9 - Amigas

5 1 0
                                    

- Como é que vocês descobriram que eu estava na capital? Perguntei olhando diretamente para o Lucas. Tenho a certeza que ele tem culpa total nisso.

- Bem... Como explico isto de uma forma fácil? Ele está a se fazer de idiota? Primeiro avisei ao teu pai que tinhas desaparecido... mas então... fui até ao teu quarto vi o papel que deixaste e então voltei a falar com o teu pai e disse que apenas foste à casa de banho e eu não tinha percebido... Depois usei o feitiço de localização que coloquei nesse medalhão e vim à tua procura com estes dois. Então é por isso que ele sempre reclamava quando eu não usava este medalhão...

- Sinceramente, não é como se eu precisasse que cuidassem de mim. Reclamei enquanto ignorava o facto do Lucas ter usado magia no meu medalhão para saber sempre onde é que eu estava... por agora.

- Claro que não, queria ver como é que saías desta situação se não tivéssemos aparecido. O Yuki reclamou, fazendo-me revirar os olhos. Caso se ele realmente se atrevesse a tocar-me, a Alfa iria matá-lo. Afinal, eu estaria em contacto com alguém que me queria fazer mal. Mas como é óbvio, eu não posso dizer isto.

- Porque saíste daquela forma sem dizer nada? O Alfonse perguntou, tomando a iniciativa para falar comigo pela primeira vez naquele dia.

- Eu acho que disse que estava a dar-vos liberdade para fazerem coisas "que só príncipes fazem" antes de deixar-vos. E lembrei-me do festival, por isso pensei que estaria tudo bem vir aqui passear. Disse olhando para ele e o Yukiya, vendo o momento em que o Yuki fez uma careta de arrependido.

- Com licença... princesa, ainda está a pensar andar mais um pouco pelo festival? A Aria perguntou aproximando-se de mim e eu apenas olhei para aqueles três antes de decidir.

- Sim. Mas não quero a vossa companhia. Afirmei olhando atentamente para os três rapazes.

- Certo, então... que tal se vier connosco? Afinal, é sempre bom ter amigas que podemos conversar. A Sayuri sugeriu no exato momento em que o Lucas e o Yuki iam reclamar da minha decisão.

- É, venha connosco. Assim podemos conversar sobre assuntos que apenas damas podem conversar. Sorri ao ouvir a provocação da Akemi. Ah, se vos fizer sentir melhor, podem seguir-nos... Ela continuou, dirigindo-se unicamente aos rapazes. Mas mantenham-se longe o suficiente para eu não ouvir a vossa respiração.

- Vocês ouviram. Até logo. Despedi-me enquanto refazia a magia para disfarçar a minha cor de cabelo e olhos, antes de abandonar aquela rua com as três raparigas. Obrigada por me convidarem, eu...

- Não. A Akemi parou-me de falar logo no início.

- Não precisa agradecer, deu para perceber que estava chateada com eles. Não consegui discordar daquilo. Eu realmente não queria ter que voltar para o palácio ou ter que andar junto deles.

- Não precisam falar com tanta formalidade. Por favor, Sakura basta. Elas olharam umas para as outras, antes de sorrirem.

- Entendido Sakura.

------**__ ___ __**------

- Isso não pode ser! A Sayuri exclamou, após eu revelar que aqueles três eram as únicas pessoas da minha idade com quem eu conversava.

- É importante para uma rapariga lidar com outras raparigas da mesma idade. Não consegui evitar o riso quando a Akemi continuou o que a irmã dizia. Desde que tínhamos começado a andar pelo festival que notei que elas têm esse vício de terminar as frases uma da outra.

- Tenho que admitir que também concordo. Podes ser uma princesa, mas... todas as raparigas precisam de conversar com outras raparigas da mesma idade. Não com rapazes ou com raparigas mais velhas. A Aria disse com calma, segurando a minha mão enquanto falava. Tive uma ideia. Podes ter amigos de companhia se o Imperador permitir certo?

- Sim... Confirmei, ao lembrar-me que o Lucas usava esse título para explicar a razão de andarmos sempre juntos. Mas senti um medo da ideia que a Aria teve. O que ela anda a planear?

- Então vou pedir ao meu pai para sugerir que eu me torne tua amiga de companhia. Oh, não é uma má ideia. Até seria bom, já que assim ela não pode dizer que é minha irmã quando eu fizer 15 anos.

- É, nós também podemos pedir ao nosso pai. Acho que o meu pai iria permitir se eu pedisse...

- Eu posso pedir ao meu pai para aceitar se ele perguntar-me alguma coisa. Disse com um sorriso, surpreendendo-me quando elas abraçaram-me. Assim que nos afastamos, acabei por andar um pouco para trás indo contra alguém. Desculp... Porque este homem tem o mesmo olhar que o meu pai quando ele fala com qualquer pessoa que não sou eu?

- Posso saber quem és? Oh, aqui está a resposta. Ele pode ter o cabelo castanho e os olhos verdes, mas este homem é claramente o meu pai. Ele tem o mesmo olhar, mesmo comportamento e a mesma voz.

- O senhor não deveria estar a falar com o tio Alex e o Rei de Auron, Papá? Perguntei após deixar um suspiro, vendo o olhar do meu pai acalmar antes de ele abaixar-se.

- Ele é o teu pai? Percebi que as minhas novas amigas estavam surpresas com o que estava a acontecer ali, mas isso não importa agora.

- Devia. Da mesma maneira que tu devias estar acompanhada dos filhos desses dois. Oh, ainda bem que eu saio ao meu pai.

- Mas eu estou acompanhada do Yuki e do Alfonse. E ainda do Lucas. Afirmei com um sorriso, vendo que os três estavam mais ao fundo a olhar atentamente para mim. Eles estão ali. Apontei com um sorriso, vendo o meu pai olhar para trás. Vi quando o Lucas disse alguma coisa, fazendo os outros dois ficarem a olhar para mim à espera de saber se deveriam se aproximar ou não. E como é óbvio, apenas ignorei-os. Já agora papá, queria te apresentar as três raparigas que me ajudaram ainda à pouco. Esta é a Aria Auburne e estas são Sayuri e Akemi Arden. Apresentei, vendo a Aria ficar assustada pelo olhar do meu pai.

- Ajudaram-te em quê? Como explico para o meu pai que deixei-me ser enganada na primeira vez que vim até à capital sozinha e só não revelei quem era tão cedo graças a elas?

- I-Isso... podemos conversar mais logo? Não posso deixar que o meu pai enlouqueça e estrague o festival.

- Claro... Eu vou contactar as casas de Auburne e Arden assim que souber em quê que ajudaram a minha filha. O Caitel disse, pegando-me ao colo e levantando-se. Agora se me permitem, vou levar a minha filha de volta. Senti um leve destaque quando ele dizia minha fazendo-me rir. Mas eu tenho que pensar numa justificação para quando voltarmos para o palácio.

- Majestade... A Aria disse, antes do meu pai ir embora. Eu gostaria de me tornar amiga de companhia da princesa... na verdade, nós as três gostaríamos. Seria muito bom para ela não ter apenas amigos rapazes. Admirei-me com a coragem da Aria. Momentos atrás ela estava com medo do Caitel, mas agora ela até está pedindo-lhe coisas. Isso lembrou-me da Aria do passado, mas de uma maneira diferente.

- Vou pensar nisso. Sem dizermos mais nada, o meu pai saiu dali comigo ao colo, fazendo sinal para aqueles três se aproximarem. Vamos conversar à noite.

The Loved One - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora