Pretty Savage

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"Está na palma da sua mão agora, querido
É sim ou não, sem talvez
Então tenha certeza antes de
Se entregar para mim..."

[Dark Horse  Katy Perry]


Dia da semana: Quinta-Feira.
Horário: 18:55.
Local: Estacionamento do Parque.

Um certo carro numa vaga distante era quase invisível aos olhos de quem ali passava, a escuridão da sua cor ajudava em deixá-lo camuflado na penumbra. Os vidros unilaterais escondiam as pessoas dentro do automóvel de luxo do resto do mundo enquanto quebravam um acordo feito três dias antes, naquele momento nenhum ousaria parar aquela loucura tão necessitada. No fundo, ambos sabiam que aquele plano não iria ir tão longe dado o quão angustiante era aquela tensão que só eles sentiam apenas ao se encararem e por mais que aquele pisca alerta brilhasse em suas cabeças os lembrassem de quem eles eram, não era o suficiente para trazer o senso de volta tão facilmente.

E como eu tinha certeza disso? Bem, eu era uma das pessoas dentro do Aston. Experimentando o lado negro da força de uma maneira tão obscura que nem mesmo eu meus sonhos mais perversos sonharia em ter coragem de fazer, mas eu não posso dizer a mesma coisa daquela outra persona. Ela era o motivo, aliás, de estar sentada no colo de um certo cara numa situação de tamanha perversidade, que eu não preciso e nem tenho palavras sutis de descrever.

Digamos que essa situação não passou pela minha cabeça quando criei meu plano naquela manhã de quarta, como eu iria saber que no final da aula eu acabaria transando com Jeon no carro dele?

Ok, isso está confuso até para mim. Vamos voltar desde do início

•••

Segunda, quarta aula. História.

Eu olhava para o quadro cheio de textos sobre a Segunda Guerra Mundial sem conseguir conectar nenhuma das palavras, a voz de Vincent parecia estar debaixo d'água quanto mais eu olhava perdidamente para a lousa branca rabiscada. Pelo canto da vista eu via as pessoas voltando para a sala depois da aula de educação física, vários pares de sapato caminhando pelo corredor com suas vozes abafadas falando coisas sem contexto. O tempo começava a ficar menor enquanto os ponteiros do relógio brincavam com a minha ansiedade mostrando o quão próximo à última aula se aproximava.

Felizmente, a atriz que habitava em mim era ótima em fingir estar bem. Com um sorriso caloroso e uma mudança rápida de assunto todos os questionamentos eram jogados ao ar para nunca mais aparecerem. A maquiagem um pouco mais caprichada propositalmente escondia as marcas de cansaço e um pouco da ansiedade que pulava no meu estômago. A cena no estacionamento passava pela minha cabeça, a maneira como ele me olhava, em como o mundo parou quando estávamos perto, aquela vontade de me agarrar a ele com toda minha força e nunca mais soltar, tudo estava num canto específico na minha cabeça que eu relembrava numa tortura incontrolável.

Certo _______, vamos nos acalmar. Temos que esquecer essa história por mais que todo o resto do seu corpo não queira. O acordo era uma noite, então não vamos passar disso. Pelo bem de nós dois e da minha saúde mental.

Uma alta, quase ensurdecedora, sirene ressoou pelos corredores. E como se eu saísse de um transe, voltei a mim, piscando rapidamente e derrubando a caneta que eu percebia agora que segurava entre os dedos. 

— Dormiu foi? Anne me cutucou quando me abaixei para pegar aquele pequeno objeto. — Tem certeza que você está bem? Nunca te vi tão perdida.

Por mais que eu odiasse admitir esse estilo de estar em outro mundo não era do meu normal. Digamos que por mais que minhas notas não fossem exatamente as melhores da turma, eu era praticamente a aluna exemplar da classe, sempre prestando atenção nas aulas (mesmo que eu não entendesse nada sobre as matérias), não arrumando confusão e sendo responsável e extremamente cordial com todos, tirando meus amigos obviamente. De fato, minha querida Anne, eu nunca estive tão perdida como eu estou agora. 

Consequências de um Desafio | JK+18Onde histórias criam vida. Descubra agora