Capítulo 2

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{Dylan}

Por vezes quando a encaro, começo a compara-la á "Bela Adormecida". Aquela história de uma princesa que é amaldiçoada á nascença por uma bruxa má ou lá o que é, e quando completa os 16 anos, pica-se e cai num sono profundo durante muito tempo, e só acorda com o beijo do verdadeiro amor.

Comparo muitas vezes, mas a verdade é que eu já tentei quebrar esta "maldição", e ela não acorda, parece que não é possível de se quebrar. Ou então eu não serei a pessoa certa... Se calhar eu não consigo quebrar a sua maldição. Eu beijo-a... Mas nada! Nada acontece!

E eu questiono-me serei mesmo o seu verdadeiro amor? Serei eu capaz de quebrar a maldição? Ou será que estou apenas a comparar esta minha situação, real a uma irreal para que as coisas não doam tanto e ganhar um pouco mais de esperança?

Na verdade, nem sei. Quero ter esperança para que ela acorde.

Mas, a cada segundo que passa, a cada minuto, a cada hora e a cada dia, sinto que um pouco de esperança e de fé simplesmente vai-se embora...foge. Como se eu tivesse uma doença contagiosa e elas tivessem medo de a apanhar e correr o risco de morrer.

Neste momento estou sozinho no quarto ao pé da cama de hospital a acariciar a mão dela e a encarar a sua cara ainda com vestígios de ferimentos e queimaduras.

A porta do quarto é aberta entrando a Mrs. Thomas com o seu marido. A senhora senta-se no banco no lado oposto ao meu, ao lado da cama da sua filha e o senhor senta-se no sofá em frente.

Deixo de encarar os seus pais e encaro-a.

Os seus cabelos castanhos encontram-se espalhados pela almofada branca e como sempre com os seus olhos fechados.

Largo a sua mão e levanto-me.

-Vou buscar um café, volto já!- Digo e saio do quarto.

Dirijo-me á máquina do café e coloco o dinheiro escolhendo o tipo de bebida que desejo.

Enquanto o café está a sua ser retirado, vou até á máquina de snacks, retiro um pacote de bolachas e pego no meu café. Volto para o quarto e sento-me novamente na minha habitual cadeira.

-Dylan?- A sua mãe chama.

-Diga...- Encaro-a e uma lágrima percorre o seu rosto. -Porque é que ainda não desististe? Porque é que ainda não foste para casa dormir na tua cama?- Ela fala e chora ao mesmo tempo. O seu marido coloca-se a seu lado confortando-a.

-Eu amo-a, Mrs. Thomas. Não penso desistir. Porque se eu desistir, tomarei o pior erro da minha vida. Acreditando ou não, o que quer que aconteça com a sua filha eu nunca a deixarei de a amar. - Encaro a senhora chorosa e o seu marido, alternadamente.

Ela sorri e eu abro o meu pacote de bolachas.

-Tu amas mesmo a nossa filha?- O seu pai pergunta.

-Sim... Acha que se eu não a amasse ficaria aqui durante três meses? Chorava, sofria, a toda a hora por ela não acordar? Estava sempre com medo que ela não acordasse e não podesse dizer-lhe mais uma única vez que a amo, que ela é tudo para mim?- Digo enquanto o senhor me encara e acaricia os ombros da sua mulher. -Eu amo-a, Mr. Thomas. Peço desculpa, se não me aceita como namorado da sua filha, mas o senhor aceitar ou não aceitar, nada irá mudar o que eu sinto por esta rapariga adormecida. Nada consegue mudar os meus sentimentos por ela, nada.- Digo desta vez encarando a minha namorada.

A mãe dela limpa as suas lágrimas.

-Obrigado...- A senhora diz com a voz tremula.

-Pelo quê?- Pergunto.

-Por tudo, por ficares aqui, por a amares e sobretudo por a teres feito feliz...- A senhora diz sorrindo forçadamente.

-Acha mesmo que precisa de agradecer?- Pergunto e ela sorri.

Começo a comer as minhas bolachas e a beber o meu café.

Alguém bate á porta do quarto. -Sim?- O pai dela dá permissão para quem quer que seja entrar. Uns cabelos encaracolados aparecem no meu campo de visão.

-Boa tarde...- Violet diz com um sorriso triste no seu rosto. Levanto-me para a cumprimentar e ela acaba por me abraçar com força. Retribuo o abraço apertando o seu corpo, também.

Ela encara a cama onde a Melody, se encontra adormecida á 3 meses e chora.

Violet é prima da Melody, filha da irmã do pai dela. Elas davam-se como irmãs.

-O Finn?- Pergunto.

-Passa por aqui mais tarde. Teve que ficar no trabalho.- Ela sorri fracamente.

Ela cumprimenta os seus tios.

-Ela continua sem melhorar?- Ela pergunta e eu sento-me novamente na minha cadeira. Abano a cabeça negativamente. Enquanto bebo o resto do meu café.

Oiço-a suspirar.

-O que é que lhe vai acontecer, doutor?- Pergunto enquanto caminho até ao quarto com o doutor.

-Ela está em coma, Dylan... É difícil prever o que irá acontecer...

-Como é que você sabe o meu nome?- Pergunto.

-Conseguimos reanimá-la durante alguns segundos antes de ela cair no sono profundo, calculei que fosse o seu...- Ele admite.

-O que é que ela disse mais?- Pergunto e as lágrimas preenchem a minha cara.

-Ela disse apenas isso... "Dylan"- Ele cita as sua fala.

O médico entra no quarto acompanhado por uma enfermeira. Olho-os desentendido.

-Temos que fazer o prognóstico do coma, da Melody... Se me premitem, terei que vos dizer para abandonarem o quarto.- Ele diz e todos assentimos.

Pego nas minhas coisas e saio.

Acho que vou a casa, tomar um banho e descansar... O prognóstico ainda vai demorar por isso mais vale, ir a casa.

 

Melody » o'brienOnde histórias criam vida. Descubra agora