(Capítulo 27 ) Um marido fictício

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Após ouvir as teorias do Dr. Stone, Edward retornou para o interior da mansão acompanhado pela esposa.

As novidades a respeito de seu estado de saúde, que ele jurava ser uma intoxicação alimentar a princípio, tiraram dele a alegria recém-reencontrada.

Confuso com o que aquilo significava e precisando ajeitar os pensamentos, pediu ao médico que não levasse o assunto às autoridades por enquanto. Necessitava de tempo para entender a situação e agir com cautela, já que não tinham provas e prender a pessoa errada poderia culminar em um novo ataque do real culpado.

Só continuaria a se alimentar porque Greta prepararia todas suas refeições pessoalmente, do contrário, viveria de fast-food até que encontrasse uma solução para o problema.

Mesmo que ser quase envenenado fosse terrível, a pior parte de tudo isso era pensar na possibilidade de Âmber estar envolvida.

Agora que seu corpo havia acelerado o ritmo de sua necessidade latente dela, estava realmente encrencado.

Enquanto tinha mantido a distância segura da esposa conseguia se controlar com maestria, mas após baixar as defesas, mesmo que momentaneamente, tudo tinha ido por água abaixo.

Quando retornaram para casa, a atenção de sua mulher havia sido roubada por Greta, que queria sua autorização para realizar mudanças no layout da cozinha.

Embora Âmber tivesse insistido que ela tinha carta branca para mudar o que quisesse, a mulher a arrastou cozinha adentro, deixando Edward sozinho com seus pensamentos perturbadores. Ele subiu então para o quarto e tomou um banho gelado, enquanto tentava organizar a sua mente.

Era perfeitamente possível que a esposa o quisesse fora do caminho para seguir sua vida devotada à lembrança do grandioso Rupert.

Contra essa possibilidade, havia o fato de que ela chorara tanto por ele e o beijara com tanta voracidade naquela tarde, que parecia impossível que o quisesse mal.

No entanto, latejava dentro dele a incerteza já que – como havia predito aquele crápula em sua carta derradeira – Âmber o procurou e quis se casar com ele a qualquer custo.

Mas, se algo acontecesse com ele antes dos cinco anos que levaria para ter acesso total a herança, ela não seria herdeira do patrimônio dos Baudelaire.

Nada parecia fazer sentido. Aparentemente faltavam partes dessa equação.

Voltando para a cama, ele tentou inutilmente cochilar. Em seguida, fez alguns exercícios básicos no chão para manter o abdômen trincado que conquistara a duras penas.

Folheou então novamente o livro que havia tentado devolver para a esposa no dia da discussão no escritório e não conseguira.

Parou em uma página que lhe chamara a atenção: o relato do estupro de uma jovem de dezessete anos.

"Suas mãos eram pesadas como o chumbo e por mais que eu tentasse me livrar de suas garras era uma tentativa inútil e exaustiva. Enquanto aquele ser nojento rosnava em meu ouvido, minhas pernas tentavam reunir energia para acertar-lhe um chute que o afastasse de mim por ao menos alguns segundos. Essa era minha única esperança... Lamentavelmente, porém, ele tinha o dobro de meu tamanho e força, por isso ao mesmo tempo em que eu me debatia e gritava, aquele monstro rasgava meu corpo intocado, fazendo-me sentir uma dor que eu jamais esqueceria..."

– Se eu fosse o advogado dela... – Sussurrou com indignação –... Te acharia no fim do mundo para acabar com a tua raça, seu maldito.

***

Cansada das explicações sobre onde ficaria cada um dos móveis no novo desenho que Greta planejara para a cozinha, Âmber subiu as escadas duas horas depois que entrara na Mansão Baudelaire, se perguntando como uma tarde tão perfeita podia ter acabado tão mal.

Aquelas Palavras - Série Case-se Comigo - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora