08¥ Solemare nostrum

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Jandira poderia aturar muitas coisas, mas aquele comportamento de Joham definitivamente não estavam entre eles. — Você não toma jeito? Onde estava com a cabeça? Eu e a sua noiva ficamos preocupadas Joham! Você não tem compaixão? — O jovem caindo de bêbado apenas levantou brevemente o olhar. A luz ainda incomodava bastante, e mesmo com o corpo entorpecido e os sentidos um pouco prejudicados, ele saberia distinguir o que estava a sua frente.

A mãe com uma das mãos na cintura, enquanto gritava e gesticulava com a outra. Alincy estava ali atrás ao lado da mulher, com os olhos avermelhados e uma aparência cansada, retratos nítidos de alguém que não teve uma boa noite de sono. — Me diz Joham! O que passa na sua cabeça? Você some uma noite inteira, sai de casa transtornado e volta apenas no outro dia de manhã, completamente bêbado que não consegue nem ao menos se manter de pé!

Ele estava tão cansado, mas a bebida sempre o deixava cada vez mais mole e menos ignorante. O jovem de olhos verdes passou a mão no rosto pela centésima vez naqueles poucos minutos, respirou fundo, com o corpo cansado. — Eu já pedi desculpas... eu exagerei e não vi a hora..

— Que você não viu a hora passar eu já sei! — Mais uma vez o sermão não foi poupado, e Jandira agradeceu pelo pequeno Louel já estar na casa da cuidadora. Assim, pelo menos, ele não iria ver o irmão mais velho naquele estado deplorável, nem iria precisar ouvir as repreendas da mãe. — A sua noiva passou a noite inteira aqui, chorando, enquanto você bebia e fazia sabe-se lá mais o que! — Ela disse por fim, duplamente chateada.

Chateada pela atitude do filho, chateada por acreditar que uma vez na casa dos prazeres, impossível seria não se deitar com uma das prostitutas, enquanto Alincy quase morria de preocupação.

— Você esteve com outra? — A voz da morena saiu enfim, depois de todo tempo calada desde a chegada do noivo, finalmente ela disse algo. Morria de medo da resposta, mas precisava ouvir da boca dele!

Aquela pergunta soou um pouco absurda para Joham. Mesmo sóbrio ele acharia aquilo ridículo, mas bêbado, ele não conseguiu compreender o porquê da noiva estar acreditando nisso. — Que outra ?

Jandira soltou o seu melhor sorriso recheado de escárnio, ela gostava tanto da nora que não poderia ficar calada em uma situação dessas.

Que se dane ou não que era a primeira vez que ele iria sozinho e voltava bêbado, ela não iria compactuar com essas imundícies. — Você estava na casa dos prazeres, chega bêbado depois de uma madrugada fora, o que quer que ela pense? Seu irresponsável! — Ela não aguentou olhar para aquela cara de desentendido do filho, e desferiu um tapa bem dado no pescoço do jovem.

— Caralho... — Joham resmungou, esfregando a mão na pele que ardia.

— Olha a boca!

Mais uma vez ele levantou os olhos grogues para encarar as duas, suspirou enquanto sentia a pele arder, e desejou internamente nem ter voltado para casa... Sabia que seria pior, mas aquela dor de cabeça do cacete estava fritando seus miolos! E os gritos da mãe não ajudavam em nada...

— Não existe outra mulher... céus! — Ele exclamou cansado, enquanto o coração da morena se apertava cada vez mais, e ela lutava para não derramar nenhuma lágrima. Poderia ser intuição, ou apenas delírio de bêbado, mas Joham não conseguiu explicar o que sentiu naquele momento.

Ele simplesmente sentiu

Ergueu os olhos imediatamente aquela sensação estranha que invadiu seu peito... ao sentir a tristeza de Alincy. Como aquilo era possível? E em segundos, todo álcool se evaporou de seu corpo. Seu coração se compadeceu pela dor da mulher, e ele se aproximou, envolvendo-a em seus braços fortes. — Não há outra mulher! Só tem você meu docinho... só tem você! Eu nunca seria capaz de trai-la!

O Chamado da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora