Anjo

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Foi a primeira vez que ele me chamou por aquele nome e por algum motivo eu sentia que não seria a última vez... 

Me agarrei contra ele ainda mais, afundando minha cabeça contra seu peito molhado enquanto sua voz calma e baixa me dizia estar tudo bem. O carinho suave no topo das minhas cabeça e o aperto dos seus braços envoltos ao meu corpo trêmulo de frio e medo pareciam o lugar certo para se estar, fechando meus olhos, senti os rastros quentes das lágrimas sumirem com a chuva sobre nós e aos poucos meu coração que segundos antes saltava forte no peito copiava o ritmo lento do homem que eu segurava com toda minha força.

— Me desculpa, eu não queria te assustar. Jungkook tocou no meu rosto o forçando a deixar seu peito para vê-lo por entre os pingos de chuva que despencavam do céu. — Eu te chamei várias vezes, mas você não me escutava. Seus olhos focaram nos meus me permitindo ver o quão preocupados estavam, a chuva passava a não ser um problema e uma bolha havia se fechado entre nós naquela hora. Tudo parou e eu só estava viajando entre o misto de emoções na qual acabara de passar e nas quais eu sentia em seus braços. — Se aquele carro tivesse te acertado... 

A voz de Jungkook se perdeu no vazio e mais uma vez me vi perdida no limbo de sensações que apenas ele me fazia sentir enquanto nossos olhares permaneciam vidrados um no outro sem vacilar, uma segurança súbita me invadiu e de repente todas as funções básicas do meu sistema pararam por meio segundo. Ele estava ali, me segurando como se sua vida dependesse disso, com uma preocupação pura nos olhos. 

— Jungkook. 

Suspirei seu nome devagar para ter certeza que aquilo era real. 

— Anjo. 

Aquele apelido de novo, aquele doce e questionador apelido. 

Levei minhas mãos ao seu rosto, tirando a franja molhada da frente e tocando cada parte calmamente, deixando meus sentimentos agirem por conta própria novamente, aproximei nossas bocas roçando-as numa distância quase inexistente, fazendo nossas respirações se misturarem e sentindo a eletricidade que elas causavam passando pelas minhas veias, me deixando viva. Fechei meus olhos quando minha boca se encontrou com a dele, num selar leve e paciente, sentindo nossos lábios se afastarem bem devagar logo depois. Ele trouxe suas mãos para o meu rosto o tocando delicadamente com seus dedos tal como se fosse uma peça frágil de vidro, a descarga elétrica percorreu meu corpo e eu senti que ia entrar em combustão a qualquer momento mesmo com a chuva caindo acima de nós. Um novo beijo, complemente diferente dos outros, gentil, lento e sem quaisquer segundas intenções, nossas línguas se enrolavam lentamente, sem briga por controle, aproveitando cada toque como se fosse o último de nossas vidas. Como se aquela sensação se fosse ser esquecida assim que nos afastássemos.  

As gotas frias percorriam nossas faces e se metiam por entre nossos lábios, molhando nossas roupas e cabelos, nos deixando vulneráveis, permitindo sentir cada parte do corpo um do outro sem as limitações que as roupas proporcionavam. Sentir o quão humanos éramos. Sentir a eletricidade e o calor da pele e desejar que aquele momento durasse pela eternidade. 

O frio se tornava quente...
Os minutos se tornavam horas...
As sensações multiplicadas por mil...

Quando nos separamos, encostei minha testa na dele com meus olhos fechados, aproveitando o silêncio confortável para pôr meus pensamentos em ordem e aproveitar a aproximação íntima na qual estávamos e a segurança que ela me causava por mais tempo antes de partir e voltar para o mundo real.

Não sei bem por quando tempo ficamos abraçados sob a chuva, mas quando voltei ao meu normal já estava no carro de Jungkook e com o mesmo tirando sua jaqueta e a jogando no banco de trás, sentada ao seu lado encharcando o banco de couro chique e ainda tentando conectar o sentindo da vida com a minha existência, finalmente falei uma frase coerente.

Consequências de um Desafio | JK+18Onde histórias criam vida. Descubra agora