Capítulo 6 - Dia 30 de Agosto

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Mas um dia na escola, e está sendo pior do que previa. Chegando na escola os mesmos olhares de ontem apareceram, mas hoje algumas pessoas nem me olham mais, ainda bem. Pego meus materiais e vou para a sala, me sentando na minha mesa. Após alguns minutos, Ben entra na sala e vai para o seu lugar. Seus olhos logo se encontram com os meus, sorrio fraco para ele que retribui fazendo o mesmo. Mas nossa troca de olhares é interrompida por Valerie que se senta no seu lugar e me chama.

- Clear!

- Oi? - Digo me virando para ela.

- O que foi isso?

- Isso o que?

- Como isso o que. Estou falando dessa troca de olhares e sorrisinhos com o Ben. - Diz me olhando maliciosa.

- Que?! O que você está insinuando?

- Não estou insinuando nada, só estou notando essa troca de olhares e sorrisinho, e nem vem falar que foi impressão minha porque também notei isso ontem na arquibancada. Ou você acha que eu não vi?

- Olha, eu não sei o que você está querendo dizer, mas já estou dizendo que não tem nada.

- Você sabe que eu nunca vou te julgar se você ficar com ele, toda forma de amor é livre, independente da pessoa. - Valerie fala abrindo um livro.

Olho para Valerie indignada. - Está louca Valerie? Olha o que você está falando. Eu nunca ia ficar com o namorado da minha melhor amiga, mesmo que ela esteja morta.

- Não fala isso, ninguém entende das coisas do coração, e se você sentir algo não se sinta culpada. Não tem como prever as coisas do coração.

- Para de falar merda Valerie! - Falo um pouco irritada. - Você precisa fazer terapia mais do que eu.

- Como assim mais do que você? Você está fazendo terapia agora?

- Sim.

- Achei que você não queria fazer terapia.

- E não quero. A Camille que me obrigou, e ela me prometeu que não ia ter conversa, e assim espero.

A professora de matemática entra na sala interrompendo minha conversa com Valerie e começando a dar sua aula.

As aulas passaram rapidamente, logo se deu o horário de saída. Na saída em meio a multidão consegui achar Valerie novamente.

- Valerie! - A chamei e ela se virou para mim.

- Oi!

- Você quer ir lá em casa para passar um tempo e me ajudar a resolver aqueles problemas. - Falei disfarçando, não podia falar da investigação na frente daquele tanto de gente. - Mas vou ter que ficar para a terapia. - Digo revirando os olhos.

- Ok eu vou, só vou passar na minha casa e avisar a minha mãe.

Concordei com a cabeça e fui para a sala da Camille. Bati duas vezes na porta e ela se abriu e vi Camille com um sorriso enorme no rosto.

- Entre.

Entrei na sala e me sentei num sofá que havia no meio da sala. A sala era muito acolhedora e me trazia uma sensação de paz, acho que esse é o intuito.

- Pensei que você não viria. - Falou pegando café em uma máquina de café. - Aceita? - Perguntou erguendo sua xícara para mim.

- Sim. - Ela enche outra xícara e se senta em uma cadeira na minha frente, me entregando uma xícara. - Obrigada.

Ficamos por muitos minutos em silêncio.

- Já que estamos aqui, por que você não me conta como está lidan...

- Não Camille. - Digo interrompendo-a. - Combinamos que não ia ter conversa.

- Eu sei que você não quer Clear, mas pode ser bom para você, desabafar com alguém, você pode se sentir segura.

- Se eu quisesse fazer terapia eu tinha te pedido não tinha? Mas não pedi, estou aqui por obrigação. E nem perca seu precioso tempo tentando me convencer. - Digo rude.

- Clear, por favor...

- Não e não Camille. Esse não era o combinado. - Levanto do sofá e vou em direção a porta, mas quando passo do lado da cadeira dela, ela segura meu braço de leve.

- Só me escuta, por favor. - Disse me olhando. Voltei para o sofá e me sentei novamente.

- Fala.

- Eu não vou te obrigar a falar comigo, mas queria que você fizesse isso por você e todas as pessoas ao seu redor, até mesmo a Amy queria ver você bem agora, tenho certeza. Com a terapia você vai se sentir melhor. Por favor Clear faça isso por você.

Olho para ela por alguns minutos pensando em suas palavras e então olho para o relógio. E felizmente ele marca exatamente a hora em que essa terapia acabaria.

- Acabou a sessão Camille. Muito obrigada por hoje. - Falo irônica e vou em direção a porta, ela confere as horas no seu relógio de pulso.

- Clear. - Me chama fazendo virar para ela. - Pensa no que te falei.

Saio daquela sala e da escola. Quase aceitei sua proposta. Chego em casa e ligo para Valerie que logo chega aqui. Logo nos trancamos no meu quarto. Abri meu notebook e entrei no site que Amy escreveu no diário.

- Aqui, temos que criar uma conta. Bem, eu vou colocar o meu nome mesmo.

- Não é perigoso Clear?

- Vai ser pior se ele descobrir que estou usando um nome falso.

Criei minha conta e joguei em pesquisar o e-mail do traficante. E então achei o seu perfil, não possuía foto de perfil e sua descrição era:

"Se estiver para baixo e procurar algo para te animar estou aqui, é só entrar em contato e trocamos um papo."

- Porra Clear, tem certeza disso?

- Absoluta, eu vou tomar cuidado.

Entro no chat com ele e mando uma mensagem:

" Oi, você disse que está disposto a ajudar pessoas com problemas pessoais. Meus pais acabaram de se separar e estão brigando o tempo todo pela minha guarda. Está sendo um inferno viver assim, não sei o que fazer. Me aconselharia algo?"

Clico em enviar. - Pronto, agora não tem como voltar atrás. - Olho para Valerie apreensiva, não sei o que esperar daqui para frente.

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