west coast hotel {m.c.} || ON HOLD

Capítulo 3

Michael continuava a entoar aquela linda canção e o tempo ia passando. Sabia-me bem estar ali com aquele rapaz, os dois sentados, sozinhos.

Começámos a ouvir umas pancadinhas na parte de cima da porta do elevador. Michael parou de cantar, largou a minha mão e começou a bater também na porta, gritando:

- Está aí alguém?

- Michael! - respondeu uma voz masculina do lado de fora da porta.

- Luke! Estás aí! - Michael virou a cabeça para mim e esboçou um sorriso enorme.

- Estávamos à tua procura.

- Quem é? - perguntei. A voz do rapaz do lado de fora era muito doce mas um pouco áspera ao mesmo tempo.

- Luke, um dos meus amigos.

- Luke? - gritei eu. - Fazes-me um favor?

- Ei Michael - respondeu luke - quem é essa? - Michael olhou para mim e respondeu:

- Uma amiga.

- Olá amiga do Michael. Que favor é que queres que eu te faça?

- Olá Luke. Abre a portinhola debaixo dos botões do elevador e puxa a alavanca.

Luke deve ter puxado a alavanca e o elevador retomou o andamento. Quando as portas se abriram, um rapaz loiro e alto fitava-me com os seus olhos azuís. Tinha um piercing no lábio e tinha definitivamente pernas melhores do que as minhas.

- Michael, nova namorada? Já não tens ninguém há algum tempo.

- Não é nada namorada. É só amiga - disse ele, apesar de ainda há pouco ter dito que gostaria de curtir comigo. Realmente pareceu-me um pouco estranho quando ele fez essa pergunta, mas agora associo ao facto de ele já não estar há muito com uma rapariga. Talvez até tivesse perdido o jeito.

- Não ma vais apresentar? - Luke esboçou um sorriso.

- Luke esta é a Jenny, Jenny este é o Luke, o maior idiota que alguma vez vais conhecer na vida. - Michael apontou para mim e seguidamente para Luke.

- Ele também não é lá grande coisa, se queres que te diga - replicou Luke.

- Ele é simpático sabes... - não ia começar a enumerar as mil e uma qualidades que via no Michael, por isso fiquei-me pelo adjetivo simpático, que me pareceu adequado à situação.

- Vez eu sou simpático Lukeyzinho... - Michael encaminhava-se para Luke com os braços abertos, mas Luke apenas enterrou a cara nas duas mãos e abanou a cabeça. Michael deu-lhe com o punho na nuca, despenteando os seus cabelos loiros e perfeitamente penteados.

- Então como é que acabaste com esta beleza? - Luke fez um gesto com a cabeça em direção a mim.

- Ei não lhe chames isso - defendia Michael - Eu deixei cair a sidra... Porra a sidra! Esqueci-me completamente.

- Eu vou buscar o sabão sozinha, se tiveres coisas para fazer com o Luke - disse eu, na esperança de que ele me quisesse acompanhar.

- Não vais nada sozinha Jenny, eu vou contigo - disse rapidamente Michael. Ainda bem que ele assim decidiu, porque me apetecia mesmo passar mais algum tempo com ele.

Despedi-me do Luke e saí da zona do elevador com o Michael. Apenas trocámos algumas palavras pelo caminho, nada de muito interessante. Depois do longo corredor do primeiro andar, virámos à esquerda e depois à direita, até que chegámos à casa de banho.

Entrámos os dois para a parte partilhada da casa de banho, onde se encontrava uma grande fileira de lavatórios. A acompanhar a fileira de lavatórios, um espelho enorme cobria a maior parte de um dos lados da parede. O lado pararelo ao espelho encontrava-se coberto de azulejos azuís, mas era totalmente livre de qualquer mobília, com exceção de um pequeno caixote. Foi aí que eu me encostei, enquanto Michael procurava uma barrinha de sabão nas gavetinhas dos lavatórios. Todos os quartos têm a sua própria casa de banho privativa, mas a casa de banho de cada piso também tinha os bens necessários à higiene básica.

Dei com o Michael a olhar para mim através do reflexo do espelho. Os seus olhos verdes esmeralda brilhavam e as suas faces estavam rosadas. Senti também as minhas a aquecer e o meu coração batia cada vez mais rápido.

- Sabes - murmurou Michael - aquilo que eu disse há pouco sobre eu querer curtir contigo? Hannn... saiu-me mesmo da boca para fora, eu não queria dizer aquilo.

- Não te preocupes Michael eu não levei a mal. - disse tranquilamente.

- Mas eu quero que percebas que eu não costumo ser assim tão descarado e insensível. - eu permanecia calada a olhar para ele através do reflexo do espelho, admirando a sua humildade - É só porque eu já não saio com raparigas há muito tempo, e quando te vi senti que houve uma ligação entre nós os dois e olha, saiu-me aquela porcaria. - A voz de Michael sumiu-se nestas últimas palavras. Parecia frustado, por isso tentei transmitir-lhe algum conforto com as minhas palavras, dizendo-lhe que não fazia mal, que eu também não tenho muito jeito com pessoas do sexo oposto e que também sentia que havia qualquer sentimento repentino entre nós os dois. Mas ele continuou:

- Mas é que eu fiz má figura, agora deves ter ficado com uma péssima impressão sobre mim, a nossa pequena e perfeita ligação fica por aqui, só devido ao meu estúpido atrevimento e mau jeito com raparigas. - Virou-se diretamente para mim. Tinha os olhos vidrados e as suas faces estavam agora vermelhas.

Nem pensando bem, agarrei-me a ele com todas as minhas forças e abracei-o. Coloquei as minhas mãos no pescoço dele, e Michael colocou juntou os seus braços atrás da minha cintura. A minha cabeça encontrava-se encostada ao seu peito, o que me permitia ouvir as batidas rápidas do seu coração. Tudo aquilo que eu tinha pensado acerca de ter saído de uma relação longa há pouco tempo ( sete meses, que afinal não era assim tão pouco tempo, para ser exata) já não me importava. Todo aquele turbilhão de sentimentos que Michael me transmitia era simplesmente maravilhoso. Os seus braços apertavam a minha cintura contra ele, à medida que ele apoiava a cabeça no meu ombro. Apenas murmurei:

- Obrigada.

Olhei para cima, obrigando-o a retirar a cabeça do meu ombro e a fitar-me. Agarrou gentilmente na minha face com as duas mãos, inclinou-se e beijou a minha testa. Encostei de novo a minha cabeça ao peito dele, esperando nunca mais sair dali.