14 - Discussão

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- Sakura, aceitas ser a isca para encontrarmos o rasto das crianças desaparecidas? O meu pai perguntou com o olhar fixo em mim. Bem...

- Porque não? Respondi numa forma de pergunta, sorrindo maliciosa. Aquela era a melhor forma de mostrar que eu estou pronta para ajudar o meu pai nos problemas que aparecem.

- Porque não? A princesa ainda tem dez anos, como é que podemos enviá-la para um lugar tão perigoso sem proteção? O Hiroshi reclamou no momento que eu esperava. Outra das razões para eu dar aquela resposta foi mesmo por saber que o Hiroshi e o Felix não iriam concordar.

- Eu concordo. Não vou conseguir protegê-la durante a missão e eles podem magoá-la a sério. O Felix disse, enquanto o meu pai afastava-se um pouco de mim.

- Mesmo que eles me magoem, eu não vou participar na missão desprotegida. Eu sei que seria suicídio se o fizesse. É claro que eu tinha um plano para que o sequestro fosse feito de uma maneira em que eu não me magoasse. Eu não sou tão idiota para querer provar que posso ajudar o meu pai sem estar preparada. E magoas-me ao falares assim Felix. Tu e o papá ensinaram-me a manejar uma espada e tu acompanhaste-me quando eu aprendi a usar magia e até mesmo quando eu aprendi a lutar. Relembrei-o de todas as aulas que frequentei desde os meus cinco anos.

- Eu sei que a princesa sabe lutar e usar magia, mas a princesa estará a lidar com adultos que já fazem isto à algum tempo. O Felix disse saindo do sofá onde estava e ajoelhando-se à minha frente.

- Mas eu não irei desprotegida e se eu perceber que estou em perigo posso usar a Alfa. Eu sei que ele está preocupado comigo, mas eu sinto-me magoada. Ele não confia em mim só porque eu sou uma criança?

- Vocês estão tão preocupados, mas até parece que eu iria mandar a minha filha para o perigo sem prepará-la. O meu pai disse, chamando a atenção para ele. Reparei que ele esticou um braço na minha direção, fazendo-me levantar e ir até ele. Como é óbvio, vamos arranjar um objeto que não te será tirado onde possas colocar o que tens no medalhão e numa emergência deves ignorar o disfarce e proteger-te que nós estaremos por perto. É verdade. Eu não sou a única que tinha um plano. O Caitel nunca faria esta proposta sem ter um plano e achar que eu estou pronta.

- Caitel, o que pensas que vamos fazer se chegarmos tarde demais? Já pensaste que eles podem matá-la antes de chegarmos? O Hiroshi disse sério, enquanto eu sentava-me no colo do meu pai.

- Hiroshi. Ela é minha filha. O que o meu pai quer dizer com isto? É óbvio que eu sou filha dele, mas o Hiroshi sabe disso... ou será que ele está a esquecer-se disso e o meu pai percebeu?

- Ela também é filha da Imperatriz Amelie. O Felix disse, surpreendendo-me. O que se passa aqui? Não entendo nada.

- Está certo, os meus pais são o Imperador e a Imperatriz de Anglia. Todos nós sabemos disso, agora porque estão falando disso? Perguntei irritada. Todos sabem quem são os meus pais e isto não tem haver com o assunto que estávamos a discutir.

- A princesa não entendeu. O Caitel disse que eras filha dele numa forma de dizer que não irás morrer tão facilmente. E quando o Feliz relembrou a tua mãe, foi por causa de ela já ter morrido. Eu... Eu consigo entender o que ele está a dizer, mas...

- Vocês têm que confiar em mim. Disse irritada, saindo do colo do meu pai. Caso se tenham esquecido, quando vocês saíram eu estava aqui a dormir descansada, mas quando voltaram já tinha um assassino, desmaiado, no chão. Relembrei-os do que tinha acabado de acontecer. Eu posso ser uma criança, mas é exatamente por isso que eu sou a melhor opção para esta missão. E eu já disse que aceitava fazer isto, por isso acabou o assunto. Assim que acabei, fui buscar o medalhão que deixei cair enquanto dormia e que ainda não tinha colocado ao pescoço.

- Tem razão princesa, nós devemos confiar em si. O Hiroshi disse, enquanto eu colocava o meu medalhão no pescoço.

- Obrigada Hiroshi. Agradeci sem olhar diretamente para ele.

Eu decidi que irei fazer isto e nada vai mudar a minha opinião. Se é perigoso? É óbvio que é perigoso. Eu sei que estarei completamente exposta ao perigo. Ainda mais do que o meu pai, o Hiroshi ou até o Felix. Mas eu sei que irei conseguir lidar com isto. Até porque, se eu não conseguisse, como é que seria a herdeira da coroa do Império? Não há melhor treino que este. Eu quero proteger o Império com as minhas próprias mãos. Esta é a minha casa e é por isso que eu desejo protegê-la.

- Então está decidido. A princesa Sakura será a nossa isca para chegarmos aos culpados dos raptos de crianças na capital. O meu pai disse, fazendo o Hiroshi e o Felix concordarem. Agora só falta arranjar uma coisa para eu guardar...

- Pai, eu acho que sei o que fazer sobre o medalhão. Disse, agarrando no medalhão com uma mão. Não seria seguro ter outro objeto menos chamativo com a espada, a adaga e a varinha. Assim que disse aquilo, o meu pai ficou pensativo.

- É verdade. Seria muito arriscado levar outro objeto sendo que eles podem tirá-lo se encontrarem. O Felix disse calmamente. Parece que ele decidiu apoiar-me em vez de ir contra mim.

- É por isso que eu lembrei-me que o Lucas contou-me que existe uma magia em que tem um efeito parecido ao medalhão, mas que era uma forma de invocação. O Lucas tinha explicado que existe uma espécie de magia de invocação em que eu poderia fazer a espada aparecer sem ter o medalhão por perto. Mas como eu não precisava disso, acabamos por ficar só pela conversa.

- Uma magia de invocação? Acho que sei do que falas. É verdade. O Caitel sabe de que magia eu estou a falar. E isso porque a espada que ele usa é exatamente com essa magia.

- Se eu aprender essa magia, já não preciso preocupar-me de carregar o medalhão ou outro objeto comigo. É muito mais prático. Eles não podem recusar.

- Certo. Podes aprender essa magia se o Lucas aceitar ensinar-te. Sorri com aquilo. É claro que ele vai aceitar.

The Loved One - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora