Missão de Amor

59.

Meredith PoV

Pensar em terminar com o Andrew estava doendo mais do que eu pensei mas quando eu realmente disse as palavras, parecia que a dor ia me sufocar de tão forte, eu saí do banco direto pro quarto e as lágrimas ardendo nos meus olhos, eu entro e fecho a porta, encosto nela e puxo o ar com força pra respirar, é como se algo me impede de conseguir respirar fundo, eu não vou chorar, aconteceu como tinha que ser, ainda bem que chegou ao fim sem que ninguém se machucasse de verdade mesmo que a dor em mim seja muito real, olhar pro quarto lembra o Andrew em cada parte, eu corro pra cama e me jogo nela, fecho os olhos com força e tento afastar o fantasma da presença dele.

De novo aquela sensação me invade, a sensação de ter sido abandonada, de estar completamente sozinha, como eu me senti quando eu descobri tudo sobre o bebê e a esterilidade, eu fecho os olhos com força, não vou me deixar levar por essas lembranças, eu luto contra elas e contra as lágrimas até, finalmente, conseguir dormir.

Flashback em sonho

- Meredith, nós podemos ter outros filhos mais tarde, não era a hora agora

O Jeff diz, muito sério, ao lado da cama, eu não consigo olhar pra ele, tá doendo mais do que eu imaginei, tem um mês que eu descobri a gravidez, eu fiquei assustada mas depois, eu quis tanto e agora... tudo é vazio e eu quero chorar, não quero ouvir que não estava na hora, eu só quero meu bebê de volta, opto por não responder, a médica volta pro quarto

- Como está se sentindo, Dra Grey?

Ela me pergunta séria, eu não gostei do tom de voz

- Cansada

- Nós podemos conversar mais tarde, então

Ela diz sem olhar nos meus olhos e eu tenho certeza que tem algo a mais

- Não, tem mais alguma coisa, diga agora

O Jeff diz elevando o tom de voz, a médica olha pra ele muito séria

- Isso não é sobre você, Dra Rhodes, Meredith, você quer conversar agora ou mais tarde?

Eu respiro fundo e fecho os olhos

- Pode dizer

Então a médica começa a explicar sobre as complicações que tiveram no aborto e como isso resultou em esterilidade, parece que alguém tá rasgando meu coração com as mãos, eu mal ouço as explicações técnicas, o Jeff sai do quarto e eu me assusto quando ele bate a porta, a médica me abraça e eu, finalmente, me permito chorar, eu nunca me senti tão sozinha.

Os meus pais chegaram, os pais do Jeff também mas nenhum dos quatro ficou muito tempo, ninguém sabia o que dizer, já o Jeff se manteve longe, o tempo todo, eu sei que ele estava lidando com a própria dor mas eu queria que isso fosse compartilhado, nós precisávamos passar por isso juntos e não aconteceu.

Nas semanas seguintes, enquanto eu fiquei de repouso, ele não parava em casa e mal falava comigo, depois de quinze dias, eu desisti de esperar, estava sentada na sala quando ele chegou

- Jeff, nós precisamos conversar

- Eu tô cansado, Meredith, depois