Missão de Amor

64.

Andrew PoV

A Meredith está dormindo nos meus braços mas eu não consigo me acalmar o suficiente pra dormir, eu não sei o que faria se eu encontrasse o Jeff na minha frente, eu sinto que tem muito mais nessa história, ela não culpa o Jeff, então provavelmente ela se culpa, não sei se pelo fim do relacionamento ou pela perda do bebê, eu ainda vou tentar conversar com ela sobre tudo isso, no momento, eu só quero que ela fique bem, quero afastar essa tristeza no olhar, na voz, no rosto, quero estar aqui pra ela e isso basta.

Não sei em que momento eu peguei no sono ou quanto tempo passou, mas ainda é noite quando acordamos assustados, ao som de muitos tiros, a Meredith pula da cama

- Droga

Eu levanto também e antes de sair do quarto, ela segura minha mão

- É uma das piores situações aqui, terão muitas mortes e precisamos trabalhar rápido, ajudar o máximo que der

Nós continuamos ouvindo os tiros e agora muitos gritos, a Meredith continua

- Andrew, eu sei que é muito difícil mas vai acontecer de ter que desistir de alguns pacientes, Richard vai passar todas as informações, mas as vezes pra salvar dois ou três, será necessário ver alguém gritar de dor até morrer

Eu engulo em seco e só concordo

- Vamos?

Eu chamo

- Não, só quando parar, não tem como saber se eles estão se aproximando ou não

A Meredith explica muito séria

- Eu não posso ser visto saindo daqui

- Acredite, isso é o de menos

Nós dois sentamos na cama e esperamos, tão repentinamente quanto começou tudo para e o silêncio toma conta, a Meredith fecha os olhos, respira fundo e só abre quando os gritos desesperados recomeçam, ela levanta

- Vamos

Nós dois saímos do quarto e todo mundo tá saindo também, entramos no refeitório sem dizer nenhuma palavra, Dr Webber chega lá sério como eu nunca vi

- Eu não vou negar pra vocês que será horrível, pela quantidade de disparos, foi intenso, balas alojadas profundamente é medicamento pra dor e próximo paciente, se você precisar de ajuda é melhor passar pra outro paciente ou vocês vão perder dois, terá muitos gritos e não vai dar tempo de conversar com o paciente, então façam o que estão vendo, tentem e não se culpem, os únicos culpados por tudo isso são os que estão com as armas nas mãos, qualquer informação sobre paciente, só durante o dia, vocês precisam ficar calmos porquê serão as únicas pessoas calmas, é isso

É como se o Dr Webber tivesse um cronômetro perfeito, assim que ele para de falar, os gritos se intensificam e as batidas do portão parece que vão derrubar, Link e Webber saem do refeitório correndo pra abrir e a Dra Bailey vira pra gente

- Cada um em um sala, Helm e eu vamos tentar amenizar a confusão aqui fora e logo começaremos a atender, alguma pergunta? Não, ótimo, vão

Nós saímos correndo e eu tenho certeza que eu nunca vou esquecer aquela cena, o dia amanhecendo e uma multidão de pessoas entrando ao mesmo tempo, cheios de sangue, se arrastando, chorando, gritando, uns aparando os outros, mais alguns tentando passar pela multidão, o barulho é ensurdecedor, a visão é traumatizante, por alguns segundos, eu fico em choque