Capítulo 2

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Andámos silenciosamente pelos corredores do Hotel. Michael seguia atrás de mim, enquanto eu conseguia ouvir os passos dele.

Deparámo-nos con as portas da casa de banho fechadas, pois tinham sido limpas havia pouco tempo.

- Porra estão fechadas - disse ao tentar bruscamente abrir a porta da casa de banho feminina e seguidamente da masculina.

- Deixa estar o sabão não é assim tão importante. Eu desenrasco-me sozinho não te quero dar mais trabalho. - pareceu-me que Michael me estava a despachar e pensei que ele talvez não quisesse a minha companhia.

- Se não queres a minha ajuda é só dizeres... - disse amuada.

- Não... desculpa se te dei uma impressão errada. As tuas tentativas de ajuda, embora um pouco falhadas, estão a ser um esforço fantástico, mas apenas não queria que te sentisses obrigada a ajudar-me.

- Claro que não me sinto obrigada Michael. Agora anda comigo, vamos buscar a porcaria do sabonete às casas de banho do andar de cima. - estava decidida a causar a melhor impressão a Michael, embora as palavras me saíssem com um pouco de brusquidão.

Agarro na mão do Michael e puxo-o enquanto andava. Quando me apercebi que estava de mãos dadas com ele, o que não devia ter acontecido, olho para trás e vejo que esboça aquele sorriso que me simplesmente derrete o meu coração. Olhando-o nos olhos verdes, perguntei:

- Porque é que olhas para mim com esse sorriso?

- Estou feliz. - aquelas palavras, embora proferidas em voz baixa, ecoaram pelo corredor onde nos encontrvamos. Acrescenta seguidamente - Conheci uma rapariga linda e simpática - começo a sentir a minha face a corar - que por acaso tem grandes mamas.

- Michael! - pensava que com uma t-shirt larga não se notariam tanto os meus seios, que eram relativamente grandes. Acabo de conhecer um rapaz e o que ele mais reparava eram os meus seios. Tão embaraçoso.

- Desculpa, nunca te tinham dito?? - esboçava o mesmo sorriso à medida que foi proferindo estas palavras.

- Já mas...

- Então pronto é só mais um rapaz vulgar a dizer-te que tens mamas grandes. - fiquei um pouco chocada, para ser sincera. Será que Michael é apenas um vulgar rapaz igual aos outros, que apenas se interessava por esse tipo de coisas? Ele pareceu tão diferente de todos os outros rapazes que eu já conheci.

A campainha do elevador tocou, interrompendo os meus pensamentos e o silêncio.

Entrámos os dois para o elevador e o Michael carregou no botão do andar 1. O elevador arrancou lentamente, um pouco aos solavancos. De repente, o elevador parou. Michael tinha carregado na alavanca de manutenção que para o elevador.

- Desculpa Jenny eu não sabia - ele falou com sinceridade, logo que eu acreditei nas suas palavras.

- Não faz mal, deixa estar.

- A sério Jenny desculpa. - continuava a insistir. O seu doce e simples sorriso tinha-se agora transformado numa expressão de preocupação.

- Michael, a sério não faz mal. Carrega aí no botão amarelo que diz SOS.

Michael carregou no botão, mas este saltou da parede do elevador para o chão. Estávamos os dois presos num elevador. Eu e Michael, um rapaz atraente e atencioso. Decidi ir ver se tinha rede no telemóvel, para telefonar aos meus pais.

- Porra, porra, porra - exclamei profundamente aborrecida.

- Também não tens rede? - perguntou ele com uma voz calma e limpa.

- Não, parece que vamos ter de ficar aqui até que alguém dê pela nossa falta. - soei aborrecida, mas a ideia de ficar fechada no elevador com Michael não me parecia uma má ideia.

Sentei-me no chão e ele seguiu o meu exemplo. Ficámos sentados um ao lado do outro, de costas para a parede e de frente para o grande espelho. Observava o seu reflexo, achando-o cada vez mais atraente. As suas calças pretas e justas e a sua camisola dos Greenday faziam com que ele tivesse um ar punk rock, mas o seu sorriso simples e humilde faziam-no parecer um pequeno gatinho fofo. A sua voz ecoou pelo elevador.

- Jenny, quantos anos tens? - que pergunta estúpida, pensei para mim.

- 18. E tu?

- Tenho 19. - respondeu. Permanecemos calados durante alguns segundos, até que ele acrescentou - Estava a pensar se... queres curtir comigo?

- Michael! - Exclamei apanhada de surpresa. O rapaz tinha-me cativado desde o início, mas tinha acabado de sair de um namoro que durara 2 anos e ainda não estava pronta para fazer qualquer coisa do género com outros rapazes, por mais atraentes que sejam. Expliquei-lhe tudo da forma mais resumida possível, e ele apenas respondeu:

- Mas isso não quer dizer que mais tarde não possamos curtir, pois não? É que eu acho que ia ser fantástico.

- Sim, não quer dizer que nunca possamos curtir. Só acho que agora não é uma boa altura.

Senti a mão dele a sobrepor-se à minha. Apertámos os dois as nossas mãos uma contra a outra e deixei cair a minha cabeça no ombro dele. Deixei-me estar naquela posição durante alguns minutos, e uma onda de harmonia percorreu o meu corpo. Michael começara a cantar para mim, com uma voz rouca mas linda.

Now we're stuck in the middle of nowhere
Yeah, you know we took our time to get there
We're hiding out in a dream
catching fire like kerosene
And you know I'd never let you down till the sun comes up we can own this town
Something like make believe living in a movie scene

Deixámo-nos ficar os dois, de mãos dadas, à espera de alguém se lembrasse da nossa existência.

west coast hotel {m.c.} || ON HOLDOnde histórias criam vida. Descubra agora