Morada nova e nossa

9 0 0
                                    

Lia On 

__________________________________________

Os flashbacks daquela fatídica noite são frequentes. 

Eu vi aquela mulher cair e não consegui ajudar.

Eu não entendo as coisas da vida. 

Porque me chamar daquele jeito? Porque? 

Depois de acreditar nela, achar que ela estava arrependida.  

____________________________________________

Lia? Por favor, estou falando. 

Olho uns dois segundos para o telhado, e percebo que estou ainda no consultório da psicóloga. Infelizmente, já se passaram 1 semana, e eu não consegui tirar da cabeça tudo o que aconteceu. Eu me sentia culpada, mesmo sabendo que a responsabilidade não era minha. Eu não tinha feito nada, mas por algum motivo, aquilo tudo me corroía por dentro. 

Durante suas consultas, parecia que era tudo em vão, já que eu não conseguia me concentrar em nada. Para falar a verdade, esses dias foram bem ruins pra mim. Depois que Bill e eu contamos aos nossos pais o que aconteceu, eles ficaram em estado de choque. Tentaram me confortar, mas sentia tudo tão... vazio. Eu tentava me concentrar em Helena, mas ainda assim não teve sucesso. Eu conseguia cuidar dela, mas eu estava mais distante daquele jeitinho carinhoso que eu a tratava. E Bill, nem se fala. A gente tentava sair à noite pra conversar, pra passar o tempo, e nada. Via entre as ruas de Estocolmo aquele vestido vermelho, e Clara sorria para mim, toda ensanguentada. Eu tinha pânico só de ver aquilo tudo. Eu não conseguia sequer me entregar ao amor de Bill. Eu estava assustada. 

Quando a médica chamou minha atenção novamente, ela me disse:

- Eu recomendaria que você embora daqui. Você está tendo gatilhos e lembranças ruins de tudo o que aconteceu. 

Ela tinha razão. Talvez aquele momento fosse o exato para ir embora de vez para Portugal. Simplesmente, me despedi dela, abraçando-a. Gentilmente, ela me disse:

- Espero que dê tudo certo. Vou te passar uma coisa.

Assim, ela me deu o endereço para conversar com ela pelo FaceTime. Disse que se eu precisasse, era só ligar que daria tudo certo. Novamente, agradeci a ela, e saí de sua sala. Na recepção, Bill já me esperava com um buquê de margaridas, e claro, com aquele sorriso perfeito dele. Assim que ele me vê, corre e me abraça, como se fosse uma criança, e assim me diz:

- Meu amor, como foi a consulta? - assim, ele passa suas mãos gentilmente pelos meus cabelos. 

- Foi ótima. Minha vida, podemos ir para casa? 

- Sim, vamos. 

Assim, ele pegou em minha mão e a agarrou firmemente. Achei aquilo meio estranho, até eu realmente sabe o motivo daquilo. Fora do prédio, muitos repórteres estavam lá. Comecei a ficar novamente nervosa. Bill pega em meu rosto, e me diz:

- Meu amor, vai ficar tudo bem. Só quero que tente se acalmar. - ele pega em minha mão, e continua a dizer: - Eu não vou te soltar. Eu vou te proteger. 

Selamos nossos lábios, e assim respirei fundo. Criei coragem, e saí em direção ao carro. Vários repórteres chegavam até a mim, e eu estava começando a me sentir sufocada. Eu começava a chorar, e Bill percebendo isso, me agarrou e começou a correr. Segui seu ritmo, e assim entrei naquele carro em poucos segundos. Logo, Bill falou para os repórteres:

- Por favor, deixem minha esposa em paz. Ela está muito mal por tudo que aconteceu. 

- Mas, Bill, o que você acha disso tudo? - disse um dos repórteres.

2000Onde histórias criam vida. Descubra agora