"Não me sinto bem"
Eu estava exausto demais para ser acordado só com o barulho leve de uma notificação na madrugada. Estava exausto e dopado de remédios para que conseguisse dormir naquela noite.
Acabei acordando normalmente, antes de ir para o colégio e quando vi a mensagem não tive tempo de responder e nem reagir. Uma mensagem da Senhora Hinata apitou.
"Oi, desculpa pedir isso, mas você pode vir aqui?"
Em um piscar de olhos eu estava entrando no quarto pensando no pior. Pensando que havia acontecido. Pensando que o tinha perdido. Pensando na discussão de ontem. Eu te odeio. Já podia sentir meus olhos ardendo.
Me surpreendi quando vi o ruivo, adormecido. O monitor cardíaco informava que não tinha nada de errado, e eu consegui respirar com mais calma, tentando me acalmar.
— Ah, Tobio-kun, me desculpe por não ter avisado o que era.
A mãe se levanta e caminha até chegar em mim. O semblante carregado de compaixão.
— Ele teve uma crise feia e me chamaram logo de manhã. Você pode ir para a minha casa e ficar com a Natsu? A irmãzinha do Shouyo?
Eu sabia que o ruivo tinha uma irmã pequena, mas isso não chegou a me assustar. O que me assustou foi ter recebido esse pedido da mãe de Hinata. Podemos dizer que eu não sou uma pessoa que crianças gostam. Elas sempre têm medo de mim, e às vezes penso que seja com razão. Crianças também me assustam.
— Fico, claro.
A mulher sorri e me entrega a chave da casa. Ela segura nas minhas mãos e me encara, como se soubesse exatamente o que o filho tinha dito anteriormente.
— Ele começou a ter paranóias agora. Fora a ansiedade. Não ligue se ele te disser algo que o magoe, ok? Me desculpe por tudo isso.
Eu não soube responder.
— Obrigada por sempre estar aqui.
Concordo com a cabeça e peço licença.
A caminho da casa de Hinata, minha mente rodopiava. Paranóias. Eu havia lido sobre a doença na internet, era realmente um dos sintomas que podiam desencadear junto de desorientação e possível ansiedade.
Minha mente voltou para o começo de tudo. Quando descobri a doença sem querer. Quando comecei a acompanhar Hinata e me preocupar. O dia que comecei a questionar por que meu coração estava se despedaçando cada vez mais ao entrar naquele quarto de hospital.
Esses questionamentos eram recorrentes. E principalmente agora, depois de receber um "eu te odeio", a dor que senti no peito não podia ser física. Fiquei feliz em pensar que a afirmação que ele me odiava era na verdade só mais um surto de ansiedade e paranóia.
Mas o que eu estava pensando?
Tentei respirar fundo e não surtar. Eu estava surtando. Definitivamente surtando. A noite anterior já havia rendido dor de cabeça o bastante, tanto que eu não teria dormido se não tivesse me drogado daquele jeito. Não posso ter mais um peso para pensar, fora de cogitação pensar em sentimentos.
E agora tinha a criança.
Tentava me acalmar. Talvez não fosse tão ruim. A irmãzinha de Hinata poderia gostar de mim, certo? Eu também não era de todo mal, mesmo que agora minha aparência não era lá das melhores por causa das olheiras e noites mal dormidas. Mas fora isso, eu poderia me sair bem, certo?
Voltando a realidade, encaro a porta da frente da casa e giro a chave na fechadura. Após entrar e tirar os sapatos, eu tranco a porta tentando fazer o mínimo barulho possível. Guardo as chaves no bolso, entrando pela primeira vez na casa de Hinata.
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Era só uma doença - KageHina
FanfictionNunca havia visto ele assim, e o ver desse jeito só me fez pensar como sou egoísta. Só queria ser feliz como ele, mas ele não era realmente feliz. "É só uma doença", vivia dizendo. Isso com certeza me deixava irritado, mas não queria discutir, só qu...