(Capítulo 25 ) O culpado está entre nós

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Assim que tiveram certeza que Edward estava bem, Âmber e o médico saíram do quarto dele e desceram até a sala de estar para conversar.

– É um prazer revê-la senhora, mesmo que em circunstâncias tão desagradáveis. – Ele a cumprimentou.

– Igualmente, Doutor. – Ela sentou-se em uma poltrona e esfregou os joelhos com as mãos de maneira ansiosa.

– Entendo que esteja aflita com a situação, mas lhe garanto que Edward já está fora de perigo.

– Eu agradeço muito! – Ela disse após suspirar – Se não fossem seus esforços em chegar aqui a tempo, eu nem sei o que teria acontecido...

– Não precisa agradecer. Eu faria qualquer coisa para salvar o pobre Ed. Ele é uma das melhores pessoas que já conheci.

Ouvir aquilo fez com que uma lágrima rolasse pela face de Âmber.

– Sim. Ele é uma pessoa absolutamente maravilhosa. Eu... Eu...

– Você o ama muito. Nem precisa me dizer isso. Em seus olhos é possível ver o amor transbordando. Nos votos do casamento ficou muito claro o carinho que tem por ele. – Disse o médico, que também estava entre os convidados.

Aquilo fez com que ela desabasse no choro, tapando o rosto com as mãos.

– Ah, Dr. Stone...

– Calma menina. Ele está bem e vai se recuperar. Não chore, pois temos um assunto muito urgente para tratar: alguém desta casa tentou envenenar Edward.

Aquela declaração caiu sobre Âmber como uma bomba.

– Como é?! – Ela questionou sentindo o coração apertar. Não pode ser! O senhor tem certeza?

– Infelizmente, sim. – O médico respondeu encarando o chão – Ele deve ter ingerido alguma substância em algo que comeu ou bebeu e não me parece possível que seja um envenenamento acidental. Preciso que me diga exatamente o que ele ingeriu antes de se deitar. Pelos sintomas, o veneno é de ação gradual, então tem que ser algum alimento ou bebida consumido algumas horas antes do sono.

– Ele jantou comigo esta noite, na sala de jantar. Comeu a comida preparada pela cozinha da casa e eu comi exatamente as mesmas coisas.

– Beberam o mesmo também?

– Não... Eu não bebi nada, mas ele bebeu vinho.

– Então é possível que o veneno estivesse na bebida que lhe foi servida. Quem o serviu?

– Eu não me lembro ao certo. Haviam vários empregados servindo os pratos e o mordomo os auxiliava. Não consigo me lembrar de quem encheu a taça. – Ela disse enquanto forçava a memória.

– Ele reclamou de algo enquanto bebia?

– Não. De nada. Mas, no fim do jantar reclamou de estar muito cansado e sonolento, tanto que adiou uma conversa que teríamos para se deitar e...

Âmber levou as duas mãos à boca sufocando a vontade de gritar. Sua garganta ficou seca e suas pernas começaram a amolecer.

No exato instante em que citou a conversa que teriam, ela entendeu tudo.

"Se procurar a polícia, antes que termine seu depoimento eu já terei terminado com eles. E quando eu me for, eu cuidarei para que meus olhos permaneçam sobre essa terra por meio de alguém leal a mim. Não ouse testar minha capacidade de fazer o que estou falando. Eu não pouparei absolutamente ninguém e começarei pelo seu adorado Edward. Entendeu?" – As palavras de Rupert ecoaram em seus pensamentos.

Era isso.

Aquele monstro sem piedade havia cumprido o que dissera e tinha alguém que, a seu mandado, envenenara Edward assim que ela tentara contar-lhe sobre o que o tio havia feito.

– Senhora Baudelaire... Está tudo bem? – A voz do médico cortou seus pensamentos.

A vontade de Âmber era abrir o coração e dividir com o bondoso senhor tudo o que a sufocava.

Entretanto, sabia que se tentasse novamente pôr para fora todo o seu sofrimento, algo aconteceria. Aquela maldita casa ainda tinha a influência de Rupert e ela não podia arriscar a vida de Ed mais uma vez.

– Está sim. Eu apenas estou muito abalada com tudo isso.

– Sim, e com razão. Creio que devemos chamar a polícia.

– Não! – Ela se exaltou.

– Não? – O doutor a encarou com estranheza.

– Sim... Quero dizer, não. Eu acho que se alardearmos o ocorrido, isso pode espantar o culpado e tornar mais difícil pegá-lo.

– Sei...

Percebendo que o médico estava confuso com a reação, Âmber se apressou em corrigir qualquer engano.

– Dr. Stone, eu jamais faria qualquer coisa para prejudicar meu esposo. Apenas tenho medo que levar isso às autoridades nos coloque em uma situação ainda pior. Não fazemos ideia de quem fez isso e antes de conseguirmos alguma prova, essa pessoa pode tentar atacar novamente. Ainda estou em choque, preciso pensar para tomar uma decisão sensata. – Ela disse torcendo para que ele acreditasse em seu argumento.

– Acredito que tem razão. Mesmo assim, lamentavelmente, eu preciso perguntar: a senhora acha que alguém nesta casa teria motivos para tentar se livrar do Senhor Edward?

– Eu não sei dizer. – Ela dissimulou – Passei muito tempo fora e a equipe de empregados desse lugar é gigantesca.

– Certo. Bom, façamos o seguinte: tem alguém em que poderia confiar para preparar as refeições dele enquanto tento descobrir alguma pista sobre isso?

– Apenas uma: Greta. Ela criou Ed praticamente como mãe. Creio que ela seja a pessoa certa para cuidar disso.

– Sim, sim. É uma boa ideia. Vou falar com ela, se me permitir, e passar instruções para uma alimentação restrita. Farei com que me garanta que preparará a comida dele com as próprias mãos. Direi que são ordens suas.

– Claro, faça isso.

– Perfeito. Se vir ou ouvir qualquer coisa que possa dar algum indício de quem fez isso, me ligue imediatamente.

– Pode deixar.

O velho médico então partiu para procurar a governanta, enquanto Âmber permanecia atônita, sentada imóvel na poltrona.

A partir daquele momento, decidiu que jamais tentaria de novo falar sobre o ocorrido.

Tinha muito a perder se fizesse isso e não podia nem mesmo imaginar a possibilidade de deixar Edward à mercê da maldade de Rupert novamente.

Ela o protegeria a qualquer custo, por mais que isso fizesse com que ele a odiasse ainda mais.

No fim das contas, o que realmente importava era que seu grande amor estivesse são e salvo.

Aquelas Palavras - Série Case-se Comigo - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora