Quando eles chegaram no apartamento de Harvey, onde a mãe dele também passaria a noite, junto com o casal, já era bem tarde. Todos estavam cansadíssimos, mas o irmão de Harvey e sua cunhada aceitaram o convite de ficarem pra tomar um vinho todos juntos. No outro dia pretendiam montar a árvore de Natal no apartamento do advogado.
- Então você era garçonete? - Lily, a mãe de Harvey, perguntou. Donna, imediatamente, sentiu seu coração gelar. E se ela achasse que a ruiva não fosse suficiente para seu filho?
- Eu era. Eu vim pra cidade tentando o sonho da carreira de atriz, mas precisei esperar pra ver esse sonho se tornar realidade.
- E hoje é toda uma estrela dos palcos! - Harvey comentou olhando pra ela. Ele estava perdidamente apaixonado por aquela mulher e não se dava ao trabalho de tentar esconder isso.
- Eu tenho que concordar. Meu filho tirou a sorte grande! - Lily ofereceu um brinde à carreira de Donna e a ruiva se emocionou. Se sentia em casa com aquela família ali.
- Bem, amanhã vamos comprar a árvore, sim? - Katie, cunhada de Harvey, perguntou.
- Vamos. Podemos fazer isso pela manhã e vocês podem montá-la durante a noite.
- Você não vai ajudar? - Lily perguntou.
- Eu adoraria, acredite. Mas só vou ter folga na domingo à noite, porque apresentamos a peça um pouco mais cedo.
- Então montaremos no domingo. - Lily afirmou. - Não há um universo paralelo no qual você não participe desse momento conosco, nem adianta tentar retrucar. - Donna ia tentar reclamar, mas sua sogra foi mais rápida e a interrompeu antes mesmo que ela tivesse chance de falar qualquer coisa.
- Minha mãe está certa, Donna. Vocês podem fazer as compras amanhã e no domingo montaremos a árvore. Amanhã de noite nós podemos assistir a esses filmes natalinos que você tanto elogia enquanto te esperamos chegar.
Donna sorriu e não disse nada. Se eles queriam incluí-la naquele momento de qualquer jeito, não seria ela a discordar. Fazia tanto tempo que não se sentia tão querida por uma família que não fosse a sua que ela não quis arriscar perder o sentimento.
xx
- O que foi que Scottie te deu? Eu vi quando ela te entregou a bolsinha. Espero que não seja uma bomba. - Harvey brincou.
Os dois estavam arrumando os lençóis da cama, já prontos para dormir. Marcus e Katie já tinham ido para o hotel e a mãe de Harvey já estava instalada no quarto de hóspedes.
- Ela me deu uma pulseira. Tem dois pingentes, uma xícara de café e o símbolo do teatro, duas máscaras juntinhas.
- Nossa! Até que foi um presente bem bom pra quem tinha tanto rancor de você.
Donna sorriu e sentou na cama, encostada na cabeceira. Harvey se juntou a ela, chegando perto o bastante pra que pudesse beijar o pescoço da ruiva enquanto a ouvia falar.
- Acho que o seu discurso tocou o coração dela de alguma forma... Ou, vai ver, ela tá em lugar bom agora e tá feliz com a própria vida. Não que antes ela não fosse feliz, mas acho que quando ela te conheceu, ela teve o sonho da vida perfeita com a carreira de advogada e o namorado advogado também. Eu meio que estraguei isso. - Donna encolheu os ombros, um pouco pelo que dizia e outro pouco pelo arrepio dos beijos de Harvey.
- Você sabe que não estragou nada de verdade, né? Não existia nada que você ou qualquer outra pessoa pudesse estragar.
- Eu sei, mas... O sonho eu estraguei, né?
Harvey sacudiu a cabeça e deu uma risadinha, voltando a beijar o pescoço de Donna. Ela sorriu e aproveitou os beijos por uns segundos, mas logo afundou o corpo no colchão.
- Nós devíamos dormir. Amanhã eu vou sair cedo com a sua mãe e sua cunhada e sei que você e o seu irmão vão sair também.
- Nada que um despertador não possa ajudar. - Harvey deitou em cima da ruiva e voltou a beijar o pescoço da namorada, enquanto passeava com suas mãos pela coxa da ruiva.
