POV BIANCA
Desci do avião com meu celular em mãos, Manu estava me passando o endereço de onde Flavina Kalimann estaria me esperando, Siope estava sendo extremamente importante para todo o plano, ele me buscou na Espanha, depois que eu acabei a primeira parte do processo ele me ajudou a me adaptar a todas as sensações que uma simples caminhada pela cidade podia me causar, e assim que eu consegui me manter sob controle ele decidiu falar com Manu, que providenciou nossa volta imediata para o Rio de Janeiro, segundo o que eu ouvi na ligação entre meu novo amigo e a mulher que estava com Rafaella agora, amanhã é o dia do casamento, ou seja, eu tenho menos de 48 horas para convencer Flavina a me aceitar, ótimo ... nada demais.
Siope me chamou para que entrasse num carro que estava a nossa espera, eu estava ansiosa para conhecer a irmã de Rafaella. Como será que ela é? Será que é tão linda quanto a irmã? Fiquei alguns minutos pensando sobre aquilo, mas meus pensamentos foram interrompidos por uma ligação, o número era desconhecido, porém não exitei em atender, o medo já não era algo tão presente no meu cotidiano, desde aquele quarto, desde aquelas dores.
- Alô?!
- O..oi Bianca, é você mesma? - uma voz masculina soou baixo do outro lado da linha, eu não reconheci de imediato, mas algo naquela voz me incomodava.
- Quem gostaria?- Sou eu Bia, Diogo, eu senti tanto a sua falta e...
- O que você quer? - minha voz soou cheia de nojo, era inevitável expressar o quanto ouvir a voz dele me desagradava, afinal ele foi o responsável por uma das piores experiências da minha vida antiga.- Eu preciso que você diga que vai me dar mais uma chance, preciso que você me escute, eu.. - um riso alto escapou da minha garganta, era hilário ouvir aquilo, e mais ainda pensar que ele realmente achava que bastava algumas desculpas esfarrapadas pra apagar tudo o que aconteceu.
- Eu não tenho tempo pra isso.
- Bianca, eu não vou pedir de novo eu ...
- Não peça, não me procure, e de preferência nem respire.
Encerrei a chamada antes que pudesse me aborrecer ainda mais, tudo que eu menos precisava era estar com o humor negro durante minha primeira conversa com uma garota que estava no meio de uma crise que podia mata-la. Respirei fundo várias vezes, olhei para a marca temporária que cobria a base do meu tórax e trarei de ajeitar minhas roupas para cobri-la, segundo Manu, até eu fazer o pacto eu fritaria no Sol sem aquela marca, e isso é sem dúvida algo que eu não quero testar. Eu estava vestida para passar firmeza para Flavina, e isso para o "povo" dela, que é o meu agora significava estar "gótica". Eu estava com uma calça jeans preta extremamente colada que tinha o cós um tanto baixo, saltos também pretos nos pés e um cropped branco que ia até um pouco acima do meu umbigo, contrastando com minha jaqueta de couro preta. Eu nunca me vestiria assim a algumas semanas, começando pelos saltos que eu só usava quando extremamente necessário já que eu não tinha tanto equilíbrio, porém isso já não é mais um problema.
O carro diminuiu a velocidade consideravelmente até finalmente estacionar em frente a uma construção que parecia inabitada. Com certeza ninguém procuraria uma pessoa num lugar como aquele. Siope e eu descemos do carro e caminhamos até a entrada, quando fizemos menção de abrir a porta, a mesma se abriu mostrando o rosto de uma Manu que parecia muito preocupada.
- Finalmente, vocês demoraram muito, Fla não está nada bem.Engoli seco temendo pela irmã de Rafaella, e a sensação só piorou quando eu coloquei meus olhos na garota que estava amarrada em uma cadeira que parecia ser feita de um metal extremamente resistente, ela se debatia e dizia coisas desconexas e entre todas as coisas, ela implorava pela morte várias vezes consecutivas, até que seus olhos pararam nos meus, Flavina Kalimann é uma garota extremamente linda, seus cabelos castanhos mais escuros que os da irmã mais velha caiam sobre os ombros, ela possuía marcas na face, com certeza não está se alimentando e seus olhos passavam todos os sentimentos possíveis, menos tranquilidade. Olhar pra eles era como receber uma mensagem direta do interior dela que gritavam por socorro.
- Bianca, essa é Flavina Kalimann, Fla essa é Bianca Andrade.
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AMOR ANTES DO SANGUE
Fiksi PenggemarBianca odiava as aulas de economia e para ela era apenas "aquela droga de matéria insuportável", até que um dia tudo mudou. "Aquela professora, aqueles olhos verdes com ar de sobrenaturais, aquela troca de olhares, o jeito que ela me fez tropeçar...