{Dylan}
Uma semana se passou.
Hoje não passa apenas de uma terça-feira, fria... Como sempre no inverno aqui em Nova Iorque.
Suspiro pesadamente.
A Nina e o Edward, devem estar a chegar, isso deixa-me um pouco animado. Eles vieram cá na sexta-feira, quando chegaram a Nova Iorque, mas não puderam ficar por muito tempo.
Faço festinhas nas costas da sua mão com o polegar.
A sua mãe encontra-se á minha frente, com lágrimas a escorrerem pelas suas bochechas e uma mão a acariciar o rosto adormecido de Melody.
Suspiro novamente e deito a cabeça sobre a sua mão, pálida e gelada.
-Amo-te tanto, Mel...- Sussurro contra a mão dela.
E é sempre isto que acontece quando o silêncio e a falta de esperança atinge este quarto de hospital. Para além de tedioso é sufocante, a vontade de desaparecer, de desistir de tudo, o medo de a perder, tudo isso é sufocante, tudo isso conta para que eu queira dar em maluco... Eu não a quero perder...
Eu não quero perder a Melody.-Sim?- A Mrs. Thomas responde quando batem á porta.
-Boa noite...- Nina e Edward entram no quarto, com três sacos do Mcdonald's.
-Como é que estão?- A Nina cumprimenta a Mrs. Thomas.
-Então, meu?- O Ed faz com que me levante para que o possa abraçar.
Enterro a minha cabeça no seu ombro e fecho os olhos para impedir as lágrimas de serem derramadas.
-Como ainda não jantámos trouxemos comida e calculámos que também não tenham comido, por isso trouxemos a mais!- A rapariga morena com os cabelos selvagens sorri remexendo num dos sacos de papelão.
-Não era necessário...- A mãe da Melody força um sorriso.
-É claro que era! Vocês têm que comer! Querem estar anoréticos quando ela acordar?- A Nina fala á medida que distribui os hambúrgueres.
O Edward senta-se no sofá ao lado dos sacos.-Melody! Queres um hambúrguer?- A Nina pergunta e todos encaramos rapariga adormecida á 4 meses.
Suspiros ouvem-se quando nada se sucede.
Se ela nos consegue ouvir e se nos consegue retribuir o aperto, porque é que não acorda? Porque é que não evolui? Porque é que não responde?
-É melhor comeres Dylan, a comida fria não presta!- O Edward recomenda com a boca cheia.
Assinto após soltar um suspiro.
Pego na caixa do meu hambúrguer e agarro em dois guardanapos.
-Quando voltam para Toronto?- A Mrs. Thomas faz conversa.
-Neste momento, estamos na semana de "férias" pós-exames. Agora, vamos ficar cá até as aulas normais recomeçarem, que é de segunda a oito, por isso daqui a duas semanas, mais ou menos devemos voltar!- A Nina responde á pergunta.
-Oh... Está bem... Acho que fazem bem.- A senhora come um pouco mais do seu hambúrguer.
-Então e o seu marido?- O Edward pergunta mergulhando intensamente uma batata no molho.
-Ele decidiu voltar ao trabalho, mas vem cá todos os dias.- A senhora limpa os cantos da boca após acabar a sua refeição.
-Acho que ele fez muito bem... Ocupar a mente... Afastar-se um pouco do hospital...- O Edward acaba o seu hambúrguer.
-Então Dylan? O teu hambúrguer nem chegou a metade! Não estás a gostar?- A Nina pergunta.
-Não, não é isso... É só que eu não tenho muita fome e tenho estado a ouvir-vos...- Dou a quarta trinca no meu hambúrguer.
A última coisa que tenho pensado nestes últimos dias... Nestes últimos dias? Acho que têm sido meses, é em comer. Não me tenho preocupado com nada sem ser a Melody.
Penso que tenha emagrecido, pois não consigo vestir mais nada sem ser as minhas calças de fato de treino, com o elástico no máximo. A minha sorte é que a minha mãe me comprava muitas, senão andaria sempre com as mesmas.
Acabo o meu hambúrguer e bebo a Coca-Cola.
Nina e Edward decidem em que casa vão passar a noite enquanto eu e a Mrs. Thomas somos engolidos pelas confissões das nossas mentes, obscuras e tristes.
Momentos felizes começam a manchar a minha mente e memórias tortuosas começam a ganhar forma.
-Não, não vale a pena Mel! Ela vai perder!
-Mas eu quero que ela ganhe!- Ela choraminga e eu aconchego-a no meu peito.
O sofá é o meu sítio preferido de toda a casa. Tenho um plasma á minha frente, aconchego para os pés e a Melody.
Vemos um programa de dança que passa na tv que ela viciou completamente.
-Oh! Não acredito, que foi acabar logo agora! Eu quero saber quem é que ganha! Não é justo! Dylan... Liga para eles eu quero saber quem é que ganha!- Ela reclama enquanto cruza os braços e faz birra.
-Eu não posso Mel!- Rio com a infantilidade da minha namorada.
-Mas eu quero saber quem ganha, Dylan!- Ela choraminga e deixa-se cair no meu peito. Eu apenas rio.
-Vais saber... Para a semana!- Rio-me.
-Estúpido! Tu estás-te a rir! Não tem graça, e se ganhou a outra dos tornozelos tortos? Eu não aguento!- Ela volta a choramingar e a encarar a televisão.
Sorrio e levanto-me.
Os meus pais estão fora, como já é habitual, por isso eu e a Melody passamos muito tempo aqui em casa.
-Onde vais?- Ela pergunta.
-Buscar mais pipocas!- Abano a taça um pouco á frente da cara e continuo meu caminho para a cozinha.
Encho novamente o balde das pipocas e volto á sala.
-...Sim claro, vou já pai!- Ela desliga a chamada e calça as botas.
Sento-me no sofá e encaro-a.
-Então o que se passou?- Pergunto comendo as pipocas.
-Reunião de família em 10 minutos! Tenho que ir! Dá-me um beijo!- Ela pede e eu estico os lábios querendo que ela os colida.
-A sério? És um preguiçoso, Dylan!- Ela diz e eu encolho os ombros esticando mais os lábios. Os seus olhos são revirados e um beijo demorado plantado nos meus lábios.
-Rabo bom!- Digo ao observar o seu corpo a abandonar a minha casa.
-É? E tu tens a pil- Interrompo-a antes que acabe a frase.
-Vai-te embora! Eu sei que a minha coisa é boa!- Digo e ela ri antes de sair e deixar um "amo-te".
Como as pipocas enquanto suspiro.
Amo-a tanto... Meu deus!
-Eu vou buscar um café...- Aviso antes de abandonar o quarto.
Sei que vou desabar em lágrimas a qualquer momento.
Porque é que me fui lembrar daquele dia? Odeio isto.
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Melody » o'brien
Fanfiction" - Porque choras, meu rapaz? - Pergunta-me um senhor que se encontra na sala de espera. - Porque a vou perder! - Digo e limpo as lágrimas com a manga da camisola. - Nada está garantido, pode ser que te surpreendas e que não percas quem tu mais amas...