Capítulo 7

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A viagem até sua casa foi rápida e tranquila. Depois que saímos do parque, almoçamos em um aconchegante restaurante e fomos ao hotel arrumar nossas coisas e fechar a conta. O gerente ficou muito feliz por termos um lugar para ficar e percebi que ele não gostou de ter me tirado do quarto. Eu sabia que ele não teve escolha. Se o dono do hotel soubesse o que ele tinha feito por mim, era possível que tivesse perdido seu emprego.

Quando chegamos na rua da casa, logo notei que o bairro só tinha mansões. Minha casa era bonita e grande, mas era muito fria e impessoal. Ela mostrava que a nossa família era rica pela grandiosa construção, pela guarita na frente e pelos carros luxuosos na garagem. As casas daqui eram completamente diferentes. Elas não tinham cercas altas, vigias ou segurança máxima. O que todas tinham em comum eram os grandes jardins com vários arbustos verdes – tinha certeza de que eles ficavam lindos e floridos em outras épocas do ano –, bicicletas perto da porta de entrada e brinquedos dispersos para que as crianças pudessem brincar sob a luz do dia.

Nos aproximamos de uma linda casa branca colonial com tijolos vermelho-terra em uma das laterais e um jardim que me deixou boquiaberta. Devia ter pelo menos uns vinte pinheiros e, mesmo sem as folhas, sabia que tinha algumas árvores Big Maple Leaf. Eu a conhecia porque era apaixonada por ela e a vi em vários lugares desde que cheguei. Era a árvore da famosa folha da bandeira canadense e o engraçado era que ela talvez fosse até mais famosa aqui nos Estados Unidos do que no Canadá.

Leonardo rapidamente pagou o taxista e pegou nossas coisas no porta-malas. Próximo à porta, uma elegante mulher vestindo um terno preto sob o casaco de peles, segurando uma maleta na mão direita, estava parada. Ela sorriu atenciosamente quando nos aproximamos e cordialmente nos cumprimentou. Enquanto ela e Leo conversavam, fiquei admirando a paisagem ao redor da casa. Bem de frente para ela, um pequeno parquinho cheio de brinquedos infantis e mesas de piquenique foi construído. Fiquei imaginando como devia ficar alegre com crianças brincando enquanto as mães ficavam por perto conversando. Tinha certeza de que as famílias do bairro eram amigas e desfrutavam de várias tardes na companhia umas das outras. Próximo à esquina, vi um grande edifício que parecia ser uma biblioteca. Minhas mãos começaram a coçar e tive que me segurar para não correr até lá. Eu e meu vício de leitura. Pelo menos essa era outra coisa que tinha em comum com Leo. Ele parecia ter o mesmo problema.

As outras casas da rua eram bem parecidas com a dele, apenas mudando a arquitetura. As cores eram sempre puxadas para tons claros que davam leveza à rua. Estava tão distraída com meus pensamentos que me assustei quando Leo tocou meu ombro. Ele me dava um de seus lindos sorrisos que me fazia cair um pouco mais de amores por ele.

- Onde você estava, linda?

- Desculpa, Leo. Estava admirada com a rua. É tudo tão lindo e pacífico. Parece que estamos em outro mundo.

- Venha! A decoradora está de saída. Ela só veio mesmo para me entregar as chaves e dizer que se precisarmos de mais alguma coisa, basta chamá-la.

Leo levou nossas coisas para dentro enquanto eu me despedia da moça que não podia ter mais do que vinte e cinco anos. Agradeci sua boa vontade e atenção e ela me disse que qualquer coisa que precisasse, bastava telefonar. Quando me virei para entrar na casa, Leonardo apareceu ao meu lado e pegou minha mão, apertando-a junto a seu peito. Apesar do sorriso que pairava em seu rosto, ele tinha um olhar sério que não combinava com o momento. Será que ele estava questionando sua decisão?

- O que foi, Leo?

- Nada, quero dizer, é só que... não sei direito como te explicar o que estou sentindo agora, Isa. É como se eu quisesse uma coisa há muito tempo e agora que ela está aqui na minha frente, eu não consigo acreditar que ela realmente está. Eu sei que parece meio sem sentido, mas você consegue entender o que eu quero dizer?

[DEGUSTAÇÃO] Um olhar como o seuOnde histórias criam vida. Descubra agora