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Candice checou sua aparência no espelho umas quinze vezes. Ela veria Mavis e estava extremamente ansiosa. Usava uma blusa rosa, sem mangas que revelavam seus braços, agora um pouco mais rechonchudos e bronzeados das manhãs de sol na clínica. Se havia algo que surpreenderia qualquer pessoa era sua aparência. Os olhos antes sem vida, agora tinham um brilho especial, o corpo começava a ter suas curvas de volta e os cabelos estavam mais brilhoso e a pele mais viçosa.

Estava se reerguendo, e a pequena foto da filha que Alfonso lhe dera no dia de sua transferência, ainda no hospital, a fazia acordar todos os dias com um objetivo, e era por aquela pequena menina cheia de vida que ela daria seu melhor de agora em diante.

Alfonso estava preocupado com Anahí. Tivera que parar duas vezes durante a viagem para que ela colocasse o café para fora, e mesmo lhe assegurando que deveria ser pela péssima alimentação dos últimos dias, era inevitável pensar que talvez pudesse ser mais que isso. Só se deu por convencido quando ela lhe prometeu que iriam ao hospital assim que voltassem pra Mahattan.

Já Anahí estava apreensiva, por mais que tivesse pouco tempo de convivência com a irmã, já nutria um sentimento intenso por ela e era impossível não criar expectativas de que Candice estivesse bem. Assim que chegaram à clínica, Alfonso desceu ajudando Mavis, Anahí ia atrás dos dois e levava a cesta de piquenique que haviam preparado. Após passarem pela vistoria na recepção, foram pelo imenso corredor de paredes brancas. Não demorou até que avistassem um jardim coberto por uma grama lindamente podada, e ali Anahí estendeu a toalha quadriculada que haviam levado, bem como arrumou a comida sobre ela.

- Aonde minha mãe está? - Mavis pediu a Alfonso, completamente ansiosa.

- Ela já deve estar vindo - lançou a ela um sorriso, lhe estendendo uma rosa, antes de sentar com Anahí entre suas pernas - Toma, pra você dar a ela quando a ver. Ela vai gostar - piscou.

- Obrigada tio Tito - sorriu docemente, agora já lhe faltavam três dentes, um caira na última semana.

- Queria saber de onde vem esse apelido - Anahí riu, e ele beijou-lhe a curva do pescoço, fazendo-a arrepiar.

- É uma longa história, qualquer dia eu te conto - riu.

Candice caminhou a passos lentos, ao mesmo tempo que queria encontrar a filha o quanto antes, tinha certa resistência. Sabia que não era nem de longe uma boa mãe para aquela menina tão pequena e inocente, mas faria de tudo para que fosse a partir de agora. Assim que pôs os olhos em Mavis, seu coração parecia querer pular para fora do corpo. A filha estava muito bem cuidada, as bochechas rosadas e o vestido lilás com sapatos brancos. Céus! Estava encantadora.

Quando o corpo das duas se chocou em um abraço, queria que nunca a tivesse feito sofrer. Queria arrancar dela todas as memórias ruins que pudesse ter, sabia plenamente que isso não era possível, mas lhe daria tanto amor que as memórias boas se sobressairiam sobre as ruins. O cheiro de lavanda de seus cabelos encheu-lhe as narinas, a menina estava tão limpa, cheirosa e bem cuidada, Anahí e Alfonso haviam feito um excelente trabalho.

- Ah meu amor - as lágrimas já lhe banhavam todo o rosto - Meu amor, eu estava com tanta saudade de você. Você não sabe como senti sua falta - a aninhou nos braços, como um bebê indefeso.

- Eu também mamãe - ela sorriu, levando a mãozinha ao rosto da mãe, enxugando suas lágrimas - Porque você está chorando?

- Estou chorando de felicidade meu amor - sorriu, beijando seus pequenos dedos - Estou chorando de alegria por estar aqui com você.

Anahí observava a cena encantada, queria poder abraçar Candice com tanto afinco quanto Mavis, mas sabia que a irmã acharia estranho, então ela e Alfonso se mantiveram distante, apenas respeitando o momento de mãe e filha.

Amor ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora