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Christopher e Anahí prosseguiram com a discussão, e ela só percebeu que Alfonso não estava mais ali entre eles quando Christopher a deixou sozinha e voltou para o bar. Ela passeou os olhos pela festa tentando encontrar Alfonso e o viu conversando animadamente com seu pai, estava prestes a ir até eles para se desculpar pela indelicadeza do noivo, quando Maite a puxou pela mão.

- Até que enfim te achei - riu - Que diabos Christopher está fazendo?

- Não sei e nem quero saber - Anahí suspirou, vendo-o se servir de uísque outra vez - Ele está fora de controle. Não é a primeira vez que isso acontece, sabe bem que no dia da festa de Dulce ele foi até lá em casa completamente bêbado. Ele está incontrolável, olha só, até minha mãe está incomodada com isso.

- Eu acho que vocês dois já deu - Anahí a olhou surpresa - O que foi? Não me olha assim não, no fundo você também sabe que sim. O fato dele estar bebendo é frustração. Ele sabe que esse casamento não vai acontecer, só não aceitou ainda.

- Não queria terminar tudo assim - suspirou, cruzando os braços - Mas Christopher não está me dando alternativas - o fitou mais uma vez enquanto ele fazia alguma piada sem graça para Christian que rolou os olhos em silêncio.

Henrique e Alfonso conversaram bastante, o mais velho interessadíssimo nas ideias do rapaz que parecia muito humilde, porém inteligente e bem articulado. Anahí deixou Maite pra trás e se aproximou dos dois. Henrique prontamente a abraçou pelos ombros a juntando para si. Anahí sorriu, dando um beijo no rosto do pai.

- Você já deve conhecer minha princesa mais velha, não é Alfonso? - Henrique brincou, Anahí riu.

- Oh sim - sorriu - A senhorita Portilla tem me ajudado muito. Sou muito grato a tudo que está fazendo por mim.

Henrique a olhou então, curioso.

- Não foi nada de mais Alfonso, só resolvi dar um empurrãozinho no potencial que você já tinha - disse gentil - O mérito é todo seu.

- Acho que esse olhar para excelentes potenciais enfim herdou de mim - disse Henrique orgulho, o senhor Garza lhe acenou e ele prontamente foi até ele, deixando-os sozinhos.

- Desculpe por Christopher - disse Anahí.

- Não tem porque se preocupar, aliás, você não devia ter mentido. Poderia muito bem ter dito a verdade. Deixe-me deixar algo bem claro, eu nunca tive nem terei vergonha de nada em minha vida. Pode não ser o trabalho mais digno do mundo, mas foi assim que sobrevivi e me alimentei por longos anos. Tenho orgulho de minhas origens - disse seco. Anahí ficou ainda mais constrangida.

- Olha Alfonso, me desculpe, realmente não foi minha intenção ofendê-lo - passou a mão pelos cabelos, demasiadamente envergonhada.





- Eles tem andado muito próximos não acha? - Maite observava os dois, dando um gole na taça de vinho. Amber voltou os olhos para onde os dois estavam.

- Não estando com Christopher, bem, por mim Annie pode ficar com quem quiser, ela estando feliz e livre do imbecil do Uckermann já me deixa tranquila - comentou - Além do mais, Alfonso parece ser boa pessoa. Hoje a peguei rindo à toa no quarto, tem tanto tempo que não a vejo assim...

- Pena que isso não pode ir adiante - comentou - Imagina só o que diriam de Anahí Portilla com um ex mendigo - Amber rolou os olhos impaciente com o comentário - O que foi? É verdade, você sabe que não tenho preconceitos, mas a sociedade tem, e sem dúvida seriam implacáveis com isso.

- Eu penso que quando duas pessoas realmente se gostam e querem ficar juntas pouco importa o que os outros pensam, ao menos pra mim, o amor deva prevalecer.

Maite riu da garota como se ela fosse uma tola. Aquilo irritou Amber ligeiramente.

- Amber, Amber - negou com a cabeça - Você ainda tem muito a aprender sobre o amor.

- Eu acho que já vou - Alfonso disse, após um longo período de silêncio.

