Ghuatua

Chamas

Demorou para o pavor da ghuatua diminuir,mas após alguns minutos,o terror brevemente se foi de seu coração.
Este tempo foi o suficiente para a jovem erguer sua cabeça, e observar a sua volta.

A ghuatua nota que não há nada além de uma densa, e sufocante neblina,junto a um silêncio esmagador.

Sentindo o pavor aumentar novamente, k'larga se ergue do solo e corre sem direção.
A euforia se uni ao desespero,forçando a ghuatua correr a toda velocidade.

Seu profundo pavor ocasionou em diversos tropeços no caminho,todas as vezes que foi ao solo de forma brutal, ganhou algumas escoriações e muitos hematomas.

Não muito distante da jovem ghuatua,se é possível ouvir precariamente, o estalo da madeira se dividindo, e liberando o vapor de seu interior.

Não é nada agradável ou relaxante,pois a quantia é enorme. O assobio do vento é intimidador,a neblina é sobrepujada, pela fumaça da queimada.

Os olhos de k'larga ardem,sua respiração torna-se difícil,e o avanço das chamas se aproxima com velocidade. A voracidade das chamas e sua temperatura infernal, é algo jamais visto ou sentido pela ghuatua.

Correndo por sua vida, k'larga vai na direção leste, atravessa com pressa alguns regatos e uma floresta de bambú rosa,mas por fim,se distância da fumaça e o mundo a sua volta está nítido uma vez mais.

Ao chegar numa trilha, k'larga se dirige para o sul,chegando num campo de flores verdes,produtoras de um mel azulado. Este campo fica muito próximo a sua casa,algo que anima a jovem.

Mas ao olhar para trás,sua animação se vai com a mesma velocidade que surgiu. K'larga presencia a queima voraz das florestas.
O fogo se espalhou com velocidade tremenda,e se aproxima de sua casa, junto ao vento.

Se aproveitando do declive do morro em que se encontra, k'larga se joga e escorrega pelo limo branco encrustado na pedra, exatamente como quando era criança.
A queda a leva para o costumeiro rio profundo abaixo do morro,o rio nunca foi feroz ou gelado,mas desta vez o mesmo está fervendo.

A agonia da água fervente faz o pânico ressurgir,o desespero para chagar a margem do rio é terrível. A água queima a pele frágil da ghuatua com velocidade absurda,comparada exatamente com a queima de um frágil papel.

Ao chegar a margem,as pequenas pedras queimam a sola dos pés da jovem, pois também estão terrivelmente quentes. Por todo o corpo de k'larga,se espalham bolhas,sua pele está manchada e avermelhada,desprendendo algumas camadas. A dor e o inchaço lhe provocam desespero.

O forte vento que domina o mundo de Rastchy chega forte até k'larga,lhe provocando mais agonia. Suas lágrimas quentes, provocam uma dor lancinante.

Desejando chegar até seus familiares,a obstinada ghuatua ignora sua dor como lhe é possível,e segue seu caminho com dificuldade. A iluminação da queimada é hipnótica, e terrível. O fogo avança como uma criatura furiosa e faminta.

Ao chegar em sua tribo, k'larga percebe o vazio no local, percebendo imediatamente que todos rumaram para um local seguro. No entanto,a segurança não existe,já que as chamas devoram tudo o que tocam.

K'larga chega na grande tenda de sua família,e bastou apenas um passo para ir ao solo inconsciente,dado ao seu esforço. A jovem foi encontrada por um de sua tribo,onde este havia voltado para pegar mais suprimentos.

Ao abrir seus olhos, k'larga sente seu corpo pesado e úmido.
A ghuatua está deitada num amontoado de mato seco, totalmente coberta por verdes folhas largas,repletas de lama,saliva de lagarto incandescente,e ervas diversas.

Este é o modo de cura veloz do povo de Rastchy,passando por gerações,e ensinados por uma manifestação da natureza,um ser na forma híbrida de um animal selvagem enorme,terra e vegetação. Este ser é tido como o deus supremo deste povo,nomeado pelos ghuatua de Twan.

O alívio sentido por k'larga é uma benção,porém, infelizmente esta benção não se encontra pelo mundo aveludado de Rastchy. O mundo se encontra em caos total,colunas de fogo rompem o solo, e destroem as nuvens. O mundo, é iluminado por um fogo violento.

Ventos brutais carregam consigo tudo o que podem,desde tendas, a pedaços enormes de vegetação. Aliada ao vendaval,uma impetuosa torrente de gelo,safiras e rubis de tamanho anormal,castiga o mundo dos ghuatua.

K'larga se encontra numa caverna,junto a tantos outros de várias tribos.

O local é enorme,podendo facilmente habitar todas as tribos em seu interior. Um fato conhecido apenas pelos patriarcas mais antigos das tribos, é de que este lugar se trata de uma caverna dimensional.

Onde em seu fim,se encontra uma passagem para outro mundo. No entanto tal passagem nunca foi usada,ela foi apenas mostrada pela entidade Twan, há muitas gerações passados.

Ao se erguer de súbito, k'larga nota que seus ferimentos estão brevemente curados,e suas forças voltando. Em desespero,deixa seu leito e parte para procurar seus pais.

Fora da caverna o mundo se contorce em agonia,o oceano esquenta numa velocidade extraordinária,onde nem mesmo o breve vôo dos peixes albinos, pode salva-los de seu destino cruel. Não há uma floresta que não esteja em chamas,a grande maioria dos animais selvagens se foram.

Durante este pânico esmagador,um milagre aconteceu,a rainha cerva surgiu de sua ponte boreal, salvando o maior número possível da fauna.

Mas antes de toda destruição,e após Inktooth passar pelo pomar onde k'larga se encontrava, imersa em pavor.
A cria estelar encontrou Neblor.