Capítulo 11

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LEO


Nunca imaginei que, em meio a tanta tristeza, a noite poderia se tornar tão maravilhosa. Quando Isa começou a me contar sobre o desprezo com que seus pais a trataram durante toda a sua vida, não pensei que seria capaz de ter pensamentos assassinos. Eles não nasceram para ser pais. Eu sabia que independente do sexo, amaria meus filhos com todo o meu coração e nunca deixaria que pensassem nem por um momento que não eram amados. Só de imaginar o quanto minha garota sofreu durante todos esses anos, me sentia mal.

Depois de ter me contado sobre a noite da sua formatura, pensei que fosse ter que quebrar alguma coisa para descarregar parte da minha raiva. Como seu pai tinha ousado encostar um único dedo no braço dela? E o pensamento do que poderia ter acontecido com ela devido à queda fez minha espinha gelar. Ela não fazia ideia o quão próxima ficou de uma tragédia.

Quando a segurei em meus braços e senti seus soluços contra meu peito, não pude fazer nada mais do que acariciá-la. Nenhuma palavra poderia passar mais conforto do que meu toque. Percebi, desde que a conheci, que ele amenizava um pouco do seu sofrimento. No dia do nosso primeiro beijo na marina foi a primeira vez e o efeito era mútuo. Seu toque me trazia paz e esperança de que ela fosse diferente das outras pessoas que conheci. Sabia que ainda tinha que contar a ela todo o meu passado e o motivo para que eu não confiasse nas pessoas, mas eu sentia que Isa era quem me faria acreditar no amor.

Acima de tudo, ela me amava. Quando essas doces palavras saíram de seus lábios, pensei que minha mente estava pregando peças em mim. Eu percebi que cada dia que passávamos juntos, ela desfrutava mais e mais da minha companhia, mas daí a me amar era uma grande diferença. Agora, já não me restavam dúvidas de que eu a amava também. Acho que a amei desde o dia em que a conheci. Minha língua coçava para dizer as palavras, mas eu respeitaria o desejo da minha menina. Se ela precisava de tempo, eu lhe daria tempo, mas no dia em que contasse à Isadora tudo sobre mim, se ela ainda me quisesse, não teria como omitir. Ela saberia o quão profundo era o meu amor por ela.

Depois de fazer papel de maricas e chorar na frente dela, mesmo que tenha sido apenas uma lágrima, ficamos abraçados no sofá nos beijando. Todos os dias, desde que nos conhecemos, tentava entender como tinha sido capaz de viver sem ela. Os dias em sua companhia eram mágicos e sentia que nada poderia me fazer mais feliz quando dormíamos juntos.

Isa ainda estava no meu colo, mas com a cabeça agora apoiada contra o encosto do sofá. Estávamos nos olhando e, como se fosse possível, ela estava ainda mais linda do que há um minuto. Olhos inchados e nariz vermelho nunca pareceram tão bem em outra pessoa. Ela era linda.

- Pronta para dormir, linda?

- Acho que sim. O dia foi muito cansativo pra mim.

- Vai subindo enquanto checo para ver se tudo por aqui está trancado. Acho que vai chover durante toda a noite.

- Eu amo a chuva. Sobe logo.

Com mais um beijo em seus lábios, vi minha linda namorada subindo as escadas e ainda vestindo a minha blusa. Ela realmente não fazia ideia do que vê-la usando minhas roupas fazia comigo. Sempre achava graça quando lia o personagem de algum livro dizendo que sua garota o deixava louco apenas usando suas roupas. Achava que era uma invenção dos autores para fazer dos protagonistas caras mais românticos, mas agora via que eles deviam ter feito pesquisas com os homens para saber desse detalhe. Ver sua mulher usando suas roupas era excitante.

Conferi as janelas e trancas das portas antes de subir. Peguei meu celular na mesa e vi que tinha uma chamada da minha mãe. Ligaria para ela no dia seguinte porque já era muito tarde no Brasil. Mal podia esperar que ela chegasse. Por um lado, seria ruim, pois não seríamos mais apenas eu e Isa aqui em casa, mas, por outro lado, seria maravilhoso que ela tivesse uma figura materna para conversar. Não tinha dúvidas de que minha mãe se apaixonaria por Isa no momento em que colocasse seus olhos nela. Minha namorada era muito fácil de se apaixonar.

[DEGUSTAÇÃO] Um olhar como o seuOnde histórias criam vida. Descubra agora