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Donna passou pelas portas da Nougatine e se sentiu em casa. Foram tantos meses trabalhando naquele lugar, vendendo cafés e biscoitos, ou chocolate e bagels, ou suco de laranja e bolos, que ela quase sentia falta de passar os dias atrás do balcão atendendo pedidos.

A ruiva suspirou e Harvey apoiou sua mão no limite da coluna dela.

- Saudades? - Ele perguntou e se aproximou mais um pouco, deixando um beijo no topo da cabeça de Donna.

- Um pouco... Foram muitos meses aqui, né.

- A decoração é realmente incrível. - O advogado olhou ao redor e admirou o local. As cortinas eram verde, mas estavam bem abertas. Havia uma grande árvore enfeitada num dos cantos da cafeteria e, em cima do balcão, duas árvores pequenininhas e vários enfeites espalhados. Apesar de haver bastante coisa, o ambiente não estava poluído com tantas decorações. - Era assim na sua época também?

Donna assentiu.

- Mas eu costumava enfeitar mais. Ali, por exemplo - ela apontou para o teto - eu costumava pendurar um visco. Naquela janela ali - ela apontou novamente -, eu gostava de colar umas luvas de papai noel. E, em todo o balcão, eu pendurava meias pra todo mundo.

- Quem te ouve falar nem imagina que a sua casa não tem nem uma árvore de natal. - Harvey riu.

Donna, indignada, se virou pra ele e cruzou os braços.

- Isso é porque eu ando muito ocupada e tenho passado mais tempo na sua casa que na minha. Mas, assim que a sua família chegar, eu vou te deixar com eles e volto pro meu apartamento em tempo de decorar ele todinho.

Harvey, sorrindo, assentiu.

- Ou... - O advogado puxou Donna pela cintura e alargou seu sorriso. A ruiva, já esperando que ele fosse lhe dizer algo incrivelmente bom de se ouvir, o abraçou pelo pescoço. - Você pode fechar o seu apartamento de vez e passar esse tempo conosco. Comigo.

- Harvey! - Donna tentou soltá-lo, mas ele a abraçou mais forte. Os dois estavam perto da porta da cafeteria, mas era como se estivessem na sala de casa. - Nós já falamos sobre isso mais de mil vezes. Eu não vou sair do meu apartamento e ir morar com você, nem faz tanto tempo assim que estamos juntos. E, além disso, a sua família quer passar tempo com você, não comigo.

- Eu sei, eu sei. Mas eu também sei que esse vai ser o nosso primeiro Natal juntos. E, mais importante, o primeiro Natal que eu não passo sozinho. Meu apartamento também não está decorado. Você pode passar esse tempo lá e faremos disso um teste. Depois faremos outro, na sua casa. Quem sabe no Ano Novo?

Donna sacudiu a cabeça, mas sorriu. A quem eu quero enganar?, ela pensou. A verdade é que ela não via a hora de ouvir Harvey lhe convidando para ir morar com ele novamente. Da última vez ela negou o pedido, mas ela já não aguentava mais voltar pra casa e encontrá-la vazia. Ultimamente esteve precisando mais do abraço de Harvey do que de sua própria companhia durante a noite.

- Podemos falar disso depois?

- Não. É uma pergunta simples, que exige uma resposta simples. Sim ou não. Você aceita passar essa temporada de Natal lá em casa, comigo e com a minha família?

- Harvey!

- A gente só tem tempo pra um café, Donna. Em seguida você vai ensaiar. E eu vou trabalhar. É só dizer que sim. - Ele sacudiu os ombros e riu.

Convencido, Donna pensou, mas ele bem que estava certo. Era uma pergunta simples e a resposta já estava na ponta da sua língua.

- Às vezes eu não te suporto! - A ruiva se esticou e deu um beijo rápido no advogado. - Você busca as minhas roupas antes da peça? Não vou ter tempo de pegar.

Never been touched [like this]Onde histórias criam vida. Descubra agora