- Harvey, sua mãe está no quarto ao lado... Não tem porta aqui, lembra? - Donna cutucou o ombro do advogado, que parou com as carícias. Os dois ficaram se olhando por uns segundos e logo caíram na gargalhada.
- Você só pode tá brincando comigo. - Ele disse enquanto ria.
- A culpa não é minha se você escolheu mal o seu apartamento na hora de comprar um. - Donna deu de ombros e deu um beijo rápido no namorado. - Vamos dormir, por favor? A gente ainda vai ter muita oportunidade de aproveitar a noite juntos.
- Eu vou dormir, mas estou bravo com você. Não quero abraços. - Harvey disse emburrado, fazendo cara feia.
Pra baixar a guarda do homem, Donna começou a beijá-lo.
- Eu prometo que outras noites virão. E aí estaremos sozinhos. - Ela disse entre beijos. - Ou no meu apartamento, que tem portas.
Harvey e Donna caíram na gargalhada outra vez, porque se sentiam leves e estavam felizes. O advogado beijou a ruiva mais uma vez, dessa vez com mais vontade e mais demora.
- Eu vou cobrar, senhorita Paulsen.
- Estarei contente em cumprir a promessa, senhor.
Harvey ficou olhando para a ruiva, como quem esperava por algo. Donna revirou os olhos.
- Estarei contente em cumprir a promessa, senhor Specter. - Ele sorriu e a beijou novamente.
- Agora sim. Boa noite, meu amor.
xx
Donna estava nas coxias do teatro. Em quinze minutos, ela entraria em cena novamente para mais uma noite de apresentação. Dessa vez, sua família não estaria ali para prestigiá-la.
Enquanto esperava o relógio avançar, ela aproveitou para lembrar do tempo que passou com sua sogra e sua concunhada durante a manhã. As mulheres saíram pra comprar uma árvore de Natal e aproveitaram pra se conhecerem melhor e falar sobre Marcus e Harvey, principalmente dos defeitos que os irmãos compartilhavam e as tiravam do sério.
Donna e Katie descobriram muito mais em comum do que podiam imaginar, o que foi ótimo pra criar um laço entre as duas. Eram apaixonadas pelos meninos da família, compartilhavam o mesmo amor por filmes de domingo e eram loucas por uma viagem de fim de semana. Donna percebeu que Lily ficou feliz por ver suas noras se dando bem, apesar de não ter dito nada sobre isso.
Com a sogra, Donna compartilhava o amor pela arte. Lily era uma excelente pintora, a ruiva conhecia um de seus trabalhos expostos no escritório de Harvey, então mal podia esperar pra conhecer os outros quadros que ainda não tinha visto. Além disso, eram unidas por outro elo - Harvey Specter.
Donna pensou nele a manhã inteira, enquanto passava tempo com a mãe e cunhada do advogado, enquanto escolhia a árvore que mais bem combinaria com o apartamento do namorado e enquanto respondia as mensagens que ele mandava de minuto em minuto, perguntando como estavam as coisas e dizendo que não via a hora de encontrá-la novamente.
Era estranho como ele sabia ser grudento quando queria e isso não a incomodava. Ela sempre prezou pelo seu espaço pessoal e suas horas sozinha com ela mesma, mas, com Harvey, ela adorava a ideia de estar sempre com ele. Era como se eles pudessem passar doze anos trabalhando juntos, a doze passos de distância um do outro e, ainda assim, não fosse suficiente. Se essa fosse uma realidade, ela tinha certeza que adoraria poder chegar em casa e tê-lo ali com ela também.
Agora faltavam pouco mais de cinco minutos para a apresentação começar e Donna riu baixinho ao perceber que, uma vez mais, ela pensava em Harvey Specter. Realmente, era uma bonita história de amor essa da garçonete que se apaixonou pelo advogado que atravessava a cidade somente para vê-la - e, ainda por cima, era o sonho de consumo da sua melhor amiga.
Donna mal podia esperar pelo dia seguinte, quando montaria a árvore de natal com o namorado e sua família. Seria o primeiro Natal que os dois passariam juntos e, Donna tinha certeza, o melhor Natal da sua vida até ali.
[...]
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Never been touched [like this]
Fanfictiondarvey au Harvey descobre Donna em uma cafeteria e sempre dá um jeito de pegar um café ali. O único problema é a amiga que trabalha com ela. No final, quem ganha o coração do advogado?