que seria comemorada no sábado. 

Lembranças daquela manhã viam agora para a minha cabeça, o silêncio ensurdecedor no carro a caminho de casa, a tensão estranha e sexual entre nós, o calor do inferno que senti quando nos tocamos ao lhe devolver o casaco, aquela escuridão pecaminosa nos olhos dele e a batida desordenada do meu coração no meu peito. Céus! Isso teria que parar quanto antes.

Eu não sabia de pulava de alegria ou se me remoía de nervoso, dormir com Jeon era o que ocupava minha cabeça nesses dias turbulentos e que finalmente conseguira o convencer de fazer isso, mesmo que não tenha sido tão difícil com imaginava. Mas, então porque eu estava com dúvidas? Era apenas sexo no final das contas, nenhum monstro de sete cabeças, algo trivial e sem significado que quando entrava na rodinha de conversas era tratado com tanta indiferença quanto contas de matemática. Pelos relatos compartilhados, a primeira vez era sempre a pior de todas, onde tudo dava errado e o que você sonha em ser a noite dos seus sonhos se torna um pesadelo completo que quando acaba você apenas torce para esquecer. 

Cada um tinha uma dica sobre o que fazer para tonar aquela situação menos ruim, sendo a principal, não crie altas expectativas porque no final você vai pensar "Foi só isso?! Sério?". Não que eu estivesse criando, mas pelo amor, eu vou para cama com um cara experiente e não um adolescente cheio de hormônios. 

Eu grunhi jogando minhas mãos na minha cara, controlando o surto antes mesmo dele vir, felizmente, meus pais não perceberam minha guerra interna já que estavam ocupados demais se certificando de que estava tudo em ordem e que os remédios estavam em dia antes de começar a me contar sobre a noite deles. Tive que interromper umas quinhentas vezes, pois os detalhes eram demais para absorver, no entanto, a felicidade genuína nos olhares deles alegrou-me de diversas formas. É bom que eles saiam juntos e se divirtam ao invés de brigar. Por fim, cansei de me torturar pensando nessas coisas e ligando a televisão do quarto, coloquei numa séria qualquer dos meus recomendados da Netflix onde eu passei o resto da tarde e o início da noite.

Consequências de um Desafio | JK+18Onde histórias criam vida. Descubra agora