Capítulo 6

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{Dylan}

A minha visão perde-se nos desenhos que as paredes desta sala coberta de ansiedade e nervosismo, contêm.

Ao canto da mesma posso observar umas crianças a brincar com lápis de cor e legos.

Se fosse á 4 meses atrás, conseguiria formar um sorriso, só por ver estes pequenos seres cheios de felicidade, mas neste momento, não consigo.

Na noite passada, fora feito outro prognóstico mensal do coma da minha namorada e por alguma razão, o médico precisou de falar com os pais dela a sós.

Isso faz-me pensar que seja algo grave, ou que lhes digam que as máquinas irão ser desligadas. Essa ideia assusta-me. Porque se acontecer algum dia, sei que não serei capaz de aguentar a mágoa, a dor e a tristeza. A Melody é o meu mundo. É onde encontro o meu ponto de abrigo. Eu amo-a.

Começo a ganhar tiques nervosos e a roer as unhas. A ansiedade está a matar-me aos poucos.

Tenho um mau precentimento.

No final do corredor observo a Mrs. Thomas a fazer-me sinal para ir ter com eles.

Rapidamente me levanto e caminho até ao quarto da minha namorada.

- O que se passou? - Digo ao encarar os rostos neutros das pessoas á minha volta.

- Sente-se Dylan. - O médico começa.

- Eu vou sair daqui. Tenho que apanhar ar. - O Mr. Thomas diz antes de abandonar o quarto.

A minha testa enruga-se e encaro Melody, que como sempre se encontra adormecida.

- Bom... Eu decidi falar com a família a sós primeiro, pois é algo sério e grave, que não sabia se queriam partilhar consigo ou não, pois é um assunto delicado e o menino já está devastado o suficiente... - O médico começa e eu engulo em seco.

- Sim... - Incentivo o médico a continuar.

- Pois... Neste prognóstico foi detetado algo invulgar, algo que não foi acusado nos últimos quatro que fizemos.

Oiço atentamente as palavras do senhor da bata branca.

- Sim... - Repito o incentivo.

- E foi detetado que existe um embrião, que não chegou a ser desevolvido, devido ao acidente, no útero da Melody.

O meu peito começa a pesar, as lágrimas ameaçam cair.

O meu olhar encontra-se com o rosto da minha namorada adormecida.

As lágrimas ganham volume e têm que ser derramadas.

- Eu... Eu ia ser... Pai?

- Sim, mas o feto não se chegou a desenvolver devido ás circunstâncias a que a menina foi exposta. Porque se a Melody apenas estivesse em coma, a gravidez ocorria. Mas o acidente que a menina foi sujeita, apesar de pequeno foi grave e a grande ferida na barriga só piorou as coisas.

As lágrimas escorrem pela minha cara.

Eu ia ser pai. Eu ia ter um filho com ela.

- Agora, teremos que a levar para a sala de operações. Iremos retirar o embrião não desenvolvido do útero da menina. - Encaro-o.

- Quanto tempo demorará? - Pergunta a Mrs. Thomas.

- No máximo dos máximos 4 horas. - O médico afirma. - Dylan... Não fique assim, tudo vai acabar por ficar bem, a Melody tem estado a lutar. Com todas as suas defesas. Acredite, tudo ficará bem. - O médico diz.

Melody » o'brienOnde histórias criam vida. Descubra agora