- Já? Mas você ainda nem provou o bolo!

- Já passou da minha hora e não gosto de entrar tarde na vila. As coisas ficam perigosas por lá.

Anahí torceu os lábios, apreensiva. Por mais que não fossem tão íntimos era inevitável preocupar-se com Alfonso, afinal, ele lhe protegera quando ela precisou.

- Peça a James pra levá-lo!

- Jamais o incomodaria, e bem, sua mãe me deu passes de metrô, chegarei em casa mais rápido que o normal de qualquer maneira.

- Certo - ela tentou se conforma, visto que ele não daria o braço a ceder tão cedo - Obrigada por ter vindo e por ter me ajudado a organizar tudo, e mais uma vez, me desculpe por Christopher e todo esse mau entendido - suspirou - Ele está passando por alguns problemas com a bebida e bem, acho que não é uma boa hora pra que falemos sobre isso - lamentou, vendo o estado em que ele se encontrava.

- Eu entendo - afirmou, com pena dela - Bom, eu já vou. Nos vemos - acenou.

Assim que Alfonso saiu, Anahí voltou a atenção a Christopher e á sua realidade e tomou uma decisão definitiva. O ajudaria a procurar um terapeuta, iria com ele se necessário, mas o deixaria. Não havia mais nenhuma possibilidade de que os dois continuassem juntos, e era melhor terminar antes que nem uma amizade saudável os dois conseguissem manter mais.

Alfonso saiu pela sala da casa dos Portilla. A saída dos fundos estava com o acesso trancado. Logo que cruzou o corredor de tapete persa e quadros caros, vislumbrou uma fotografia sobre o aparador. Era uma linda menina. Então a imagem dela adentrou seus pensamentos. A menina tinha os olhos azuis, os traços delicados e os cabelos louros, exatamente como sua Ana. Não podia acreditar em tamanha coincidência. Apanhou a própria carteira surrada no bolso da calça e de lá apanhou uma velha foto 3x4, lembrava bem do dia em que ela lhe entregara a foto toda sorridente, já que a mãe lhe levara tirar a fotografia para que ela ingressasse no colégio.

Ele então colocou uma foto ao lado da outra. Claro que a da casa dos Portilla tinha uma qualidade melhor, mas ele a olhou por mais de quinze vezes até que a ficha realmente caísse. Era a mesma pessoa. A menina estava sentada no colo de Henrique, lhe faltava um dente à boca, porém estava sorridente e segurando um urso de pelúcia apertado contra o peito. Marichello levava um bebê envolto em uma manta rosa nos braços. Os olhos de Alfonso começaram a marear e ele caiu no choro, não pode segurar.

Aquela menina da foto só podia ser Anahí. A vontade era de correr até ela, abraçá-la e lhe questionar se sabia por quantos longos anos ele lhe esperara. Mas não podia fazer isso, Anahí o acharia louco e sem dúvidas isso só a afastaria mais ainda dele. Agora que ele a encontrara precisava ter calma e descobrir o que a fizera ir embora. Sorriu enxugando as lágrimas, o destino era mesmo traiçoeiro. Quando imaginaria que sua Ana, por quem sempre fora apaixonado desde criança estava ali o tempo todo?

Sabia que todos aqueles encontros tinham um motivo.

- Aconteceu algo? - Kate entrou na sala e o olhou, enxugar as lágrimas enquanto ainda tinha a foto nas mãos.

- Não, não foi nada - tratou de negar sem a encarar, colocando a foto no lugar - Eu já estou de saída. Até amanhã - acenou, saindo pela porta.

Kate não dormira a noite toda pensando no flagrante que dera em Alfonso na sala, algo dizia que o segredo que guardavam a sete chaves estava por um fio, Amber não dormira a noite toda estudando para o simulado da manhã seguinte, Alfonso não dormira a noite toda com um sorriso nos lábios por estar tão perto de reencontrar seu grande amor e Anahí, bem, ela não dormiu a noite toda velando o sono de Christopher em sua cama e pensando em como faria para terminar o que tinham. Parece que nessa noite, definitivamente ninguém dormira.

Amor ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora