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Já tinha meia hora que Anahí e Alfonso estavam sentados na grama de um parque próximo ao Plaza. Quer dizer, Alfonso estava sentado, Anahí estava deitada na grama, com o corpo recostado em um casaco que ele lhe emprestara. Assim que sentiu a cabeça parar de rodar, se recostou não árvore ao lado dele aspirando o ar calmamente. Então fitou Alfonso e deu um sorriso.

- Obrigada - disse gentil.

- Não precisa agradecer. Fiz o que faria por qualquer mulher que estivesse na sua situação.

Anahí não soube explicar mas não gostou daquela resposta. Sentiu como se algo lhe atingisse. "Por qualquer uma..."

- De qualquer forma, obrigada. De verdade - se manteve gentil. O silêncio pairou por alguns minutos, até Anahí resolver quebrá-lo - Você disse que estava trabalhando, espero que não tenha te arranjado problemas - lamentou.

- Provavelmente sim - disse, um pouco chateado - Mas de qualquer forma era só um bico.

- Saiba que faço questão de te recompensar por isso. Eu fui culpada de perder seu dia de trabalho, não quero que saia prejudicado.

- Não quero nenhuma recompensa, muito menos seu dinheiro. Não sou nenhum tipo de gigolô - comentou, ofendido. Anahí achou graça, ele era realmente muito orgulhoso.

- Você parece muito instruído senhor Herrera - elogiou - Nunca conseguiu um trabalho formal? Com salário de verdade?

- Eu tinha tudo isso senhorita, mas a vida tirou de mim. Cheguei ao fundo do poço, e sabe quantas pessoas dão oportunidade a quem está no fundo no poço? Nenhuma - disse e Anahí pode ver a tristeza nos olhos dele.

- Eu sinto muito - disse sincera - Desculpe se fui grosseira ou preconceituosa com você. Se tiver algo que eu possa fazer para ajudar...

- Como já disse, não quero nada que venha da senhorita. Nada na vida vem de graça, sempre tem um preço, por isso prefiro ter as coisas por mim mesmo, assim evito problemas, se é que me entende.

Anahí não sabia do que ele falava, mas mesmo assim concordou com o que dizia.

- De qualquer forma, sinto que posso fazer algo por você. Nada de dinheiro nem benefícios. Que tal um trabalho?

- Senhorita eh já disse que - ela o interrompeu.

- Minha mãe está precisando de um jardineiro para a casa dela. O trabalho é um pouco pesado, pois a casa é grande, mas o salário é digno, e aposto que você poderá reconstruir sua vida outra vez, mudar para uma casa mais confortável - se recriminou - Desculpe, eu não quis te ofender é só que, você entendeu o que eu quis dizer não é?

- Mais uma vez agradeço, mas não quero nada de mão beijada...

- Me deixa te ajudar? - ela insistiu - Além do mais não vai ser nada de mão beijada, você terá que trabalhar bastante e caso não cumpra os horários de trabalho ou não efetue suas tarefas será dispensado como em qualquer outro trabalho - insistiu outra vez - Eu quero e posso te ajudar Alfonso, porque não pode me deixar fazer isso?

Alfonso a encarou por um momento. Parecia sincera em suas palavras. Suspirou fitando o céu. Faria isso por Ana, para que pudesse ir atrás dela ou contratar alguém que o ajudasse a encontrá-la.

- Está bem - ela comemorou, o que arrancou um singelo sorriso dele - Vou aceitar porque realmente preciso muito de trabalho.

- Até que série você cursou?

- Eu cursei dois anos de química em uma universidade pública. Depois de todos os problemas pessoais que tive, não pude mais continuar a estudar. Fui despejado, perdi o emprego e as coisas só foram piorando - contou a ela que ouvia tudo atentamente.

Amor ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora