Capítulo 1

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A única coisa que sabiam falar e gritar dentro da sala de aula era o nome de Hinata Shouyo.

A bagunça estava me irritando mais que o habitual.

A minha manhã infernal aconteceu como resultado de uma cena que se seguiu ontem. Hinata havia ganhado um aperto de mão de Kiyoko-senpai, e consecutivamente fez um escândalo sobre isso.

Sinceramente, não entendo o porquê de todas as pessoas da escola ficarem tão eufóricas em receber algo dela, afinal, Kiyoko Shimizu é só mais uma menina bonita do colégio.

A situação é até mesmo um pouco assustadora se eu paro para analisar bem. Dois garotos do segundo ano, Tanaka e Nishinoya, são apaixonados por Kiyoko. Tão apaixonados que criaram uma espécie de organização — um fã clube — só para ela. E o líder é Nishinoya, pois foi o único que recebeu — mesmo que sem querer — um tapa de Kiyoko Shimizu.

Se um tapa dado sem querer já foi motivo o suficiente para criarem um fã clube, eu estou pensando seriamente no que o emocionado do Hinata faria ao receber um aperto de mãos.

E a resposta correta era: fazer um inferno na minha manhã.

— Olha, é ele ali!

Todos da sala olharam rapidamente para a porta. Não me dei ao luxo de fazer isso. Já havia olheiros demais no ruivo, não precisava de mais um.

— Shouyo!

— Como foi?

As perguntas de repente cessaram, e isso atiçou a minha curiosidade, fui obrigado a lançar um pequeno olhar para a porta onde havia vários alunos se empurrando.

— Pessoal! Calma, calma! – Se pronunciou, pela voz fina, foi fácil perceber de quem pertencia. — Foi só um aperto de mãos!

— Como recebeu um aperto de mãos dela? — Três garotos perguntaram ao mesmo tempo.

— Bom... – A muvuca de pessoas começou a se mexer de volta para dentro da sala. Aquilo iria durar o resto do dia com toda certeza.

Tirei um lado do fone de ouvido e baixei um pouco a música. O som em meus ouvidos não fazia efeito contra aquele monte de vozes inúteis. E no fundo, queria prestar atenção no pronunciamento do ruivo. No fundo, talvez estivesse sentindo curiosidade, mesmo que por algum motivo minha barriga doesse.

Hinata foi para frente da lousa e se virou.

— Eu a salvei!

"Uou" todos expressaram juntos. E então mais perguntas se seguiram. "Como assim?", "explique direito!" e "salvou?". Reviro os olhos. Aquilo com certeza não era uma mentira, mas também não é para tanto.

Estou acostumado com os exageros de Hinata. Então, sabia que não seria nada demais e não teria motivos para fazer todo esse alvoroço. Só se ele quisesse me perturbar, o que ele também sabia fazer muito bem.

Queria que o professor chegasse logo e colocasse ordem na sala. Todas aquelas vozes agitadas estavam começando a dar dor de cabeça.

— Meninos de outras escolas vieram competir com o nosso colégio. No final da competição Kiyoko-senpai voltou para buscar meu almoço que eu havia esquecido em cima do banco — disse, disparado. Só de estar lembrando da cena dava para notar a euforia. O ritmo acelerado com o que falava era uma dessas características. — Eu achei muito estranho a demora e fui até lá ver o que tinha acontecido. Um garoto do outro colégio tentou pegar o número dela!

— E o que você fez?

— O que fez, Hinata?

Eu queria sumir daquela sala. Quanta ladainha, pensei, bufando e apoiando minha cabeça em minhas mãos.

Era só uma doença - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora