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- Espero que seu apartamento esteja pegando fogo ou que você tenha sofrido algum acidente Portilla - resmungou Maite, completamente mau humorada.

Eram nove da manhã quando Anahí decidiu passar a mão no telefone e discar o número da amiga. Maite até tentou abafar o som do aparelho com um travesseiro, mas o toque do celular parecia penetrar seus ouvidos.

- Preciso falar com você - disse - Sobre aquilo que você falou ontem - mordeu os lábios caminhando até a grande janela do seu apartamento. O vento soprou seus cabelos fazendo-a encolher os braços.

- Crise existencial essa hora da manhã Anahí? Ainda nem tomei meu brunch - Maite deu-se por vencida, recostando as costas na cabeceira da cama. Mane já havia saído para o trabalho deduziu.

- Estou sentindo o mesmo que você. Precisando de um significado para minha existência tão vazia e frívola.

Maite riu, rouca, com a voz arrastada pelo sono interrompido.

- Você está é com peso na consciência, isso sim. O que te fez mudar de ideia tão rapidamente?

Anahí refletiu. Talvez o mendigo que encontrara por duas vezes no mesmo dia a tivesse realmente feito repensar muitas coisas. Não soube especificar em quem momento do diálogo deles a ficha finalmente havia caído sobre seus privilégios, mas agora não conseguia pensar em outra coisa que não isso.

- Algumas coisas aconteceram - suspirou, fechando o roupão felpudo -  Porque não vem pra cá?

- Não dá, vou visitar uma obra as dez e meia e depois tenho que passar na construtora - fitou o relógio sobre a cabeceira - Mandie está precisando de consultoria com algumas coisas do apartamento. Mas a tarde estou livre, podemos combinar um café.

- Eu te ligo mais tarde - despediu-se

Se realmente gostaria de mudar as coisas, precisava de um ponto de partida. De repente começou a pensar sobre de que adiantava ter tanto dinheiro, se nada poderia fazer por quem nada ou muito pouco tinha. Talvez não tivesse completamente preparada para as consequências dessa decisão, ou talvez não tivesse noção do que iria encontrar. Só sentia em seu coração que era seu dever fazer algo.

Foi até seu closet e vestiu uma roupa de ginástica com um tênis de marca, Gucci talvez. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto, e usou os óculos escuros como seu aliado. Christopher que ressonava tranquilo na cama, se remexeu com o barulho dela, se embolando entre os lençóis.

- Que horas são? - sussurrou, coçando os olhos.

- Nove e meia - ela respondeu, concentrada em passar protetor solar nos lábios.

- Droga - resmungou rabugento - Tenho uma reunião na Sax as dez.

- Melhor se apressar - disse dando a mínima importância. Christopher iria a uma reunião de negócios e ela iria alimentar pessoas famintas. Aquilo soou-lhe tão autruista que o trabalho do noivo parecia insignificante.

Christopher estranhou aquele comportamento, mas nada disse. Preferiu se manter calado já que as coisas estavam estranhas desde a discussão dos dois na última noite. Assim que saiu do banho ela já não estava, então decidiu ir ao próprio apartamento se vestir para o trabalho.

Anahí não sabia por onde começar. Não entenda mal, não é como se ela nunca houvesse ajudado ninguém, ela simplesmente não sabia especificamente o que fazer, então decidiu que faria do jeito dela. Saiu de casa metralhada por paparazzis e dirigiu até a Magnólia, sua cafeteira preferida na 5th. Josh seu amigo de longa data a recebeu com carinho e assim que ela lhe contou seus planos, ele decidiu ajudá-la.

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