Yours To Keep

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Ordem das músicas: So it Goes..., I'm Only Me When I'm With You, Mine, Out of the Woods

You know I'm not a bad girl
But I do bad things with you

Foi apenas pela promessa de "Cachos bonitos de um jeito muito fácil!" que Annabeth tinha comprado a Maravilhosa Loção Capilar de Afrodite 2000. E somente por isso estava toda enrolada tentando prender os cachos mais volumosos que já teve na vida em uma presilha brilhante que havia sido presente das filhas de Vênus, como um desejo de boa sorte. Odiava aquilo, odiava maquiagem, odiava aquele vestido que pinicava e coçava, e estava cogitando demais simplesmente abrir o guarda-roupa de Dorothea e pegar um de seus terninhos estilosos emprestado pela noite.

— Ah, mas nem pensar, dona Annabeth! — a voz da amiga a assustou, fazendo-a derrubar os cabides no chão: havia sido pega no flagra — Eu não passei horas escolhendo esse vestido com você e a Piper para você simplesmente não usá-lo. Pode ficar bem quietinha nele. E por que seu cabelo ainda está todo bagunçado?

A Chase lançou um olhar desesperado para Dotty, que gargalhou. A verdade é que ela nunca foi muito afeita a se arrumar e fazer mil malabarismos para cuidar da própria aparência; se penteasse o cabelo mais do que duas vezes na semana, já era lucro; então maquiagem? Vestidos? Aqueles penteados lindos que a amiga fazia? Eram completamente alienígenas para ela.

— Venha, loira azeda, deixa eu dar um jeito nesse seu cabelo. O que você passou nele? Está lindo, podia usar mais vezes, né — os dedos finos e ágeis começaram a trançar as mechas loiras; sem ter muito o que fazer, Annabeth tamborilava os dedos e balançava as pernas; seu TDAH estava atacado com a perspectiva de uma noite tão importante — Nervosa, bonequinha?

— Um pouco. Mais ou menos... não sei — as duas riram — Acho que sim.

— Não sei porque. Você já fez isso várias vezes antes, não estamos mais no começo da faculdade... é só mais um desses jantares com gente de nariz empinado pra apresentarmos nosso projeto. Eu vou estar lá com você, e ele também, não é?

— Quem, o Percy? Ele vai sim, claro — não conseguia evitar sorrir sempre que falava dele para qualquer pessoa. Todos os seus colegas da faculdade haviam percebido a mudança na Chase, sem saber o motivo. Ela tinha ficado mais alegre, mais alerta, e um deles chegou a perguntar se ela havia se apaixonado, se havia conhecido alguém novo. Anne só pôde rir.

Demorou um pouco para as coisas entrarem nos trilhos, para que ela parasse de acordar acreditando que havia sido um sonho, e parasse de esperar que ele fosse embora a qualquer instante. Percy percebeu que a namorada se sentia mais calma quando ligava para ela pela manhã; quando dormiam juntos, também, contanto que o lado dele não estivesse vazio ao acordar. Pequenos detalhes aos quais ele estava sempre atento.

E quando seus colegas descobriram o motivo de sua mudança, de sua súbita felicidade – embora não soubessem, é claro, a verdadeira história – não havia como não ficar feliz pelos dois, porque não existia quem não reparasse a devoção e amor nos olhos verdes, e a forma como ele sempre procurava uma ocasião para elogiar Anne apenas pelo prazer de vê-la fingir que não se importava enquanto escondia um sorriso. Era evidente o quanto os dois se amavam, o quanto estavam sintonizados um com o outro.

Eram anos de amizade e lutando lado a lado, anos de um amor que foi crescendo aos poucos e modificando-os. Aqueles mortais tinham conhecido uma versão da Chase muito parecida com a pequena Annabeth abandonada pela família, procurando onde ficar, almejando orgulhar a própria mãe e achar um lugar para chamar de seu. E ela havia demorado um pouco para perceber que qualquer lugar pareceria um lar contanto que tivesse Perseus ao lado dela.

Golden Age - PercabethOnde histórias criam vida. Descubra agora