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Era terça-feira e o humor de Donna estava péssimo. No dia anterior, ela esteve tão ansiosa que mal conseguiu parar pra comer. Durante a tarde, quando ela pensava que poderia finalmente assar uma bandeja de biscoitos só pra ela enquanto Scottie atendia os poucos clientes que chegariam, a amiga lhe pediu pra ela assumir a cafeteria.

- Onde você vai? Ah não, Scottie. Você não tinha nenhum compromisso até ontem! – Donna discutia com a amiga, mas já sabia que não lhe diria "não".

- Eu não tinha, mas o meu colega de classe muito bonitinho acabou de me mandar uma mensagem perguntando se eu estou ocupada. – A morena explicou, fazendo gestos engraçados enquanto falava. – Por favor Donninha, só hoje... – Ela pediu.

Donna bufou. Se Scottie saísse, ela não poderia comer sua bandeja cheia de biscoitos que pretendia. Se a amiga ficasse, no entanto, ela não pararia de reclamar um segundo. E faria questão de se arrastar pelos cantos somente pra provocar.

- Só hoje?

Scottie balançou a cabeça, afirmando. Ela já sorria, porque sabia que a amiga não lhe diria "não".

- Você é a melhor! – Ela correu para abraçar a ruiva, que tinha o semblante sério. – Se o meu gato chegar, diz que eu já volto.

- Seu gato? – Donna perguntou indo ao caixa da cafeteria, enquanto Scottie foi se trocar.

- Harvey. – Scottie disse, já pronta pra sair do trabalho. Ao ouvir esse nome, Donna tremeu. – Se ele vier, diz que eu já volto.

A morena se despediu de Donna, jogando beijos no ar. A cafeteria estava praticamente vazia, só havia 2 clientes em 2 mesas diferentes. Donna sorriu, pensando que talvez Harvey fosse até lá pegar um café – e um bagel, ela pensou – e somente ela estaria. Aí eles poderiam conversar em paz...

Mas Harvey não foi. O expediente terminou e nem sinal do advogado. Na quarta-feira também não. Ela esperou por ele de manhã, no horário que ele costumava ir, mas ele não apareceu. Durante a tarde talvez ele pudesse dar uma passadinha rápida, mas também não foi.

- Faltam cinco minutos! – Scottie gritou da cozinha. – Cinco minutos e podemos ir pra casinha!

Donna, rapidamente, olhou para as horas que o computador marcava. Em seguida, encarou a porta. Talvez ele fizesse como naquele dia... Talvez ele chegasse faltando

- 2 minutos! – Scottie gritou novamente.

Mas não. Ele não foi. E Donna esperou.

- Deve ser por isso que estou tão irritada. – Ela falou consigo mesma. Estava sentada no sofá de sua sala, tomando uma taça de vinho e com a TV ligada. Não assistia nada, mas não gostava de ficar no completo silêncio. – Mas por quê? Ele é só mais um cliente. – Bufou.

Eram agora quase dez horas da noite. A cidade lá fora estava bem barulhenta, até mais do que geralmente estaria. Enquanto ainda estava na cafeteria, um cliente comentou que houve um acidente em uma importante avenida e tudo estava atrasado. As pessoas estavam tendo que andar por ruas que não conheciam e era tudo um caos.

- De repente é por isso que ele não apareceu. – Ela continuou falando consigo mesma, mas se irritou. – Por que eu me importo?

Ela levantou do sofá e foi até a cozinha com sua taça. Ainda havia vinho na garrafa, mas ela esqueceu de leva-la pra sala. Enquanto se servia, ela ouviu três batidas na porta. Foram tão leves que ela até achou que tivesse sido imaginação, mas foi atender quem quer que fosse mesmo assim.

- Donna.

- Você... – Ela murmurou. Instintivamente, puxou o robe que usava por cima de seu pijama. Uma blusa de cetim e uma calça folgada não é exatamente o tipo de roupa que ela precisaria esconder de uma visita, mas ela se sentiu exposta na frente do homem que estava ali.

Never been touched [like this]Onde histórias criam vida. Descubra agora