(Capítulo 23) O que eu fiz para merecer?

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– É assim? Assim que você quer mon petit?

Lágrimas escorriam abundantemente pelo rosto de Âmber enquanto tentava respirar através dos dedos de Rupert.

– Linda, linda, linda! – A respiração dele era pesada.

Com dificuldade ela tentava enxergar a direção da porta através do prisma líquido que nublava seus olhos.

– Você é perfeita... – Uma das mãos dele deslizava por seu pescoço enquanto a outra subia por sua perna. – Esses cabelos vermelhos, esses olhos maravilhosos, esse perfume... Ah... – Ele inalou o ar próximo ao seu ouvido – Por que me provoca tanto mon petit?

Com um gesto desesperado, Âmber mordeu os dedos sobre a sua boca e se atirou da mesa onde estava sendo prensada pelo corpo muito mais pesado que o seu, caindo de cara no tapete.

– Onde pensa que vai garotinha? – Ele a puxou pelo rabo de cavalo com uma força descomunal – Você me seduz todos esses anos e agora quer sair sem terminar o que começou?

– Não, eu não... – Ela tentou dizer enquanto chorava descontroladamente.

– Sim, você sim. Acha que não percebi as roupinhas que sempre usou para vir aqui? Aquelas meias compridas e aquelas saias plissadas com a blusinha branca...Hummm... Você sempre foi maravilhosa!

– Me solta! – Ela tentava sem sucesso chutá-lo, no momento em que ele a arrastava de volta até a mesa – Aquele era meu uniforme do colégio seu monstro demente! Eu era só uma criança!

– Uniforme? Sei... – Ele a empurrou sobre a maciça mesa de carvalho – Não me venha com essa! Sei que se arrumava pra mim! Estava pedindo para que eu a tomasse!

– Seu doente! Me larga! Socorrr... – Seus gritos de horror foram abafados quando, mais uma vez, ele tapou sua boca com a mão.

Com toda a energia que conseguiu reunir, movida pelo terror, ela cravou as unhas atrás do pescoço de Rupert, arranhando-o e o fazendo sangrar. Ele então se afastou um pouco e Âmber aproveitou a distração para pegar uma taça que estava próxima a ela, sobre a mesa, para acertar a mão que ainda a segurava com força.

– Sua vagabunda! – Ele atingiu-a com um tapa sonoro na pequena face vermelha de tanto chorar – Acha que eu sou o quê? Pensa que vai me manipular? Você vai terminar o que começou!

Com um puxão, Rupert rasgou a blusa da garota, enquanto ela sentia seu âmago explodir de tanto desespero.

E ali, naquele escritório, ele a violentou sem piedade, destruindo seu corpo e todos os sonhos juvenis que existiam em sua mente.

Quando tudo terminou, Âmber olhou na direção do crápula e, ainda zonza e banhada de sangue pela violência absurda que sofreu, percebeu atordoada que ele revirava sua bolsa, jogando seus pertences no chão.

– O que pensa que está fazendo? – Uma voz perguntou da porta.

– Saia daqui! Isso não é assunto seu!O homem respondeu

Silêncio tomou conta do ambiente.

– Você...Você...

– É! Eu fiz isso mesmo que você está vendo! – Rupert vociferou – Agora some daqui!

Atordoada pelas pancadas que havia levado na cabeça, a menina de dezessete anos não conseguiu discernir se era um homem ou uma mulher que havia falado com ele. A voz parecia grossa e arrastada, mas como um zumbido tinia em seu ouvido, ela não teve certeza se escutava direito.

Aquelas Palavras - Série Case-se Comigo - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora