07¥ Vents invernalis

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— Então? — Milia sorriu maliciosamente para o filho, dando leves batidinhas na parte vazia ao seu lado, e olhava atentamente o filho. — Agora que eu dei um jeito de me livrar do seu pai e do seu namorado, o senhor vai sentar o seu rabinho bem aqui, e me contar tudo que está acontecendo! — Podiam tentar engana-la, poderiam mentir descaradamente como faziam, até mesmo dar as desculpas mais convincentes, mas Milia ainda não iria cair.

Não tinha passado horas dentro de uma carruagem para ir visitar o filho caçula, com a alegação de seu namorado de que ele estava estranho, e simplesmente voltar para casa depois de uma conversa fiada! Não, ela não poderia, nem faria uma coisa dessas.

Por isso ela planejou bem como iria se livrar dos outros dois para ficar a sós com seu filho, afim de arrancar a verdade, ajudando e auxiliando seu pequeno com o que fosse preciso.

Milia se levantou da cama e foi para onde Malink estava parado, em pé, e o guiou pelas mãos novamente até a cama. — Venha meu skamat, sente aqui do meu lado e me conte, o que está acontecendo com você?

O elfo, ainda entorpecido por tudo que tinha acontecido, olhou para o tornozelo e viu a marca que tinha lá. Depois de tanto tempo nervoso e aflito, tinha provado de um momento de paz e tranquilidade após aquele simples contato com Hastet.

Ao acordar e ver que o namorado já não estava no quarto, ele se permitiu cair na cama novamente e rir da situação, enquanto passava os dedos nas marcas que agora tinha no tornozelo. A primeira pessoa em que pensou foi em sua melhor amiga Andora, e qual seria reação da sereiana ao ver aquele símbolo.

Ela que dizia ser impossível um espírito se comunicar novamente com um clorense, dizia que tudo que estava acontecendo não tinha outra explicação a não ser as falhas do seu relacionamento com Ygrite vindo a tona...

Que o seu namoro realmente tinha falhas, e muitas, Malink não podia negar! Mas sorria feliz porque agora tinha a certeza que não estava ficando louco, sabia que tudo que vinha acontecendo de bizarro era apenas um chamado.

Hastet queria se comunicar o tempo inteiro!

Até mesmo aquele sonho maluco com o minotauro tinha um propósito! Bem, Malink deduzia que tinha, já que o espírito havia deixado subentendido que tinha conhecimento do sonho, então logicamente, havia um envolvimento?

Não importava! O que importava mesmo era que ele não estava ficando maluco, e já estava ansioso para ir atrás da Andora contar as novidades. Mas isso, ele sabia, teria que esperar... Ainda tinha o fato de seus pais estarem hospedados em sua casa, e infelizmente ele não sabia por quanto tempo.

Não que ele não gostasse da companhia dos pais, ou achasse que eles eram algum tipo de peso.

Mas ele estava afoito demais para por todas essas novidades para fora, e sem perceber, seu problema com Ygrite estava esquecido em algum canto de sua mente.

O platinado sorriu para mãe, que ainda o encarava meio incerta do teor daquela conversa. Ele pensou em mentir, em esconder a verdade e dizer coisas vagas, mas seus pais tinham uma visão maior do mundo, e a possibilidade dela o entender se fixou em sua mente.

— Eu poderia mentir para a senhora, dizer que está tudo bem e que a senhora não precisa se preocupar. Mas eu resolvi confiar na senhora, mamãe, porque foi sempre a senhora que esteve aqui para mim... Então, por favor, não surte!

Milia inspirou profundamente, tentando conter aquele pavor que já estava se tornando palpável. Por que ela não devia surtar? E no que o filho poderia estar metido..?

— Eu prometo! — Mesmo hesitante e temerosa, ela concordou, porque ela acreditava que devia entender os filhos em qualquer situação, acima de tudo.

O Chamado da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora