Custe O que Custar

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Entro no banheiro, e abro a gaveta para pegar as tintas. Havia me esquecido do meu celular, decido dar uma olhada. Assim que eu o ligo, as mensagens salvas aparecem: ''Mariah que droga você fez? -coronel'' ''Mariah, você matou o seu porteiro? -Carla'' ''Mariah eu estou ficando preocupada, é verdade isso tudo? -Layla''.

Não posso responde-los, e eu não faço ideia se um dia eu vou vê-los novamente. Minha vida mudou do dia para a noite, de uma delegada que fazia tudo de acordo com a lei, para uma assassina foragida. Coloco o celular no bolso, preciso me livrar de qualquer coisa, que me entregue de alguma forma.

Enfim, eu pego uma tinta de cabelo ruiva, talvez ela possa combinar comigo. A tarefa de pintar os cabelos não é tão difícil para mim, eu já fiz isso algumas vezes para a dona Lurdes. Descoloro o cabelo, e depois aplico a tinta ruiva.

-Nada mal, Mariah -eu digo me olhando no espelho.

Saio do banheiro. James e Chloe estão olhando para a tela do computador.

-Então, estou irreconhecível? -digo com ironia.

Eles desviam o olhar da tela por um momento e me olham.

-Irreconhecível eu não sei, mas você está muito bonita -Chloe diz

-Sim, você está muito bonita. Se estivéssemos na boate, eu pediria para colocar sua bebida na minha conta -ele rir.

-Ok, obrigada aos dois. Mas vocês conseguiram descobrir algo?

-Não, nada. -Chloe fala decepcionada.

-Então, nós temos que apostar tudo nessa floresta. -Eu falo

Eu caminho até a lareira e a acendo. Retiro o celular do bolso, tiro a bateria e o jogo na lareira.

-Você leu as mensagens? -James fala enquanto senta no sofá.

-Sim, eu li algumas.

Chloe levanta e se junta a nós.

-Se vocês conseguirem o pen drive, qual convidado vocês vão escolher? -ela pergunta.

-Qual numero você não gosta? -James pergunta.

-Três, porquê? -ela pergunta confusa.

-Quando conseguirmos o pen drive, iremos roubar o convite do número três da lista.

-E o que vocês vão fazer com ele?

O James olha para mim.

-Iremos fazer o necessário. -eu respondo.

-O necessário -ela fala debochando -O necessário para você era tocar fogo em um ônibus com 3 homens dentro, o necessário para você era ameaçar uma enfermeira, o necessário para você era matar o seu porteiro. Eu te ajudei porquê achei que você iria fazer a justiça do jeito correto, mas parece que eu me enganei.

-Eu pedi para ela me ajudar a tocar fogo no ônibus, Chloe. E você está exagerando. -James diz.

-Vocês querem roubar o convite de um homem aleatório, que pode ter uma família, e matar ele, e eu estou exagerando?

-Então o que você está fazendo aqui Chloe? Que eu saiba você também é tão foragida quanto nós. Você também tem um passado bem misterioso e obscuro com o Sergio. Você que me procurou. Então não ache que você é menos criminosa que nós, só porquê não matou ninguém. -eu falo.

Ela volta para os computadores, sem dizer nada. Eu me jogo na outra ponta do sofá.

-Espero que a atitude dela não nos traga problemas -ele diz.

-Eu também.

-Estamos longe de encontrá-la -James diz olhando para a lareira.

-Você acha que o Sergio pode fazer algum mal para ela?

-Eu espero que não Mariah. Você não imagina o quanto eu já a procurei.

-Nós vamos encontrá-la James, custe o que custar.

-Custe o que custar -ele repete a palavra.

Chloe sai do computador e vai dormir.

-E as mensagens?

-Todas perguntado, onde eu estava e o que eu fiz

-São boas perguntas -ele rir.

-Não posso negar -dou uma risada.

Nós ficamos por um tempo olhando a lenha queimar na lareira, e um leve cheiro de plástico queimado do celular.

-Como você se sente, sendo uma ex delegada, e foragida da justiça? -ele me pergunta tranquilamente.

-Eu sempre achei que o meu pai era a pior pessoa do mundo, e que ele merecia ter morrido na missão. Talvez parte da minha raiva tenha sido por ele ter me deixado, e que tenha sido o motivo da morte da minha mãe. Mas eu matei um homem e entreguei a morte nas mãos de uma mulher. Eu acho que ele não vai ficar triste com o segundo lugar -tento forçar um sorriso -E você James, o que o fez chegar aqui?

-Eu trabalhava em uma cafeteria, a Hannah tinha acabado de nascer, eu não tinha dinheiro o suficiente para comprar as coisas necessárias para ela. Um colega me falou de um cara que podia me emprestar um dinheiro, eu só precisaria fazer um serviço para ele, para quitar a dívida. Então esse meu colega falou como eu poderia encontrar ele, e foi isso que eu fiz. Eu fui lá e ele se apresentou como Sergio, eu expliquei para ele a situação, ele aproveitou da minha situação para saber mais sobre mim, logo de começo ele me deu 50 mil. Eu não era nenhum inocente, e não quero que você ache isso. Então, ele me disse o que eu tinha que fazer, eu lembro como se fosse ontem: ''Você só precisa ficar de olho nesse container, e ver se ninguém aparece, se alguém aparecer atire para matar'' Ele me dizia para não ficar muito perto do container. Foi nesse dia que eu matei o primeiro homem, eu lembro dele até hoje. Depois eu falei para o Sergio que eu não iria mais trabalhar para ele, ele disse que se eu parasse ele iria fazer da minha vida um inferno. E ele fez. Eu ignorei a ameaça dele e fui embora, alguns dias se passaram e eu achei que estava tudo bem. Quando eu cheguei do trabalho a minha namorada estava morta e a Hannah estava no berço chorando. A partir daquele dia eu prometi para mim mesmo que vingaria a morte dela, e que eu não deixaria nada de ruim acontecer com a Hannah, bem essa promessa eu não ando cumprindo.

-Bem...eu acho que você está certo, nós não somos tão diferentes.

Ele dá uma gargalhada.

-Melhor irmos dormir, amanhã temos que planejar tudo -ele diz.

Eu apago a lareira, e nós arrumamos os colchonetes.

Em poucos minutos dormimos.


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Vinte De Maio (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora