Capítulo 5

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É oficial, Eda iria esganar aquele homem. Assim que ele apareceu em seu campo de visão, com aquele sorriso sarcástico e presunçoso, ela percebeu. Ele havia feito de propósito, como vingança por ela não ter aparecido na reunião. Ela estava mais que furiosa, ela iria fazer picadinho de Serkan Bolat.
— Senhorita Yildiz, vejo que resolveu nos agraciar com sua presença.
Ela praticamente voa á seu alcance, parando há centímetros da face do homem mais cretino que havia conhecido.
— ESCUTA AQUI, SEU INSOLENTE, ISSO DAQUI – ela aponta pro papel furiosamente – NÃO VAI CONSEGUIR FAZER VOCÊ TER MINHA PROPRIEDADE E SE VOCÊ TINHA QUALQUER ESPERANÇA DE TENTAR COMPRÁ-LA DE MIM, FOI POR ÁGUA ABAIXO.
Ele podia ver toda sua fúria enquanto fitava intensamente seus olhos castanhos.
— Podemos conversar no escritório, senhorita? – ele faz mênção de pegá-la pela mão mas ela repele seu toque.
— NÃO VIM AQUI CONVERSAR, VIM DAR ESSE AVISO. VOCÊ VAI SE ARREPENDER, SERKAN BOLAT. NÃO MEXE COMIGO.
— Pare de gritar, você está arrumando plateia.
— QUE BOM, ASSIM TODO MUNDO TESTEMUNHA O QUÃO MESQUINHO VOCÊ É!
— MINHA SENHORA, ESTOU APENAS FAZENDO MEU TRABALHO!
— SEU TRABALHO? JOGAR SUJO É TRABALHO?
Nesta altura, todo o escritório havia parado seu trabalho para acompanhar a discussão. Inclusive Engin, que desceu preocupado com tanta gritaria.
— NÃO CULPE Á MIM POR SUA FALTA DE ATENÇÃO AOS DOCUMENTOS. TUDO QUE FIZ FOI LEGALMENTE APROVADO.
— VOCÊ É UM EGOÍSTA QUE NÃO ACEITA NÃO COMO RESPOSTA.
— E VOCÊ É UMA AUDACIOSA QUE NÃO SABE AGIR COMO UMA ADULTA!
Pronto.
— O QUE DISSE? ME CHAMOU DE IMATURA? – ela arregala os olhos e aponta seu dedo indicador para ele – JUSTO O SENHOR, QUE RESOLVEU PASSAR PELA MINHA PALAVRA POR BIRRA DE EU NÃO TER CEDIDO.
— JUSTO A SENHORA, – ele aponta seu dedo indicador para ela – QUE ESTÁ FAZENDO ESSA CONFUSÃO PORQUÊ NÃO ACEITA A CONSEQUÊNCIA DO SEU ATO.
— Você retire essa intimação agora!
— Não vou retirar, você que lide com isso! Te vejo segunda-feira!
Ela puxa o braço dele, se recusando a deixá-lo com a última palavra.
— Isso não vai ficar assim, Serkan Bolat.
E se vira pra sair. Mas ainda escuta quando ele diz:
— Ansioso pra saber sua próxima jogada, senhorita Yildiz.
— VÁ PRO INFERNO!
Assim que ela atinge o lado de fora e sente o ar fresco, ela se acalma. Ela percebe que estava com lágrimas nos olhos, mas o que disse era verdade: aquilo não ia ficar assim. Ela lutaria com garras e dentes para não perder sua loja. Ela sente o celular vibrar e vê 3 ligações perdidas de sua amiga Ceren, portanto trata de retorná-la prontamente para discutir o que iriam fazer agora.




Engin andava de um lado pro outro na sala de conferência, com um Serkan irritado sentado em sua cadeira.
— Mas irmão, não tem nenhum jeito de fazer esse projeto sem aquele terreno? Deve ter...
— Não tem, Engin. E mesmo se tivesse, não iria fazer nada por essa mulher, não depois dessa palhaçada que ela fez.
— Irmão, você também provocou. Eu te conheço.
— Engin, você vai ficar do lado dela é? Você nem a conhece.
— Meu irmão – ele diz, dando um tapinha nas costas dele – Eu sei o quão obstinado você fica com assuntos relacionados ao trabalho, mas sei lá... Acho que deveria sentar e entender o motivo dela não querer vender.
— Não tem nada pra entender, Engin. Ela está sendo teimosa!
— Não está, irmão. E eu sei disso porquê eu sentei e conversei com a tia da garota, que veio aqui hoje mesmo conversar comigo.
— A tia? – ele pergunta, confuso – O que a tia dela veio fazer aqui? E porquê não me avisou, Engin?
— Você estava ocupado, a mulher não tinha horário marcado então Derya me chamou.
— E o que ela disse? – ele perguntou, curioso.
— Não vou dizer... – Engin diz, como quem não quer nada.
— Engin, como assim? Larga de frescura e fala logo!
— Yok, irmão. Você vai lá e conversa com a moça, ela com certeza vai te falar o motivo de não querer vender.
— Engin, eu não vou atrás dela. E ela não deve querer me ver nem pintado de ouro e, francamente, eu também não quero ter tamanho desprazer de vê-la novamente.
— Então não vai saber o que a pobre tia da mulher me disse. – ele dá de ombros e se levanta pra sair.
Serkan percebe que o amigo estava falando sério, e se inclina pra frente:
— Engin, você está brincando?
— Não, mas eu sei que você está curioso... larga de ser cricri e vai! – e com um sorriso sapeca, ele sai da sala deixando Serkan puto pela segunda vez no dia.



Aquele maldito estava certo. Serkan não conseguia se concentrar mais no trabalho, não sem saber o que foi que a tia da desbocada Eda Yildiz foi fazer na empresa. Ele não podia negar que estava intrigado, juntando com o fato da moça teimosa ser irredutível quanto á venda da propriedade. Ele simplesmente não conseguia entender o motivo de tamanha obsessão com uma mísera e minúscula parte de terra. Dando razão á Engin, Serkan largou seu trabalho e seguiu para a loja de flores. Talvez deveria se pintar de ouro.



Melo estava sentada em uma das cadeiras da loja degustando um dos biscoitos assados que era marca das Yildiz. Sempre quis saber o segredo dos biscoitos serem os mais deliciosos que ela já provou na vida, mas Ayfer e Eda sempre diziam que a receita era um segredo de Estado que nunca seria revelado. Fifi se senta na cadeira ao lado de Melo e pega um dos biscoitos, antes de dizer:
— E qual é a dele ali? – ela aponta para um homem que andava discretamente de um lado pro outro – Ele já ensaiou entrar aqui umas 3 vezes e nada. Estranho.
Melo observa curiosa o homem elegante. Parecia ser bem bonito, e musculoso, como a camisa social preta deixava transparecer. Estava de óculos escuros e tinha uma postura inquieta. Logo ela percebe que sua silhueta some do seu campo de visão, será que ele tinha desistido? Aproveitando que Fifi estava distraída, ela saiu atrás do misterioso homem.
— Ei, você!
Melo conseguiu alcançar o homem chegando na esquina oposta da rua. Ele para quando percebe que estava sendo chamado.
— Efendim?
— Me desculpe, percebi que estava parado em frente á nossa loja e parecia querer entrar. Quando não entrou, fiquei curiosa e resolvi te seguir pra perguntar.
O homem dá um pequeno sorriso, achando adorável o jeito rápido que ela despejou seu pensamento, e admirou sua honestidade para com um estranho.
— Eu ia, a senhorita estava certa. Mas garanto que a dona me expulsaria dali á pontapés.
Melo analisa o homem e pensa um pouco, e, pela descrição que sua amiga havia fornecido sobre o tal empresário ganancioso, ela entendeu tudo.
— O senhor é o tal Serkan Bolat?
— Eu mesmo. – ele sorri, hesitante. Porquê ele estava sorrindo pela segunda vez em menos de 3 minutos com uma estranha?
— Ouvi muito ao seu respeito. – ela devolve o sorriso.
— Coisas ruins, eu suponho.
— Não acredito muito nas primeiras impressões – ela dá um tapinha amigável em seu braço – Mas então, o que queria ali?
— Queria conversar com a senhorita dona do negócio, dessa vez civilizadamente.
— Ah sim... – Melo diz, pensativa – Olha, porquê você não vai dar uma voltinha ali no parque? – ela aponta ao pequeno parque logo do outro lado da rua.
Serkan fica confuso.
— Porquê?
— Só vai dar uma andada por lá – ela simplesmente diz – Já volto!
E ela sai, deixando Serkan ainda mais confuso com a atitude misteriosa da moça. E acabou de se lembrar: nem havia perguntado seu nome.



— Melo, eu não vou tirar um intervalo agora. Estou ocupada, não tá vendo?
— Dada, eu termino esse arranjo pra você. Eu amo embalar buquês.
Eda bufa, mas não se mexe do lugar. Vendo que a amiga não comprou seu pedido nem um pouco espontâneo, ela tenta novamente:
— Dada, você está muito tensa. Uma caminhada no parque te fará bem, você vai ver. Precisa respirar um pouco, Eda! Relaxar, sabe?
— UFFFF, tudo bem Melo, você venceu. – ela larga o que estava fazendo pra dar lugar á sua amiga – Mas não vou demorar.
— Tudo bem, Dadacim. Só uma pequena caminhada no ar fresco do parque já vai te ajudar! E acho que vi o carrinho de pipoca doce lá! Você ama pipoca doce!
Ela sorri com o comentário da amiga, e quando sai da loja se sente automaticamente mais leve. Talvez uma caminhada e um saco de pipoca doce cairia bem agora.



Serkan estava caminhando pelo parque, não havia muito movimento exceto algumas mães com crianças e carrinhos de bebês passeando. E duas barraquinhas de comida, uma de kebab e uma de pipoca doce. Ele estava esperando a moça misteriosa voltar, mas já havia se passado quase 10 minutos e não tinha sinal dela. Ele estava á ponto de ir embora quando vê um rosto familiar pisando na calçada da onde ficava o parque. Ele anda até ela, que demora á perceber sua presença. Sentindo que estava sendo observada, Eda se vira e se encontra aqueles hipnotizantes olhos verdes a encarando. E ele estava vindo em sua direção. Ela coloca sua melhor cara emburrada e se vira para ir embora, ela com certeza iria matar Melo.

— Espere!

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