O Ancestral Kim Taehyung

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O Arcanjo Namjoon apenas observou o momento de calma, pois sabia que estava cumprindo seu dever e conseguir salvar todos seus amigos de estrada, estava sendo muito importante para ele. Sorriu mais uma vez para Maze que agora possuía uma chama de esperança no olhar devido as lembranças e aos desejos de seu pai de ver ela feliz e alegre como sempre foi.
Ao sorrir, Nam se virou com expressão séria para o outro lado do quarto, os olhos cerrados demonstravam preocupação com os outros dois anjos, pois a cada segundo que passava no mundo dos humanos, aquela realidade celestial era totalmente diferente.

A noite ainda era a mesma do dia das bruxas, a mansão estava vazia, e Nam voava pelas escuridões pessoais de cada um, pois ainda havia duas meninas a serem salvas. No bater de asas ele pode escutar uma música clássica tocando, o piano e violino rasgavam o vento, o toque era melancólico, mas muito agradável, o arcanjo sabia que estava viajando para outra era, a época em que viveu Kim Taehyung.

Ao bater as asas se aproximando do solo, Namjoon percebeu que realmente era 1965, as roupas das pessoas andando pela cidade eram da época, ele já esteve presente nas lembranças de Taehyung que vinha de outra década. Carros antigos passeavam por todo o centro, o clima era alegre, risadas das moças usando saias enormes que iam até a canela, vestidos com bolinhas, agora uma música mais num tom rock cortava o vento, os olhos do Arcanjo procuravam por Tae e a menina que estava com ele. Elvis tocava ao fundo, o som das conversas e do barulho dos veículos deixavam o líder um pouco confuso. Ele resolveu usar de seus poderes para controlar o tempo, subiu novamente até o alto daquela confusão de pessoas e ao bater suas belas asas brancas e grandes ele sentiu tudo desacelerando.

NAMJOON: - Apareça, Tae. Eu sei que está por aqui.

TAE: - Como de costume, meu caro. – O Anjo se levantou de uma das mesinhas que estava comendo um macarrão coreano, e nela estava sentada Júlia. Taehyung segurava na mão esquerda um jornal e na outra tinha um charuto, que logo ao terminar a frase levou a boca e deu umas tragadas e logo soltou fumaça na direção do Arcanjo. Era bem vestido com roupa social, um terno preto que condizia com a calça e uma camisa branca por baixo. Nos pés, o mesmo usava algo bem confortável e nada combinando com a roupa.

NAMJOON: - Eu vim buscar a menina, não podemos segurar mais estas pobres meninas em nossos devaneios celestiais. – disse em tom de ordem, com a voz mais grossa e logo desceu ao solo pairando sobre o ar fechando as asas ao encostar os pés no chão.

TAE: - Sabe de uma coisa, Namjoon. Eu sempre te respeitei, pois você sempre esteve perto do Pai e suas ordens, sempre buscou o bem, mesmo nossas almas não existindo mais você enxerga uma bondade num mundo que já não existe. Eu acabei morrendo por complicações da idade logo no início dos anos 2000, mas foi nesse lugarzinho que eu vivi minhas melhores épocas e foi aqui que tive meu primeiro amor aos 28, eu gosto de me lembrar como ela me olhava, eu gosto de sentir isso. Pode parecer isso, mas a menina, quis vir até aqui, ela se jogou em meus braços naquele corredor sem nem pestanejar e quando perguntei se ela queria dar uma volta, ela veio. Ela nos ama, sem nem pensar, eu sinto falta deste amor incondicional sabe, tudo era tão verdadeiro, éramos tão livres... – o menor seguiu as palavras e logo se sentava novamente em frente a Júlia que estava encarando o Anjo, o tempo ainda estava em câmera lenta, o tempo estava mexido devido aos poderes do Arcanjo.
 
E ao sentar novamente ele simplesmente olhou para o Arcanjo com a expressão triste, abriu as asas pretas e olhou para a menor que estava parada.

TAE: - Talvez você não tenha percebido ainda, mas cada uma delas está aqui porque quer, apesar de ser nossos traumas e sonhos mais profundos, elas nos seguiriam em qualquer canto do planeta. Isso é louco né? Nem a mulher que mais amei, faria isso por mim, e hoje, posso experimentar este sentimento com esta bela moça novamente. Porque sei que esta bela criança, faria tudo por minha alegria. -Tocou com o polegar no nariz da menor e sorriu de volta para o Arcanjo.

NAMJOON:- Você está completamente louco, Tae! Esta menina tem idade pra ser sua filha, aos olhos do mundo atual em que vivemos, você tem 25 anos nos dias mundanos e nos celestiais então nem se fala...

TAE: - E quem disse que este é um passeio romântico? Quem sabe eu tenha idade para ser pai dela mesmo... Ou até mesmo avô... -

NAMJOON:- Não me diga que-e... -Abriu a boca e apontou para Júlia.

TAE: - Exatamente, meu caro. Eu e Hwang Ye-ji tivemos uma filha, esta filha teve uma filha... Esta moça que está sentada a sua frente, é minha neta. Júlia Hwang. Te apresento uma moça muito sapeca, que teve a ideia das meninas entrarem na mansão, mas que tem um coração enorme. Eu a amo, com todas minhas forças. E igualmente, mesmo sem motivo, ela me ama.

E te pergunto, o mundo é pequeno né? Quando ela estava assustada com a aparição dos nossos irmãos anjos, ela acabou caindo em meus braços. Logo soube que aquele olhar e aquelas maças rosadas do rosto eram da minha filha. Puxou muito a beleza da família, modéstia a parte.

Namjoon escutava atencioso a cada palavra do Anjo, e entendia a situação e o porquê que o mesmo fugiu pra longe com a menina, diferente dos outros, Taehyung tinha o coração muito puro, o Arcanjo estava mesmo se perguntando o porquê dele ter fugido com esta menina mas agora tudo se encaixava perfeitamente. Taehyung era avô de Júlia e ele só estava aproveitando o amor da neta, a calmaria da lembrança, os dois ali comendo juntos, talvez isso nunca havia acontecido antes, devido a extrema fama que o mesmo conseguiu com os meninos, Namjoon entendia cada motivo dos demais, e este, em específico. Ele entendia mais ainda. Por um instante ao pensar nos desejos do criador em não misturar meninas mundanas e armys fãs incondicionais com os meninos em sua forma angelical, ele pensou também no sentimento do Anjo, e foi então que Nam estalou os dedos e o tempo voltou a ser o que era naquela situação, o Arcanjo bateu as asas e sumiu no tempo.

Ele poderia dar mais um tempo aos dois, apesar de ser errado brincar com isso, antes de tudo o maior teve coração e entendeu a situação, piscou pro anjo e logo depois sorriu pra menina que olhava os dois com a expressão encantada. Ela possuía uma franja em frente aos olhos, óculos que estava meio embaçado de tantas lágrimas da conversa que tinha com Taehyung e logo ao ver o Arcanjo ela sorriu mais uma vez e seguiu a conversa com seu avô; O violino tomou conta da cena mais uma vez e a música clássica tocava pela cidade, desta vez o toque era alegre e alto astral.
 
O momento em família foi perfeito, o sentimento era verdadeiro, mas logo Namjoon teve que voltar seus olhos pro alto e seguir seu rumo ao encontro do último Anjo e última menina desaparecida naquela noite, onde estariam Jeon Jungkook e Beatriz?

A expressão do Arcanjo era preocupada pois sabia de um segredo que não poderia contar a eles ainda...

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