Capítulo 4

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Hinata:


Depois que o menino vai embora, Sakura finalmente tem a decência de se lembrar de mim e anda em direção à porta.

Francamente, era tão difícil ajudar uma amiga em necessidade?

− Acho melhor você não falar nada sobre isso − Ela diz, me lançando um olhar que eu tenho certeza que ela considera assustador.

− Mas por que eu faria isso, quando foi tudo muito interessante? − Eu digo, em uma voz de ingenuidade forçada.

Ela revira os olhos com tanta intensidade que eu temo pela sua visão. Apesar da sua atitude, suas bochechas estavam coradas do jeito que só acontece quando ela fica envergonhada. Ou com raiva.

Qual dos dois ela estava sentindo, eu não sabia dizer.

Sinalizo com a minha cabeça para começarmos a caminhar, seguindo a voz do microfone.

Nós passávamos por corredores gigantes, todos lotados por armários usados pelos estudantes. O espaço era bem fechado, mas não sufocante, e a arquitetura remetia àqueles templos da Grécia Antiga, com grandes pilares espalhados pelo ambiente.

Podem falar o que quiserem, mas aquele colégio era bem impressionante.

Ao alcançarmos a voz, nos deparamos com um pátio imenso. Multidões de alunos se encontravam perfeitamente alinhadas, parecendo mais uma formação militar do que qualquer outra coisa.

Eu olho para o meu lado, onde se encontrava Sakura. Seu uniforme ainda estava um pouco abarrotado graças ao tombo que ela levou na rua e agora ela esfregava uma vermelhidão em seu joelho, cortesia do acidente no portão.

Yup, nós estávamos ferradas.

A mulher que segurava o microfone se pronunciou:

− Eu espero que todos se sintam em casa. Essa instituição está aqui para ajudá-los e tratá-los com o maior carinho e dedicação possível.

Exceto que sua expressão dizia exatamente o contrário. Ela parecia jovem, mas seus olhos eram impossivelmente severos. Sua boca comprimida formava uma linha fina, como se desafiasse alguém a falar alguma coisa e seus lisos cabelos loiros estavam arrumados em um simples rabo baixo.

Depois que ela dispensou sua audiência, todos seguiram para seus caminhos em um burburinho contido. Tudo remetia muito a uma peça sendo encenada, cada um interpretando o papel que lhes foi dado.

E é claro que a minha companhia não podia deixar as coisas por isso.

Dando um passo à diante, minha querida amiga (eu não sabia se a poderia chamar assim depois disso) enlaçou os seus próprios pés, parecendo confundir a esquerda com a direita (isso acontece com mais frequência do que você poderia imaginar).

Não satisfeita com a sua situação, ela decidiu apimentar as coisas. Quando estava prestes a ter um encontro íntimo com o piso (que estava extremamente polido), lhe veio a brilhante ideia de agarrar o meu braço.

Agora, em outro universo isso poderia ter funcionado. Quem eu estou querendo enganar. Com quaisquer outras duas pessoas isso teria funcionado.

Mas nós éramos Sakura e Hinata (Hina/Hime/Renata, dependendo da ocasião). Portanto, provando mais uma vez que Newton estava certo, nós somos levadas ao nosso destino cruel (popularmente conhecido como chão).

Ótimo. Simplesmente ótimo.

Antes que qualquer uma de nós pudesse processar o que havia acontecido, nós somos puxadas com força pelas golas de nossas camisas em direção ao corredor vazio.

− Vocês deveriam ser mais cuidadosas.

DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora