Donna chegou à porta de seu apartamento e travou com as chaves. Ela simplesmente não conseguia encaixar a chave na fechadura, parecia que não era a certa. Ela largou as sacolas que carregava – de compras que havia feito um pouco mais cedo no supermercado – no chão e voltou toda sua atenção à tarefa que fazia. Culpou o escuro, só podia ser – pensava ela.
Ao longe, ela escutou vozes se aproximando. Eram dois homens, pareciam discutir se estavam no lugar certo, mas Donna não poderia se importar menos.
Quando finalmente conseguiu encaixar a chave na fechadura e abrir a porta, percebeu que os homens chegavam ao andar em que ela estava.
Tratou de recolher as sacolas e entrar rapidamente, mas percebeu que os homens pararam de falar assim que a viram. Assustada, ela fingiu não se dar conta daquilo e entrou em seu apartamento de uma vez. Quando se virou para fechar a porta, reconheceu os dois homens que estavam parados à sua frente, aparentemente atônitos, mais ao fim do corredor.
- Você... – Um dos homens murmurou. – Eu não acredito...
Donna abriu um leve sorriso e começou a fechar a porta, mas o homem logo correu em sua direção.
- Não.
- Harvey! – O outro chamou. – Que isso? Deixe a moça em paz.
- Deseja alguma coisa? – Donna perguntou solícita ao homem que a impedia de fechar a porta com o braço. – Estão perdidos?
- Não, na verdade... – O outro homem se aproximava, enquanto tentava se explicar. – Harvey e eu viemos visitar uma testemunha de um caso, mas não estamos certos de que ele mora aqui realmente.
- E eu fiquei surpreso de te encontrar aqui. – Harvey explicou. – Então é aqui que você mora?
- Pois é... – Donna sorriu sem graça, sem saber muito bem como continuar a conversa. Os três compartilharam um breve momento de silêncio, até que a mulher resolveu se manifestar. – Talvez eu possa ajuda-los. Quem procuram?
- Eduardo. – O amigo de Harvey respondeu. – Eduardo Rulfo. Conhece?
- Ah. Sim, conheço. Ele mora naquele apartamento ali – Donna apontou para uma porta à sua esquerda. – Mas eu não sei se ele vai estar em casa agora... Ele geralmente chega mais tarde. – Donna checou o relógio que estava no móvel atrás de si e continuou – Bem mais tarde, aliás.
- É seu namorado? – Harvey perguntou, ainda impedindo-a de fechar a porta.
- O quê? Não, não. – Donna balançou a cabeça, mas logo percebeu que aquilo não era da conta dele. – Mas por que isso te importaria?
- Curiosidade. – Ele deu de ombros.
- Bem, acho que vamos indo então. – O outro interviu. – Quem sabe batemos ali, nem que seja pra tentar a sorte.
- Claro. – Harvey respondeu, mas não deu um passo.
- Harvey.
- O que é? – Ele virou o rosto na direção do amigo e Donna deu uma risadinha. Ele parecia distraído.
- Vamos. Deixe a moça entrar em casa.
- Donna.
- O quê? – Os dois perguntaram ao mesmo tempo.
- A moça é Donna. Prazer! – Ela sorriu e inclinou a cabeça um pouco para o lado.
- Donna de quê?
- Donna. É como um nome e um título, vocês vão ver – ela alargou o sorriso e piscou, olhando para Harvey. Um clima estranho se instalou entre os três e ela percebeu o que havia dito. – Ou não. – Se corrigiu. – Quer dizer... Se é que nos veremos de novo. Nunca se pode saber quando dois clientes chegarão faltando dois minutos – ela enfatizou – pra fechar a cafeteria.
Harvey riu e o outro sacudiu a cabeça.
- Mike, prazer. – Ele estendeu a mão, mas Donna não pôde cumprimenta-lo porque ainda segurava as sacolas de compra. – Ah, eu sinto muito. Quer dizer... Ah, você entendeu!
Harvey encarou o homem como se não tivesse gostado de seu comportamento. Donna, por outro lado, achou graça do menino todo tímido. Apesar da pose de homem, ele parecia estar no último ano do ensino médio.
- Vamos, Mike. – Harvey disse, com cara de poucos amigos.
- Tchau! – Donna fez questão de dizer ao vê-los dando as costas. – Ah! Prazer, Mike. – Ela sorriu.
- Tchau Donna. – Ele respondeu.
Harvey colocou as mãos no bolso e seguiu caminho até o apartamento que Donna lhe indicara.
- Bravo... – Ela murmurou pra si mesma assim que fechou a porta. – Será que ficou com ciúmes? – Ela riu baixo e saiu dando pulinhos até a cozinha para largar as bolsas e ir tomar seu banho.
xx
- Bem que ela disse que o cara não estaria... – Mike murmurou.
- É.
- Como será que ela sabia, né? – Mike perguntou. – Se bem que eles são vizinhos... Talvez ele faça barulho quando chega...
- É.
- Harvey, qual foi cara? – Mike parou o amigo. Os dois caminhavam lado a lado até o carro, mas enquanto Mike não parava de falar, Harvey estava monossilábico.
- Por que você deu em cima dela? Qual a sua?
- Ei, eu não dei em cima de ninguém. Você que tava todo interessado nela...
- Exato. E aí você resolveu se apresentar. Ela não sabe nem meu nome, cara, por que você acha que ela estaria interessada no seu?
- Ela disse o dela, eu achei educado dizer o meu e
- Quer saber? Que se dane. Amanhã eu vou na cafeteria que ela trabalha e me apresento.
- Ótimo. Nós podemos nos encontrar ali pra
- Sozinho. – Harvey o interrompeu. – Eu vou lá sozinho. E nem se atreva em aparecer.
Os dois entraram no carro e Mike não teve chance de dizer mais nada. Ele apenas riu baixinho, pensando em como aquela ruiva já tinha o amigo na mão tão facilmente.
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Never been touched [like this]
Fanfictiondarvey au Harvey descobre Donna em uma cafeteria e sempre dá um jeito de pegar um café ali. O único problema é a amiga que trabalha com ela. No final, quem ganha o coração do advogado?