Capítulo 2

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Hinata:


O ser humano funciona de maneiras estranhas. Para evitar futuras decepções, aviso desde já que essa não é nenhuma grande filosofia sobre a vida. A situação de fato, era um tanto quanto banal.

A questão se dizia a respeito da nossa disposição. Por exemplo, quando nos é falado para fazer algo que já iríamos fazer e nos tornamos desanimados por pura teimosia.

Nessa manhã em particular, eu havia acordado com os raios de luz batendo no meu rosto. Tudo parecia perfeitamente calmo, as ruas estavam silenciosas e até alguns pássaros se juntaram em um canto feliz. Minha mente absorvia o ambiente a minha volta, como se em uma reverência serena.

E então meu despertador tocou.

O barulho irritante e ensurdecedor que saía daquele pequeno aparelho, que eu tinha a audácia de me referir como celular, fez com que a minha cabeça latejasse. Sair da cama, que era algo que eu tinha toda a intenção de fazer segundos antes, se tornou uma perspectiva dolorosa.

Agora você entende o dilema.

Eu forço meus músculos a se moverem o suficiente para, pelo menos, chegar a uma posição que se assemelhava a sentar. A única coisa que me impedia de me afundar naqueles confortáveis lençóis novamente era o compromisso que eu havia feito, no qual eu já estava me arrependendo.

Depois do que pareceram séculos, eu sou capaz de caminhar até o meu armário, onde eu pego o meu uniforme. Tentando parecer pelo menos apresentável, eu vou até o banheiro e lavo o meu rosto marcado pelo sono e cansaço.

Meus longos cabelos escuros estavam assustadoramente enrolados, e eu reflito novamente sobre a possibilidade de cortá-los. Afinal, toda garota tem seus limites.

Não exatamente satisfeita, mas também não totalmente horrorizada com a minha aparência, eu chego à pequena cozinha do apartamento.

Vendo que eu me encontrava sozinha, eu chego à conclusão que meu pai e minha irmã já haviam saído. Isso não me surpreende, já que estou familiarizada com obsessão que a minha irmã tem por horários.

Agarrando uma maçã da geladeira, eu saio pela porta e checo duas vezes se a tranquei corretamente. Após me sentir satisfeita com os meus testes, parto em direção ao colégio.

É uma caminhada rápida e tranquila. Eu só apresso o meu passo ao perceber que eu poderia me atrasar e acabar perdendo uma parte tão essencial das voltas às aulas.

Paro em frente àquela grande estrutura, recuperando o meu fôlego. Apesar de antiga, a escola havia recebido reformas que não a permitiam passar como ultrapassada. A faixada criava um contraste entre o novo e velho, ainda mais marcante com a presença dos alunos.

Eu olho em torno da multidão em busca de um rosto em particular, mas sou decepcionada. Sentando na escadaria que levava a enormes portas duplas, eu espero pela minha amiga.

E espero.

E espero.

E espero.

Eu definitivamente ia matar ela.

Depois de todos já terem entrado, eu permanecia no mesmo lugar. Quando eu estava prestes a partir em sua busca eu mesma, eu vejo uma figura familiar vindo em minha direção.

E ela cai.

Esquecendo todo o ressentimento, eu me dobro no chão de tanto rir. Não importa que nós provavelmente tenhamos perdido a primeira aula, tudo tinha valido a pena por aquela cena.

Conseguindo finalmente se levantar, ela continua seu caminho com determinação. Sakura era um caso perdido.

Seus cabelos rosas estavam milagrosamente intactos e ela limpava sua saia com a intenção de recuperar o resto de dignidade que lhe restava.

Eu caio na gargalhada novamente.



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