Pelo Resto de Nossas Vidas

xoxo, Missy

Geralmente, a lista de recados e pedidos de Missy que Nardole trazia toda semana incluíam coisas que toda dama (do mal) quer: quinhentos produtos capilares, uma bazuca, um canhão de laser e uma paleta de sombras da MAC. Era por essas listas que o Doutor costumava analisar o progresso de Missy, pelo menos no começo, mas ele temia que ela havia percebido seu método e começado a zoar ele.

No entanto, recentemente, Missy havia mandado uma lista bastante específica. Pétalas de rosas vermelhas, um karaokê, lençóis de veludo roxo, um violoncelista - ela escreveu em sua lista: Violoncelos têm um som tão mais bonito e grave, trágico, e você sabe que eu adoro uma tragédia. Ah, e o violoncelista precisa ser gato, ou eu bato nele com o violoncelo. xoxo Missy -, um par de Jimmy Choos, 60 garrafas de champanhe e o Doutor.

Ah, e: Um traje. Para mim. Seja criativo e me diga o que quer que eu vista.

xoxo Missy

Enquanto o Doutor lia a lista, Nardole estava parado diante de sua mesa. O Doutor olhou para ele por cima do papel.

"O que foi?"

"Estou aguardando seus vetos."

O Doutor arrumou-se em sua poltrona. Ela parecia bem desconfortável por um momento.

"Acho que já chegamos em um ponto da nossa parceria em que não posso mais julgar o conteúdo dos pedidos", comentou Nardole.

Erguendo uma sobrancelha, o Doutor colocou a lista sobre a mesa, e cruzou as mãos em cima dela. "Chame a Bill", ordenou.

Nardole fez que ia se virar para sair, mas voltou-se novamente para o Doutor: "O que acha que Bill pode conseguir que eu não posso?"

"Conselhos."

"Eu posso te dar conselhos."

"Você já tem acúmulo de função aqui, Nardole. Chame a Bill."

Nardole deu de ombros em derrota. Após ele sair pela porta, o Doutor gritou: "Diga que é uma urgência!"

Bill entrou no escritório cerca de cinco minutos depois, ofegante, seguida por Nardole. "O que houve??"

Impassível em sua poltrona, o Doutor pediu para que Nardole os deixasse a sós. Bill se manteve de pé, e os dois começaram um jogo de encarar que durou por alguns minutos, até que a ficha dela caiu:

"Não tem urgência nenhuma, não é?"

"Depende de como você julga minha situação. Sente-se, Bill", e ela fez como lhe foi pedido. O Doutor deslizou pela mesa a lista, que a jovem recolheu. Ele assistiu as expressões cômicas em seu rosto, enquanto seus olhos corriam por cada item, até que suas sobrancelhas se ergueram em espanto ao chegar ao último.

"Oooook, por que tá me mostrando isso?"

"Porque eu preciso entender."

Ela o olhou com descrença.

"Entender o que? Acho que já tá bem claro isso aqui. E eu sinceramente não queria que tivesse; Isso é o que as pessoas falam sobre quando seus pais atingem a crise de meia idade, compram carros esportivos, baixam tinder e começam a perguntar o que tem de novo no... sexo. Ai, credo Doutor, sinceramente...", ela balançou a cabeça em desgosto, e deixou a lista em cima da mesa.

O Doutor parecia uma criança confusa.

"Você acha que é isso que ela quer?"

Bill o olhou como se ele tivesse crescido outra cabeça.

"Você não acha?"

O Doutor se reclinou na poltrona. "Eu não desço lá há algum tempo. Cerca de seis meses. E do nada ela me manda uma lista dessa. Ela tá tirando com a minha cara, não é? Ou está falando sério?"