Velha Amiga

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7/10

POV Rafaella

Faz cerca de dez horas que eu saí de casa, estou rodando desde então com minha moto, vi pessoas felizes, vi pessoas estressadas, vi famílias e vi solidão. Talvez você se pergunte o por que deu estar como uma louca observando desconhecidos, mas a verdade é que eu já fui todas essas pessoas, eu já fui um membro de uma família feliz, eu já vivi o estresse contínuo, até hoje eu já tinha sido cada uma daquelas pessoas, mas tem uma coisa que eu nunca tinha vivenciado, um sentimento que nunca havia feito parte de mim, em todos esses séculos eu nunca tinha sido parte daqueles que amam, claro que eu amo Manu, eu amo Flavina, mas, não na forma do amor que hoje em dia os humanos chamam de eros, o amor que um homem sente por uma mulher, ou no meu caso uma mulher sente por outra mulher. E é assim observando várias fases de mim mesma em outras pessoas que eu só faço ter mais certeza do que fazer.

Nesse momento é provável que Demetria esteja a caminho, eu raramente conversava com a mesma devido ao fato de que sua cabeça está a prêmio para qualquer um da nossa espécie que seja um devoto ao "reino", e já que Manu é uma sucessora direta ao comando e eu como seu pacto sou igualmente responsável, nossa amizade com a garota não é bem vista. Apesar dessa distância e restrição, Demi sempre foi muito prestativa e preocupada conosco, o motivo dela ter sido banida? Simples ela descobriu um dos segredos que nem mesmo Manu e eu possuíamos, ela descobriu como usar o sangue que ela possuí para criar uma espécie "super força líquida", antes de descobrir isso a mesma vivia de forma comum, se é que isso existe no nosso meio, e de ano em ano ela era submetida a uma retirada de sangue, quando a ela questionava aos superiores sobre o motivo eles diziam que era pelo bem do reino, tudo pelo bem maior. Mas, aí veio a bomba, o único motivo dos membros da corte exercerem tanto controle, era porque eles usavam disso, eles eram compatíveis, assim como Manu é.

Há alguns anos, bem depois de Demetria ter fugido, aconteceu... tinha muito sangue envolvido, quase o suprimento inteiro dos superiores, e Manu e eu fomos encarregadas de dar um jeito na situação, recuperar o sangue, era tudo que importava, era o certo a ser feito, e então recorremos a Demi, tudo que eu precisava fazer era arrancar algumas cabeças e voltar com o suprimento intacto, mas assim que cheguei lá eu vi pela primeira vez, eu tive meu primeiro contato com o amor, com pessoas que viviam o amor, e então as coisas saíram do controle, a força que eu tinha ganho se transformou em descontrole, e aí me pegaram, foram longas semanas, tortura, e quase morte, mas aí Manu me tirou de lá, desde então eu nunca mais tinha tentado aquilo, nunca mais, até agora.

Cheguei em casa e me deparei com três vozes familiares vindas da sala, minha amiga já havia chego, ótimo.

- Rafa? - ouvi a voz de Manu e me dirigi para a sala

- Olá...

- Como você está? - foi a vez de Flavina se pronunciar?

- Pronta. - meus olhos se voltaram para Demetria e uau, ela estava diferente.

- Olá demônia Kalimann - eu consegui sorrir com a gracinha e ela se pôs de pé.

- Quanto tempo... - trocamos um rápido abraço para nos sentarmos logo depois.

- Pois é, as coisas andam agitadas e eu ... bem eu meio que encontrei alguém.

- Sério? E quem seria? - foi a vez da voz de Manu se fazer presente

- Ela não é como nós, na verdade é bem complicado e ...

- Sei que posso entender. - eu disse para em seguida trocar olhares com a garota.

- Ela é uma ... uma Kóri ton lýkon

- Puta que pariu - minha irmã soltou enquanto Manu e eu encarávamos Demi com as expressões congeladas.

- Isso é sério? - Manu perguntou por fim

- Sim, na verdade faz mais de um ano. Ela estava machucada no meio de uma floresta onde eu estabeleci uma casa simples para emergências, e BAM eu a encontrei, aconteceu tudo muito rápido mas, eu estou feliz.

Eu sorri.

- Estou feliz por você.

- Eu sei que está, mas ... vamos ao que interessa, eu trouxe um pouco do que você precisa comigo, porém você sabe dos riscos não é? - eu assenti - e o que te faz crer que aquilo não vai acontecer de novo?

- Eu estava me perguntando a mesma coisa, e finalmente entendi o que estava errado. - vi os pares de olhos apreensivos, e soltei o ar de forma pesada antes de rir baixo. - nós sempre fomos instruídos a ver o sangue, nossa fonte de vida como aquilo que deve estar acima de toda e qualquer coisa, mas eu entendo agora que para se alcançar a força pura, a força implacável, existe algo que deve ser posto antes do sangue. Agora entendo que nossa essência, não é monstruosa e compulsiva, pelo menos não a minha, porque pra mim desde que Bianca apareceu, o amor vem antes do sangue, e é por isso que eu sei que posso fazer isso, eu sei que posso matar todos aqueles filhos da puta.

- Wow nunca esperei ouvir a Dêmonia Kalimann dizer isso - Demi gargalhou e eu soquei seu braço - ouch foi mal, não deu pra evitar, mas vamos lá.

- Flavina, você conseguiu a localização? - voltei meu olhar para minha irmã que assentiu

- Já tenho o endereço, mas não faço ideia que quantos de nós tem no local, creio que são muitos, mas não posso dizer exatamente.

- Tudo bem, a localização já basta. - eu disse por fim.

- E como vai ser? - foi a vez de Manu perguntar

- Eu mato Diogo Merlim, Flavina tira Bianca de lá, Demi acha Iris e Manu me ajuda com os capangas. Se alguém entrar no caminho de vocês arranquem a cabeça, não importa quem seja, eles perderam o direito de viver quando entraram nessa. - as três assentiram e eu me levantei. - Vou pegar algumas coisas que vão ser úteis, encontro vocês no portão ás três da manhã, Demi eu vou tomar a mistura quando chegarmos lá.

- Ok!

- Alguma pergunta? - fitei as garotas e elas negaram, elas estavam acostumadas com isso nos velhos tempos, e eu também. - muito bem, até lá.

Ps: Kóri ton lýkon, é o termo grego para filho dos lobos, ou seja lobisomem

🗼

Boa noite??

Vem aí Operação Resgate da Vampirinha Bia! 


AMOR ANTES DO SANGUEOnde histórias criam vida. Descubra agora