Zíper

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São 21:00, estamos nos arrumando para ir ao evento. Consigo sentir o medo de James exalar por todo o local, isso acaba me afetando também.

-Você está bem? -ele pergunta enquanto penteia os cabelos.

-Claro, estou tão bem quanto você -falo ironicamente

Enquanto nós conversamos, luto para fechar o zíper do meu vestido.

-Quer ajuda? -ele pergunta olhando para mim pelo reflexo do espelho.

-Que? -minha voz soa mais alta do que imaginei.

-Mariah, eu só estou me oferecendo para fechar o zíper do seu vestido, mas se quando chegarmos quiser ajuda para abrir -ele me olha com malicia, e ri.

Ele se aproxima de mim, o espaço entre nós é quase inexistente, ele me encara sem desviar o olhar.

-Se você não virar de costas, não vou ter como te ajudar -ele fala baixo, perto do meu ouvido.

Eu viro lentamente de costas, ele começa a subir o zíper do vestido lentamente.

-Pronto -ele diz enquanto se afasta de mim.

-Obrigada -meus lábios se mexem, mas a voz demora para sair.

Ele sorri ao perceber minha reação.

-Temos que ir -James retorna ao tom sério.

Ele começa a subir as escadas, para chegar à superfície, eu o acompanho. Quando entramos no carro, eu pergunto:

-Você não está com medo?

Ele liga o carro, e começa a dirigir.

-O máximo que pode acontecer, é ele me dar um tiro -ele tenta encobrir o medo que sente.

-Espero que não chegue a esse ponto.

Chegamos ao evento, não foi necessário nós apresentar, afinal, nós somos os Kellers, ou é isso que eles acreditam. As pessoas aqui, são todas simpáticas demais chega a ser um pouco assustador. Eu perdi as contas de quantas pessoas cumprimentei. James e eu já andamos pelo salão inteiro, pelo fato de ser uma festa de mascaras, fica muito difícil para identificar as pessoas. Mas ainda não encontramos o Sergio.

-Você quer beber alguma coisa? -James pergunta

-Uma água.

Ele me olha surpreso com a minha escolha.

-Costumo não me embriagar em serviço -dou uma piscadinha.

-Preciso seguir seu exemplo.

James caminha até o bar, eu o acompanho.

-Por favor, duas águas -ele acena chamando a atenção dos barmen.

O barmen pega as águas rapidamente e nos entrega. Sentamos por um tempo nas cadeiras do balcão.

-Preciso ir ao banheiro -eu falo

-Vou ficar esperando aqui, não demore.

O banheiro fica do outro lado do salão. Malditos Kellers foi praticamente impossível, chegar ao banheiro sem alguém para me barrar. Mas enfim consigo chegar no banheiro. Antes de sair, escuto a voz que nunca irei me confundir.

-O que você está me falando? -a voz dele é fria e firme.

-A menina está doente, ela não quer comer nada, e fica perguntando do pai o tempo todo.

-Eu não ligo, o seu único trabalho e cuidar de uma garota de 6 anos, e você não consegue.

-Sergio, eu já fiz de tudo, mas nada funciona.

-Você está sabendo que James e a delegada estão aqui, não sabe?

-Eu sei Sergio, mas...

-Presta a porra da atenção -sinto o ódio na voz dele -Eu vou resolver o problema com a garota, se eu me foder por sua causa, eu vou te mostrar que gosto tem o sangue.

Sergio sai rapidamente, eu tenho pouco tempo para avisar o James, e ir atrás dele. Eu começo a correr em direção do bar, tento não perder o Sergio de vista. Vejo James sentado no banco:

-Vamos -minha voz é ofegante

-O que aconteceu? -ele pergunta preocupado

Eu fico olhando para o Sergio, enquanto chamo ele.

-Mariah, o que está acontecendo?!

-Não dá tempo para explicar agora -eu o puxo pelo pulso

Entramos no carro e vejo Sergio saindo do estacionamento.

-Mariah me explica logo -James fala impaciente.

-Você está vendo aquele carro? -aponto para o carro -Siga, é o Sergio.

Sem hesitar, James começa a seguir o Sergio.

-Agora me diga, o que você escutou? -ele fala comigo concentrado na estrada.

-Eu estava saindo do banheiro, e escutei o Sergio brigando com um homem, aparentemente esse homem é encarregado de cuidar da Hannah.

-O que aconteceu com ela Mariah? -sinto o tom de raiva na voz dele.

-Ele falou que ela não está comendo nada, e fica perguntando por você.

-Para onde nos estamos indo?

-O Sergio disse que vai resolver o problema, então, acho que estamos indo para onde a Hannah está.

-Então nós vamos saber onde ela está?

-É o que parece. Mas hoje só iremos saber onde ela está, é muito perigoso entrarmos agora, desarmados sem saber o que está nos esperando.

-É você está certa, mas precisamos pensar em algo logo, não quero deixá-la nenhum segundo a mais com esse desgraçado.

-Vamos pensar em algo.

Continuamos a seguir o carro, até chegarmos perto de uma casa no meio do nada. Sergio desse do carro e entra em uma mansão.

-É uma droga saber onde ela está, e não poder ir lá -ele fala olhando para a mansão.

-Nós vamos voltar -bato no braço dele -Mas temos que sair daqui logo.

Voltamos para o abrigo. James caminha até o mini bar.

-Você ainda está em serviço? -ele sorri enquanto pega uma garrafa de tequila, e liga o som.

-Não, não estou -dou uma risada.

Ele me serve, e senta no sofá, eu faço o mesmo.

-Você já parou para pensar, que amanhã pode ser nosso ultimo dia juntos? -James fala

-Não tinha pensado nisso. -falo virando o copo.

Ele me observa, e diz:

-Que tal me conceder uma dança? -ele levanta e me oferece a mão.

Eu começo a rir.

-E então? -os olhos dele brilham.

-Ok, você venceu -eu seguro na mão dele.

A musica é agitada, nós inventamos alguns passos estranhos, mas a música é substituída por uma mais calma. James me puxa mais para perto, e coloca a mão na altura da minha cintura. Começamos a dançar uma espécie de valsa. De repente ele me beija, a musica se torna mais baixa, quase inaudível, nossas respirações se sincronizam, e se tornam altas e dificultosas.

-Você precisa de ajuda para abrir o vestido? -James sorri enquanto pergunta, sem afastar a boca da minha.

Eu confirmo, isso faz o beijo se tornar mais forte e desesperado. Em pouco tempo nossas roupas tomam conta do chão.



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Vinte De Maio (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora