{Dylan}
A serenidade com que ela dorme, é sufocante.
Sinto que ela jamais vai acordar e vai ficar presa na obscuridade da sua mente, sem ouvir nada do que eu digo. Sinto-me preso àquela cadeira ao lado da sua cama.
Uma lágrima percorre o meu rosto quando me lembro dos nossos momentos.
Encaro o exterior da grande janela do meu quarto.
-Se o meu pai descobre que estou em tua casa, mata-me! Literalmente!- A Melody diz com os seus olhos castanhos a brilharem com a luz da lua.
Estamos na varanda do meu quarto a fazer o que eu chamei de 'piquenique ao luar'.
-Ele pensa que estás em casa da Nina, certo?- Pergunto e ela assente.
-Então, porque estás preocupada?- Pergunto.
-Não sei... É que ele é o meu pai e não gosto de lhe estar a mentir...- Ela admite afastando-se um pouco do meu peito.
-Estás a dizer que não queres estar aqui?- Pergunto sem a encarar.
-Não, não é isso... Apenas gostava que o meu pai aprovasse a nossa relação... Gostava que ás vezes não fosse tão protetor, sabes...- Ela brinca com os cordões da minha sweat.
-Eu também gostava que ele nos apoiasse, Mel...- Digo e ela sorri. Encaro-a e selo os nossos lábios, movendo-as calmamente.
O meu rosto afunda-se na almofada.
O medo de a perder aumenta, porque quero que estes momentos se repitam.
Tenho que voltar para o hospital. Quero saber o resultado do prognóstico.
Levanto-me da cama e encaro o luar uma última vez.
Visto uma sweat, cinza e aproveito o facto de estar com umas calças de fato de treino.
Saio do quarto e desço as escadas sentando-me nos últimos degraus a calçar os ténis.
Coloco o capuz e saio de casa.
Entro no carro e começo a conduzir.
Os meus pais, como sempre... Estão de viajem.
Eu sei que eles gostavam de estar aqui ao pé de mim, para me darem algum apoio. Eu sei... Mas a verdade é que não estão e precisava de os ter aqui.
A música que passa na rádio, não deixa que me derrame em lágrimas, nem que encha a cabeça com pensamentos tortuosos.
Gostava de ligar á Nina e ao Edward, para saber como estão... Foram uma grande ajuda em tempos. Mas desde que foram para Toronto, só os vi duas vezes. Uma no segundo dia em que a Melody deu entrada no hospital e o último á dois meses.
Estaciono o carro no local habitual e saio após suspirar pesadamente.
Tranco o veículo e começo a caminhar até á entrada do sítio onde tenho passado todas as minhas noites desde á 3 meses.
Sorrio forçadamente para a rececionista. Ela já sabe quem sou. Óbvio que sabe...
O meu estomago dá voltas e voltas á medida que me aproximo do quarto da Melody. Tenho medo do resultado do prognóstico.
Bato á porta e recebo um "Sim".
Entro e o médico encara-me.
-Ainda bem que chegou, Dylan... Estava mesmo agora a desvendar os resultados á família.
-Ok.- Digo e sento-me na minha habitual cadeira.
O Dominic encara-me, mas não lhe retribuo o olhar.
-Bem... O resultado do prognóstico foi realmente muito satisfatório. A Melody finalmente começou a lutar!- O médico sorri e eu encaro-o.
Lágrimas começam a encher os meus olhos e um sorriso aparece nos meus lábios.
-O que aumenta 25% na probabilidade de a menina vir a sobreviver!
- Como é que chegaram a essa conclusão?- O Dominic pergunta.
-Bem... Confirmamos que ela nos consegue ouvir e já reage...- O médico sorri e lágrimas percorrem o meu rosto.
Encaro a Melody e pego na sua mão.
Pela primeira vez em três meses a sua mão faz força contra a minha.
Não controlo a minha felicidade nem as lágrimas que a acompanham.
-Ela consegue ouvir-nos?
-Sim menino Dylan... Ela consegue!- O médico sorri.
-Mel... Acorda amor... Acho que chega de dormir... Vá lá...- Começo a abana-la.
-As coisas não funcionam assim, lamento... A Melody só tem apenas 55% de probabilidades de sobreviver... Ainda é muito pouco... Pois a menina só começou a responder três meses depois, o que também não é nada mau... Há pessoas que ficam 1, 2, 3 anos sem responder a nada... Ficam imóveis... Como estátuas... Parecem mortos, mas o coração continua a bater. - O médico explica.
-Mas ela vai acordar... Ela tem que acordar! Melody!- Choro.
-Bem eu vou deixar-vos...- O médico sai.
A Mrs. Thomas pega na mão da sua filha e retira os cabelos que ela tem á frente da cara.
-Melody, amor... É a mãe... Consegues ouvir-me?- A senhora fala para a sua filha.
A senhora chora, quando recebe o aperto da sua filha.
-Ahm... Meu amor... Tens que acordar... Nós temos muitas saudades tuas... Precisamos de ti, aqui... Acordada... Amor... Volta para nós!- A sua mãe chora.
-Sssh... Acho que é melhor irmos apanhar ar...- O Mr. Thomas leva a sua mulher para o exterior do quarto.
O Dominic encara-me novamente.
-Mely! Mana! Acorda lá, miga!- O Dominic diz divertido para a sua irmã, mas perde o sorriso quando nada acontece. -Eu acho que também vou, apanhar ar...- Ele fala baixo e eu assinto.
Penso que devia ligar, agora á Nina e ao Ed...
Retiro o telemóvel do bolso e procuro o número da Nina, sem nunca largar a mão da Melody, estava com saudades de sentir o seu aperto e agora que o posso sentir, não o penso largar.
Fungo o nariz e limpo as lágrimas.
"Nina?" Pergunto quando ela atende.
"Dylan! Então? Como estás? Como está a Melody? Aconteceu alguma coisa?"
"Bem... Sim, mas uma coisa boa..." Fungo o nariz novamente e acaricio as mãos pálidas da minha namorada.
"A sério? O que se passou? Estás a chorar?" Ela pergunta.
"Hoje foi-lhe feito o prognóstico... Ela começou a lutar!" Digo sorrindo.
"Como assim? Ela já acordou?" Ela pergunta.
Suspiro.
"Ainda não... Mas ela já retribui o meu aperto e já nos consegue ouvir..." Devo parecer uma criança, pois estou a chorar baba e ranho.
"Oh, meu deus Dylan! Isso é ótimo! Fico tão feliz! Nós entramos de férias sexta, devemos ir para Nova Iorque!"
"Isso é bom... Vai ser bom ter-vos aqui!" Digo e aperto mais a sua mão.
"É... Então, nós depois falamos! Tenho que voltar aos estudos!" Ela ri suavemente. "Adeus, Dylan..."
"Adeus, Nina!"
A chamada é desligada e fungo o nariz.
Finalmente consigo sentir o seu aperto, novamente.
-Tive tantas saudades do teu aperto, meu amor...- Digo passando a minha mão pela sua testa.
-Volta para nós... Volta para mim, Melody... Eu amo-te.- Beijo a sua mão e sorrio.
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Melody » o'brien
Fiksi Penggemar" - Porque choras, meu rapaz? - Pergunta-me um senhor que se encontra na sala de espera. - Porque a vou perder! - Digo e limpo as lágrimas com a manga da camisola. - Nada está garantido, pode ser que te surpreendas e que não percas quem tu mais amas...